segunda-feira, 24 de agosto de 2015

EMAS E CONTEÚDOS - CURSOS E SEMINÁRIOS DE FORMAÇÃO POLÍTICA E SINDICAL

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1 – Relações Humanas, Trabalho Coletivo, Gestão e Administração Sindical
• Ética, relações interpessoais, trabalho coletivo, respeito à diferença,
• O que é sindicato, seu papel na sociedade, a conquista dos direitos sociais, o trabalho no serviço público, o papel do Estado e do Serviço Público
• Relação entre estudo, trabalho e formação humana: Construção de uma ética solidária e participativa.
• Relações sindicais em tempo da mercantilização da vida: Deformações e burocratizações presentes no sindicalismo hoje
• Adaptação do movimento sindical à lógica burguesa da competição, individualismo e pragmatismo.
• Planejamento de Ações
• Concepção, Estrutura Sindical, e Organização por Local de Trabalho,
• Organizar, planejar, definir prioridades de uma gestão sindica
• Melhorar a relação política: Direção x base x direção x sociedade
• Metodologia de Avaliação coletiva,



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2 – A Relação entre Sindicatos, Movimentos Sociais e Governos, hoje!
Ø Uma abordagem sobre étíca, solidariedade, construção coletiva, relações humanas (interpessoais),
Ø Prática do(a) dirigente e militante sindical,
Ø A questão da participação política e
Ø Papel dos movimentos coletivos pela
Ø Cidadania ativa e direitos sociais, gênero, igualdade racial,
Ø Políticas públicas, e a relação destes com os sindicatos e movimentos sociais.
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3 - Políticas Públicas, Sindicato e Participação Política.
Ø Formas de Estado no Modo de Produção Capitalista
Ø O Estado no Modo de Produção Socialista
Ø A formação do Estado, poder e serviço público no Brasil
Ø Serviço público, papel do Estado (poder público), políticas públicas,
Ø Participação nos conselhos, fóruns de gestão pública,
Ø A relação entre poder, governo, movimentos sociais e participação política.
Ø A crise atual, neoliberalismo, alternativas
Ø Os sindicatos devem participar do Estado?
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4 - Ética, Relações Interpessoais, Gestão e Prática Sindical, hoje:
Ø Ética, relações interpessoais,
Ø trabalho coletivo, respeito à diferença,
Ø importância do estudo e da formação para construção de uma ética solidária e participativa,
Ø as deformações e burocratizações presentes no sindicalismo hoje,
Ø a adaptação do movimento sindical à lógica burguesa da competição, individualismo e pragmatismo.
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5 - Negociação Coletiva de Trabalho:
Estrutura, processos e simulações da negociação coletiva
Ø As estruturas e os processos da negociação coletiva no Brasil.
Ø As concepções e as experiências em negociação do movimento sindical.
Ø A negociação coletiva no Brasil atual.
Ø Simulações dos processos de negociação, os caminhos, avanços e recuos da negociação.
Ø O que é negociação coletiva, como se constroe uma pauta, passo a passo,
Ø As cláusulas, o que é dissidio, o que é acordo, convenção,
Ø Exercícios práticos de todas as etapas do processo de negociação coletiva (público e privado).













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6 - Movimento Sindical e Capitalismo:
Origens e atualidade da luta de classes e dos sindicatos

