domingo, 7 de dezembro de 2008

METAMORFOSES DO CAPITAL MUNDIALIZADO

Capítulo 2 –
As metamorfoses do capitalismo mundializado

(Helder Molina)
Capítulo 2, parte 1, de minha dissertação de Mestrado em Educação - UFF.

O espectro do capitalismo ronda o mundo, o espectro da miséria social e moral, da degradação da natureza e recursos essenciais à continuidade da vida no planeta, como diz Sader (2002:159) )
“Um fantasma ronda o mundo – o fantasma do capitalismo. Para persegui-lo se unem os trabalhadores e seus sindicatos, os cidadãos e o Estado de direito, os artistas e intelectuais com sua independência de criação e de crítica, os estudantes e os jovens que buscam emprego, os idosos, os negros, as mulheres, os índios, os homossexuais, os deficientes físicos, as nacionalidades oprimidas, os países espoliados e endividados.
No capítulo anterior tentamos fazer uma um estudo teórico político sobre a contradição presente entre a concepção do trabalho em sua gênese ontológica e histórico social e suas formas históricas. Nele, analisamos o seu sentido emancipatório, sua centralidade na vida social e sua apropriação pelo capital, o assalariamento e sua crise, polemizamos com as apologias do fim do trabalho e a insuficiência material de suas teses. Na parte final discutimos algumas alternativas à crise do assalariamento e da chamada sociedade industrial, ou sociedade do emprego, para além do trabalho assalariado.
Neste capítulo, nosso intento é fazer uma breve análise das metamorfoses históricas, econômicas, sócio políticas, culturais, ético estéticas do capitalismo nas últimas décadas do século XX, particularmente nas de 1980 e 1990. Procuramos situá-las na totalidade das relações sociais, considerando a mundialização do capital e suas atuais formas sociais e ideológicas de produção e reprodução – a chamada globalização, ou neo imperialismo, como afirmam alguns autores, como Petras (1998), a crise do Estado de Bem Estar Social e a hegemonia do “novo liberalismo”. Metamorfoses estas que se refletem nas condições de vida da população do planeta, em geral, e do Brasil.
A principal referência nessa análise é a perspectiva da totalidade. Nessa perspectiva, coerente com método materialista histórico dialético, buscamos alcançar o conhecimento da realidade, do concreto, além da aparência e no seu movimento, negando a interpretação superficial, procurando na materialidade as contradições e as mediações do que estamos investigando com a totalidade das relações sociais na sociedade analisada, com seus vínculos econômicos, políticos e culturais, nisso, presenciamos uma “rica totalidade de determinações e revelações diversas” (Marx, 1982: 14)
Captar o objeto em sua totalidade, num complexo geral estruturado e historicamente determinado
“...nas e através das mediações e transições múltiplas pelas quais suas partes específicas ou complexas – isto é, as ‘totalidades parciais’ - estão relacionadas entre si, numa série de interrelações e determinações recíprocas que variam constantemente e se modificam (...) e não podem ser avaliados, exceto em relação a apreensão dialética da estrutura da totalidade.” (Bottomore, 1988:381).
Lowy tem a totalidade com parte da realidade, assim sendo
“a categoria metodológica da totalidade significa a percepção da realidade social como um todo orgânico, estruturado, no qual não se pode entender um elemento, um aspecto, uma dimensão, sem perder a sua relação com o conjunto” ( 1998:16).

Luckacs entende que
“a concepção dialético-materialista da totalidade significa, primeiro, a unidade concreta de contradições que interagem (...) segundo, a relatividade sistemática de toda a totalidade tanto no sentido ascendente quanto no descendente ( o que significa que a totalidade é feita de totalidades a elas subordinadas, e também que a totalidade em questão é, ao mesmo tempo sobredeterminada por totalidades de complexidade superior...) e, terceiro, a relatividade histórica de toda totalidade, ou seja , que o caráter de totalidade de toda totalidade é mutável, desintegrável e limitado a um período histórico concreto e determinado.”( Luckacs, 1948:12, Apud. Bottomore1998:38)
Para Franco(1990), mesmo concebendo as totalidades relativas, cada uma delas é constituida por partes interrelacionadas. No materialismo histórico, as partes não são elementos simples, isolados, são processos sociais complexos, mediações históricas.

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