Ø O modo de produção capitalista, a contradição capital-trabalho, preço, lucro, mais valia, trabalho assalariado, divisão social do trabalho, mercadoria, alienação. Surgimento das lutas operárias, das idéias socialistas e dos sindicatos. Burgueses x proletários. Luta de classes.
Ø As idéias de Marx e suas contribuições para a luta dos trabalhadores.
Ø A formação da classe trabalhadora brasileira, a partir do fim da escravidão, do início do capitalismo industrial e do surgimento do trabalho assalariado no Brasil.
Ø A contribuição das idéias comunistas, socialistas, trabalhistas e anarquistas na formação do movimento operário e sindical brasileiro,
Ø As diferentes centrais sindicais e organizações operárias que existiram, ou que existem, hoje, no Brasil.
Ø O sindicalismo na Era Vargas, as heranças do Estado Novo na legislação e na estrutura sindical brasileira. > O sindicalismo na Ditadura Militar,
Ø O surgimento do novo sindicalismo, da CUT, e os desafios do sindicalismo nos tempos neoliberais. Ideologia e políticas neoliberais, a resistência dos trabalhadores.
Ø As centrais sindicais: Força Sindical, GGT, CGTB, UGT NCST), CSP/CONLUTAS/INTERSINDICAL e CTB
Ø As concepções sindicais e o sindicalismo diante da conjuntura atual.
Ø Sindicalismo, movimentos sociais e governos Lula e Dilma
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7- Construção de Discurso, Linguagem e Prática de Oratória.
Ø Mídia e movimentos sociais: Ideologia, poder e comunicação
Ø Mídia sindical: O papel das redes sociais, novas mídias eletrônicas como ferramenta de organização e ação política
Ø Técnicas de construção de argumentos (produção de textos).
Ø Teorias e práticas de comunicação oral e/ou escrita para os dirigentes e militantes.
Ø Técnicas e exercícios de discursos, persuasão, retórica, argumentação,(com gravação e análise das imagens e som do(a) orador(a).
Ø O que dizer, como dizer e para quem dizer.
Ø Meios e contéudos da linguagem.
Ø A importância do conhecimento, argumento e inguagem.
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8 - Como Fazer Análise de Conjuntura: Metodologia e Exercícios
Ø Identificando e discutindo o que é conjuntura, infraestrutura e superestrutura.
Ø Os aspectos econômicos, políticos, culturais e sociais que envolvem o contexto em que estamos analisando.
Ø As classes sociais, a luta de classes, a correlação de forças, os aliados, os parceiros e os adversários.
Ø Os diferentes movimentos e projetos políticos em disputa na sociedade.
Ø O papel das mídias, a coerção e o consenso, os interesses de grupos e frações de classe.






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9 - Concepção, organização e ação sindical:
o sindicato e a organização por local de trabalho
Ø O que é sindicato e seu papel na sociedade capitalista
Ø O que é ser dirigente sindical, hoje.
Ø O que é luta de classes, como se manifesta hoje.
Ø A relação sindicato-local de trabalho.
Ø A organização sindical de base.
Ø As diversas concepções sindicais, hoje:
Ø Como diagnosticar os problemas do local de trabalho,
Ø Como atuar no sentido de resolve-los, tarefas imediatas,
Ø Questões de médio e longo prazo, prazos e responsáveis,
Ø A comunicação sindical no local de trabalho, quem resolve,
Ø A legislação sindical, CLT, aspectos de saúde, segurança e condições de trabalho.
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10 – Gestão e Planejamento Sindical: Planejamento Estratégico de Gestão:
Ø DIAGNÓSTICO: Quem somos (missão, meta)
Ø O que fazemos (mapa das atividades, projetos, frentes de atuação)
Ø Quais recursos temos disponíveis. Humanos (nomes, qualificações e funções). Materiais (equipamentos, estruturas móveis e imóveis). Financeiros (orçamento, fontes de receitas)
Ø Políticos (governabilidade, decisão, gestão, capacidade de decidir e agir)
Ø ANÁLISE DA CORRELAÇÃO DE FORÇAS (ALIADOS E ADVERSÁRIOS).
Ø Relacionar e analisar detalhadamente adversários e os aliados, parceiros.
- CONSTRUÇÃO DE UMA ÁRVORE OU UM MAPA DE OBJETIVOS E PROBLEMAS
Ø Localizar e descrever os problemas que impedem a realização de seus objetivos
Localizar, analisar e estabelecer hierarquicamente seus objetivos, por grau de importância – MAPA OU ARVORE DE AÇÕES ESTRATÉGICAS
Ø Desenhar um mapa ou árvores com as ações consideradas estratégicas, isto é, fundamentais, numa perspectiva de olhar o futuro e agir no presente,
Ø – DESENHAR UM QUADRO DETALHADO DAS AÇÕES (OPERAÇÕES)
Ø Ações de curto prazo, de médio prazo e de longo prazo. Prazos para execução
Ø Responsáveis (quem vai executar ou se responsabilizar por encaminhar a execução)
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11 - Direitos dos Trabalhadores, Processos e Condições de Trabalho e
Qualidade de Vida e Assédio Moral
Ø - Modo de produção capitalista, exploração do trabalho e assédio moral
Ø - Lógicas liberal, gestão empresarial, lucro e produtividade
Ø - Conceito de Assédio Moral e suas conseqüência profissionais, físicas e morais.
Ø - Legislação e jurisprudência no enfrentamento do conflito e dano moral.
Ø - Formas de prevenção
Ø - Consequências psicológicas e jurídicas do assédio para a vítima,
Ø - Ação sindical contra o assédio moral
Ø - Convenções da OIT







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12 – Estado, Poder, Hegemonia e Contra Hegemonia no Brasil. O Papel dos Sindicatos e os Movimentos Sociais
• A formação do Estado dos(as) trabalhadores(as), sindicatos, movimentos sociais urbanos e rurais, organizações e partidos de esquerda.
• A construção e desenvolvimento do capitalismo e o papel do Estado e das políticas sociais. A concepção liberal do Estado. O Estado na tradição marxista. Políticas sociais e a construção da cidadania: análise histórica e teórico-conceitual.
• A relação entre trabalho e organização sindical. O sindicato, representação e identidade operária. Concepções e desenvolvimento histórico do movimento sindical no Brasil.
• Movimentos sociais, classes e consciência de classe. Teoria das organizações clássicas dos trabalhadores: partidos e sindicatos. A teoria dos movimentos sociais e o debate dos novos movimentos sociais. Concepções e desenvolvimento histórico do sindicalismo e dos movimentos sociais no Brasil.
• Os papéis e o protagonismo dos movimentos sociais na construção e consolidação dos direitos sociais, da cidadania e democracia.
• A ideologia neoliberal, a reestruturação econômico-produtiva do capital, o projeto de mercado máximo e Estado mínimo, as privatizações, e a resistência dos sindicatos e movimentos sociais a consumismo e da flexibilização.
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13 - Papel dos Representantes nos Locais de Trabalho, Militante e Dirigente Sindical.
Ø Concepção sindical de organização por local de trabalho,
Ø Características, atitudes, perfil, tarefas, exercícios com casos concretos
Ø Como organizar, planejar,
Ø A relação local de trabalho – sindicato, direção > base > direção.

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ECONOMIA POLÍTICA, MODOS DE PRODUÇÃO, PROCESSO HISTÓRICO DA RELAÇÃO CAPITAL-TRABALHO


Helder Molina. Licenciado e Bacharel em História, mestre em Educação. Doutor em Políticas Públicas e Formação Humana. Professor da Faculdade de Educação da UERJ.

Segundo Marx, o conjunto das relações de produção, isto é, as formas de apropriação dos meios de produção existentes num determinado período e correspondendo a um determinado estágio de desenvolvimento das forças produtivas, bem como as formas de troca e de distribuição dos bens produzidos, constitui a «base real» sobre a qual se ergue uma «superestrutura jurídica e política».
Marx inclui no conceito de “base real” o conjunto das “forças de produção” e “relações de produção”, ou seja, a base real é a estrutura das relações de produção que determinam as relações sociais de todo um modo de produção. Ele afirma que esta “base” é a base material para uma superestrutura constituída pelas “idéias” correntes na sociedade. Ele propõe que a sociedade consiste em dois elementos conjugados - um material, a base - e outro ideal, a superestrutura. A base também é denominada de “infraestrutura”, por semelhança com “superestrutura”.
Marx escreveu o seguinte sobre esta idéia: “O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu de fio condutor aos meus estudos, pode resumir-se assim: na produção social da sua vida, os homens contraem determinadas relações necessárias e independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada fase de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais.
O conjunto dessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta a superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social.
O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência. Ao chegar a uma determinada fase de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade se chocam com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais se desenvolveram até ali.
De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações se convertem em obstáculos a elas. E se abre, assim, uma época de revolução social. Ao mudar a base econômica, revoluciona-se, mais ou menos rapidamente, toda a imensa superestrutura erigida sobre ela. […]
E do mesmo modo que não podemos julgar um indivíduo pelo que ele pensa de si mesmo, não podemos tampouco julgar estas épocas de revolução pela sua consciência, mas, pelo contrário, é necessário explicar esta consciência pelas contradições da vida material, pelo conflito existente entre as forças produtivas sociais e as relações de produção. […]
A grandes traços podemos designar como outras tantas épocas de progresso, na formação econômica da sociedade, o modo de produção asiático, o antigo, o feudal e o moderno burguês. As relações burguesas de produção são a última forma antagônica do processo social de produção, antagônica, não no sentido de um antagonismo individual, mas de um antagonismo que provém das condições sociais de vida dos indivíduos.
As forças produtivas, porém, que se desenvolvem no selo da sociedade burguesa criam, ao mesmo tempo, as condições materiais para a solução desse antagonismo. Com esta formação social se encerra, portanto, a pré-história da sociedade humana.” (Karl Marx, Prefácio - Introdução à Contribuição para a Crítica da Economia Política)
O sistema das relações de produção é como se fosse o esqueleto da sociedade, no qual se mantém a sua unidade e integridade. As relações ideológicas dos homens, a sua atividade espiritual, as suas concepções, os seus interesses políticos, os seus ideais morais revestem o esqueleto com músculos e sangue, formando assim um organismo social vivo e em desenvolvimento
Marx afirma claramente existir uma determinação causal da base sobre a superestrutura, enquanto há apenas uma influência da superestrutura sobre a base. Significa isso que os fatores materiais são dominantes, mas de forma alguma seria correto negligenciar ou desprezar os fatores ideais.
O importante nesta análise dialética da relação entre os dois pólos é conceituar a sua relação corretamente. Isso significa que os dois pólos são importantes porque, em primeiro lugar, sem os dois não haveria relação dialética nenhuma. Mas, concretamente, é preciso lembrar o fato evidente de que as idéias e atitudes provocam ações e produção, sem, porém, esquecer o fato ainda mais importante que são estas ações e produção que determinam as idéias e atitudes.

O Modo de Produção na História

O conceito de modo de produção foi desenvolvido por Marx e Engels para designar a maneira pela qual determinada sociedade se organiza visando garantir a produção das suas necessidades materiais, de acordo com o nível de desenvolvimento de suas forças produtivas. Trata-se de um modelo racional abstrato criado com vistas a proporcionar uma análise criteriosa das formações sociais realmente existentes, possibilitando a comparação entre as diferentes sociedades formadas ao longo da história.
É preciso ter claro que o modo de produção ajuda a compreender a realidade, mas não é a realidade. Outrossim, o modo de produção não existe na sua forma pura, pois é possível depreender a presença, nas formações sociais reais existentes, de características mescladas de diferentes modos de produção, a depender do momento histórico estudado.
O modo de produção, portanto, permite compreender a maneira pela qual a sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e os distribui. O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças produtivas e pelas relações de produção existentes nessa sociedade.
Podemos utilizar uma fórmula simplificada, entendendo tratar-se de um recurso meramente didático: modo de produção = forças produtivas + relações de produção. Portanto, o conceito de modo de produção resume claramente o fato de as relações de produção serem o centro organizador de todos os aspectos da sociedade.
A história humana pode ser dividida em períodos relativamente longos de acordo com a estrutura do modo de produção: Comunismo Primitivo; Modo de produção asiático; Escravidão Clássica; Feudalismo; Capitalismo. Na teoria marxista, o modo de produção comunista deverá substituir o capitalismo, mediado por um período de transição, o Socialismo, entendendo que esta substituição não se dará de maneira natural, mas como resultado da intervenção revolucionária consciente dos homens.
As características de cada modo de produção podem ser definidos de acordo com as relações de produção dominantes.
Comunismo Primitivo
O modo de produção primitivo designa uma formação econômica e social que abrange um período muito longo, desde o aparecimento da sociedade humana. A comunidade primitiva existiu durante centenas de milhares de anos, enquanto o período compreendido pelo escravismo, pelo feudalismo e pelo capitalismo mal ultrapassa cinco milênios.

Na comunidade primitiva, os homens trabalhavam em conjunto. Os meios de produção e os frutos do trabalho eram propriedade coletiva, ou seja, de todos. Não existia ainda a idéia da propriedade privada dos meios de produção, nem havia a oposição entre proprietários e não proprietários.
As relações de produção eram relações de cooperação e ajuda entre todos; elas eram baseadas na propriedade coletiva dos meios de produção, com a terra ocupando papel preponderante. Também não existia o Estado. Este só passou a existir quando alguns homens começaram a dominar outros. O Estado surgiu como instrumento de organização social e de dominação. Portanto, como característica fundamental, temos a não existência da propriedade privada nesta formação social, e, consequentemente, como tampouco havia classes, não havia exploração de uma classe por outra – todo mundo trabalhava por si e por todos.

Modo de Produção Asiático

Determinados elementos comuns de organização social, econômica, cultural e política, reunidos por Marx e Engels no chamado modo de produção asiático, podem ser encontrados em sociedades distintas como as do Antigo Oriente Próximo (Mesopotâmia e Egito), assim como nas antigas formações sociais da China, Índia, África e até mesmo na América pré-colombiana, de incas e astecas.
Tomando como exemplo o Egito do tempo dos faraós, a sociedade cujos elementos centrais de organização servem de modelo principal para o modo de produção asiático, vamos notar que a parte produtiva da sociedade era mantida principalmente pelos camponeses, que eram forçados a entregar ao Estado o excedente de sua produção. As comunidades aldeãs, organizadas conforme um sistema coletivo de propriedade, estavam submetidas ao trabalho compulsório (“corvéias”) controlado pelos altos dirigentes do Estado, cujas funções centrais, consideradas nobres naquela sociedade, eram a dedicação exclusiva à religião, à guerra e à administração estatal. Havia escravos, mas a relação principal de domínio se dava entre os ocupantes do Estado, que compunham a elite aristocrática, e as comunidades de camponeses.
Fatores que determinaram o fim do modo de produção asiático foram: o progressivo desenvolvimento da propriedade privada, quando os dirigentes estatais passaram a se apropriar, de forma particular, das propriedades estatais, dos bens produzidos pela sociedade, obtidos através do comércio ou da guerra; o crescimento do comércio e da escravidão; o alto custo de manutenção dos setores improdutivos; a rebelião dos escravos.

Escravismo Clássico

O primeiro modo de produção onde havia o pleno desenvolvimento da propriedade privada e a exploração de uma classe por outra foi o escravismo clássico, cujos exemplos típicos seriam a Grécia e Roma antigas. As duas classes principais eram, de um lado, os donos de escravos, proprietários da terra e, de outro, os escravos que trabalhavam na produção de bens, como máquinas humanas.
Na sociedade escravista, os meios de produção (terras e instrumentos de produção) e os escravos eram propriedade do senhor. O escravo era considerado um instrumento, um objeto, assim como um animal ou uma ferramenta. Identificamos na Grécia e em Roma antigas as sociedades cujas características principais, no que tange à organização econômica, social e política, fornecem os elementos básicos para o escravismo antigo.
Assim, no modo de produção escravista, as relações de produção eram relações de domínio e de sujeição, opondo

senhores a escravos. Um pequeno número de senhores explorava a massa de escravos, que não possuía direito algum. Os senhores eram proprietários da força de trabalho (os escravos), dos meios de produção (terras, gado, minas, instrumentos de produção) e do produto do trabalho.

Feudalismo

A sociedade feudal, predominante na Europa Ocidental medieval, tinha como contradição fundamental a relação entre senhores e servos. Os servos não eram escravos de seus senhores, pois não eram propriedade deles. Eles serviam a seus senhores em troca da ocupação de pequena parcela da grande propriedade senhorial, ou seja, em troca de poderem usufruir de casa e comida.
Os camponeses trabalhavam para garantir a sua sobrevivência e a de sua família, por meio da agricultura de subsistência, e estavam sujeitos a uma série de obrigações para com o senhor das terras, dentre as quais a mais importante era o trabalho forçado em determinados dias da semana diretamente nas terras administradas pelo senhor feudal. A submissão ao senhor também podia se traduzir na obrigação de entregar o excedente da produção agrícola ou, no momento de decadência do sistema, do pagamento de taxas e impostos por dinheiro obtido no comércio dos bens produzidos pelos camponeses.
A exploração senhorial do braço camponês se dava através da coerção extraeconômica, ou seja, por meios não puramente econômicos, através da força das armas e de imposições ideológicas e de ordem cultural-religiosa. Isto porque o camponês, proprietário de fato das terras por ele ocupadas (mas não de direito), exercia o controle dos meios de produção. Somente com o uso superior da força militar e ideológica, o senhor feudal submetia o camponês ao trabalho compulsório e ao conjunto de obrigações servis.
Num determinado momento, as relações feudais começaram a dificultar o desenvolvimento das forças produtivas. Como a exploração sobre os servos no campo aumentava, devido à necessidade crescente de os senhores feudais, para manterem sua posição de domínio, ostentarem luxo e riqueza, elementos simbólicos essenciais numa sociedade aristocrática, o rendimento da agricultura era cada vez mais baixo. Na cidade, o crescimento da produtividade dos artesãos era freado pelos regulamentos existentes e o próprio crescimento das cidades era impedido pela ordem feudal. A crise da sociedade feudal, provocada pelas próprias leis internas ao sistema, abriu caminho para o desenvolvimento progressivo das relações capitalistas de produção.

Capitalismo

No capitalismo, o direito da propriedade dos meios de produção pertence à minoria capitalista, e o trabalhador é obrigado a vender a sua força de trabalho aos membros desta classe em troca de um salário. Uma das características centrais do modo de produção capitalista é a relação assalariada de produção (trabalho assalariado). As relações de produção capitalistas baseiam-se na propriedade privada dos meios de produção pela burguesia, que substituiu a propriedade feudal, e no trabalho assalariado, que substituiu o trabalho servil do feudalismo. Portanto, existem basicamente duas classes sociais: a burguesia e os trabalhadores assalariados.


O sistema capitalista organiza a produção conforme as necessidades da burguesia, detentora dos meios de produção. Trata-se de uma produção essencialmente voltada à acumulação e à obtenção de lucros, com base na exploração dos trabalhadores, os quais encontram-se obrigados, pelas determinações da economia de mercado, a vender sua força de trabalho para sobreviver.
No capitalismo, ao contrário do que vimos no feudalismo, o produtor direto (o trabalhador) deixa de exercer o controle de fato dos meios de produção, ao ser violentamente expropriado deles, no processo de cercamento de terras, ocorrido no campo inglês entre os séculos XV e XVIII. Os cercamentos aconteceram em função do crescente desenvolvimento da produção voltada ao mercado, movida na lógica da competição e do aumento da produtividade, outras características fundamentais do sistema capitalista.
O capitalismo agrário desencadeou um processo de expansão de suas leis de funcionamento ao conjunto da sociedade inglesa, fazendo com que, no século XVIII, os imperativos de uma economia de mercado atingissem a indústria, provocando a chamada Revolução Industrial. Ao longo dos séculos XIX e X, as relações capitalistas desenvolveram-se e se consolidaram em quase todo o mundo.

O desenvolvimento do capitalismo ocorreu por meio de distintas fases históricas:

1) A acumulação primitiva de capital – fase em que, em meio à crise da sociedade feudal e com a sobrevivência de elementos característicos de diferentes modos de produção (servidão em grande parte da Europa, escravidão na África e nas Américas, grande desenvolvimento comercial, manutenção da ordem jurídico-político e ideológica feudal dos Estados Absolutistas), já se desenvolviam relações capitalistas (a exemplo dos cercamentos na Inglaterra e do progressivo desenvolvimento de relações assalariadas em alguns pontos da Europa).
2) Fase de predomínio do capital mercantil na organização da produção: a maior parte dos lucros concentra-se nas mãos dos comerciantes, que constituem a camada hegemônica da parte da sociedade voltada à produção manufatureira e ao comércio, durante a transição do feudalismo para o capitalismo, quando difundem-se as práticas mercantilistas, adotadas pelos Estados Nacionais Modernos na Europa; o trabalho assalariado torna-se mais comum.
3) Capitalismo industrial: com a revolução industrial, o capital passa a ser investido basicamente nas industrias, que se tornam a atividade econômica mais importante; o trabalho assalariado firma-se definitivamente. 4) Capitalismo financeiro: os bancos e outras instituições financeiras passam a controlar as demais atividades econômicas, através de financiamentos à agricultura, a industria, à pecuária, e ao comércio.
O célere desenvolvimento das forças produtivas no capitalismo, a crescente competitividade entre as empresas, a necessidade permanente de investimento em produtividade e de criação de novas formas de dominação sobre os trabalhadores, em decorrência do acirramento da luta de classes, foram responsáveis pelo surgimento de cada vez mais sofisticados sistemas de gerenciamento da produção, importantes de serem estudadas pela possibilidade de se entender, mais profundamente, a lógica de funcionamento do sistema capitalista.
O Taylorismo ou Administração científica é o modelo de administração desenvolvido pelo engenheiro estadunidense Frederick Winslow Taylor (1856-1915), que é considerado o pai da administração científica. Taylor pretendia definir princípios científicos para a administração das empresas. Tinha por objetivo resolver os problemas que resultam das relações entre os patrões e os operários. Como consequência, modificam-se as relações humanas dentro da empresa: o bom operário não discute as ordens, nem as instruções, faz o que lhe mandam fazer.
Aspecto essencial do taylorismo é a organização racional do trabalho, através das seguintes medidas: - Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos: objetivava a anulação de movimentos considerados inúteis pelos capitalistas, para que o operário executasse de forma mais simples e rápida a sua função, estabelecendo um tempo médio de produção. - Estudo da fadiga humana: a fadiga predispõe o trabalhador à diminuição da produtividade e perda de qualidade, a acidentes, doenças e ao aumento da rotatividade de pessoal.

- Divisão mais intensa do trabalho e especialização do operário.
- Desenho de cargos e tarefas: desenhar cargos é especificar o conteúdo de tarefas de uma função, como as executar e como estabelecer as relações com os demais cargos existentes.
- Incentivos salariais e prêmios por produtividade.
- Condições de trabalho: o conforto do operário e o ambiente físico ganham valor, não porque as pessoas merecessem, mas porque são essenciais para o ganho de produtividade. No entanto, a imposição de movimentos repetitivos à exaustão e o controle excessivo dos passos do operário no ambiente de trabalho provocavam cansaço e estresse, prejudicando a saúde do trabalhador.
- Padronização: aplicação de métodos científicos para obter a uniformidade das técnicas e reduzir os custos de produção.
- Supervisão funcional: os operários são supervisionados por supervisores especializados, e não por uma autoridade centralizada.
- Homem econômico: o homem é motivável por recompensas salariais, econômicas e materiais.
- A empresa era vista como um sistema fechado, isto é, os indivíduos não recebiam influências externas. O sistema fechado é mecânico, previsível e determinístico.
Fordismo: idealizado pelo empresário estadunidense Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor Company, o fordismo se caracteriza por ser um método de produção caracterizado pela produção em série, sendo um aperfeiçoamento do taylorismo.
Ford introduziu em suas fábricas as chamadas linhas de montagem, nas quais os veículos a serem produzidos eram colocados em esteiras rolantes e cada operário realizava uma etapa da produção, fazendo com que a produção necessitasse de altos investimentos e grandes instalações. O método de produção fordista permitiu que Ford produzisse mais de dois milhões de carros por ano, durante a década de 1920. O veículo pioneiro de Ford no processo de produção fordista foi o mítico Ford Modelo T, mais conhecido no Brasil como "Ford Bigode".
O fordismo teve seu ápice no período posterior à Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1950 e 1960, que ficaram conhecidas na história do capitalismo como “os anos dourados”. A crise sofrida pelos Estados Unidos na década de 1970 foi considerada uma crise do próprio modelo, que apresentava queda da produtividade e das margens de lucros. A partir da década de 1980, esboçou-se nos países industrializados um novo padrão de desenvolvimento denominado pós-fordismo ou modelo flexível (toyotismo), baseado na tecnologia da informação.
O Toyotismo é um modo de organização da produção capitalista que se desenvolveu a partir da globalização do capitalismo na década de 1980. Surgiu no Japão após a Segunda Guerra Mundial, mas só a partir da crise capitalista da década de 1970 é que foi caracterizado como filosofia orgânica da produção industrial (modelo japonês), adquirindo uma projeção global.
O Japão foi o berço da automação flexível, pois apresentava um cenário diferente do dos Estados Unidos e da Europa: um pequeno mercado consumidor, capital e matéria-prima escassos e grande disponibilidade de mão de obra não especializada impossibilitavam a solução taylorista/fordista de produção em massa.
A resposta foi o aumento da produtividade na fabricação de pequenas quantidades de numerosos modelos de produtos, voltados para o mercado externo, de modo a gerar divisas tanto para a obtenção de matérias-primas e alimentos, quanto para importar os equipamentos e bens de capital necessários para a reconstrução do país no pósguerra e para o desenvolvimento da própria industrialização.

O sistema pode ser teoricamente caracterizado por quatro aspectos:

- Mecanização flexível, uma dinâmica oposta à rígida automação fordista decorrente da inexistência de escalas que viabilizassem a rigidez.
- Processo de multifuncionalização da mão de obra, uma vez que, por se basear na mecanização flexível e na produção para mercados muito segmentados, a mão de obra não podia ser especializada em funções únicas e restritas como a fordista. Para atingir esse objetivo, os japoneses investiram na educação e qualificação de seu povo, e o toyotismo, em lugar de avançar na tradicional divisão do trabalho, seguiu também um caminho inverso, incentivando uma atuação voltada para o enriquecimento do processo de trabalho.
- Implantação de sistemas de controle de qualidade total, pelos quais, através da promoção de palestras de grandes especialistas estadunidenses, difundiu-se um aprimoramento do modelo dominante nos EUA.
Ao se trabalhar com pequenos lotes e com matérias-primas muito caras, os japoneses de fato buscaram a qualidade total. Se, no sistema fordista de produção em massa, a qualidade era assegurada através de controles amostrais em apenas determinados pontos do processo produtivo, no toyotismo, o controle de qualidade se desenvolve pelo envolvimento de todos os trabalhadores em todos os pontos do processo produtivo.
- Sistema just in time, que se caracteriza pela minimização dos estoques necessários à produção de um extenso leque de produtos, com um planejamento de produção dinâmico. Como indicado pelo próprio nome, o objetivo final seria produzir um bem no exato momento em que é demandado.
O Japão desenvolveu um elevado padrão de qualidade que permitiu a sua inserção nos lucrativos mercados dos países centrais e, ao buscar a produtividade com a manutenção da flexibilidade, o toyotismo se complementava naturalmente com a automação flexível.
A partir de meados da década de 1970, as empresas toyotistas assumiriam a supremacia produtiva e econômica, principalmente pela sua sistemática produtiva que consistia em produzir bens pequenos, que consumissem pouca energia e matéria-prima, ao contrário do padrão estadunidense. Com o choque do petróleo e a consequente queda no padrão de consumo, os países passaram a demandar uma série de produtos que não tinham capacidade, nem, a princípio, interesse em produzir, o que favoreceu o cenário para as empresas japonesas toyotistas.
A razão para esse fato é que, devido à crise, o aumento da produtividade, embora continuasse importante, perdeu espaço para fatores tais como a qualidade e a diversidade de produtos para melhor atendimento às demandas dos consumidores.

Conclusão
No que diz respeito ao papel social do trabalho, vimos a sua importância em todas as sociedades, porque, sem o esforço humano, não seria possível produzir os meios materiais que possibilitam manter, desenvolver e reproduzir a vida. Mas é de especial importância não ficar na generalização abstrata de “esforço humano”, sem chamar a atenção para o fato de que o trabalho foi e é realizado por um grupo específico de seres humanos: as classes exploradas ao longo da história – os escravos, os servos e, hoje em dia, na sociedade capitalista, os trabalhadores assalariados, precarizados, terceirizados, informalizados, ou desempregado.

REFERÊNCIAS:


ANTUNES, Ricardo (Org.). Trabalho e precarização numa ordem neoliberal In: “A Cidadania negada, políticas de exclusão na educação e no trabalho”. 1. ed. Buenos Aires: Centro Latino Americano de Ciências Sociais, 2000. (Coleção Grupos de Trabalho Clacso).
HARNECKER, M. (1976). Conceitos Elementares do Materialismo Histórico. 2.ed., Lisboa: Presença, 1976, 2 volumes.
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