quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

HELDER MOLINA - CONSULTORIA EM FORMAÇÃO POLÍTICA E PLANEJAMENTO

HELDER MOLINA
- CONSULTORIA EM FORMAÇÃO POLÍTICA, PLANEJAMENTO/GESTÃO SINDICAL, EDUCAÇÃO DE TRABALHADORES helderMOLINANúcleo de Formação PolíticaPlanejamento e Assessoria Sindical

heldermolina@ig.com.br
professorheldermolina@gmail.com
molinahelder@yahoo.com.brheldermolina@bol.com.br
Rio de Janeiro - RJ(021) 2509 6333 – (021) 9769 4933

CURSOS DE FORMAÇÃO POLÍTICA, PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO (BÁSICOS OU APROFUNDADOS)PARA DIRIGENTES E MILITANTES DE SINDICATOS, FEDERAÇÕES, MOVIMENTOS SOCIAIS, ENTIDADES DE ASSESSORIA POPULAR OU ONGs

@ - FORMAÇÃO EM HISTÓRIA DO MOVIMENTO SINDICAL, DAS CENTRAIS SINDICAIS E DAS CONCEPÇÕES POLÍTICO-SINDICAIS NO BRASIL – SÉCULO XX/XXI

@ - FORMAÇÃO EM CONCEPÇÃO, ESTRUTURA E PRÁTICA SINDICAL: O SINDICATO E A ORGANIZAÇÃO POR LOCAL DE TRABALHO

@ FORMAÇÃO EM COMO FAZER ANÁLISE DE CONJUNTURA: MÉTODO E CONTEÚDOS@ - FORMAÇÃO EM LINGUAGEM, CONSTRUÇÃO DE DISCURSO E PRÁTICA DE ORATÓRIA.

@ - FORMAÇÃO EM PROCESSOS E ESTRUTURAS DA NEGOCIAÇÃO E CONTRATAÇÃO COLETIVA DE TRABALHO

@ - FORMAÇÃO EM GESTÃO SINDICAL E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

@ - FORMAÇÃO EM REFORMAS SINDICAL E TRABALHISTA E SISTEMA DEMOCRÁTICO DAS RELAÇÕES TRABALHO

@ - Carga Horária:Cursos Básicos: Mínima 12 – Máxima 16 horas/aulasAprofundados: Mínima 16 – Máxima 32 horas/aulasCarga HoráriaBásico: Mínima 12 – Máxima 16 horas/aulasAprofundado: Mínima 16 – Máxima 32 horas/aulasAlternativa A) – Dias de semana – das 09:00 – 18:00Alternativa B) – Sábados seguidos (dia todo) – das 09:00 – 18:00

@ MATERIAL E INFRA ESTRUTURAUtilização de TV, DVD, Datashow, sala ampla para dinâmicas de grupos e plenárias de discussão, pastas, canetas, blocos para anotações, materiais didáticos impressos ou copiados para cada participante.

@ METODOLOGIA:Aulas expositivas, com auxílio de Slides em Power Point; estudos de textos básico sobre os temas; exibições de filmes curtos e documentários políticos e sindicais vinculados aos temas; utilização de crônicas e poesias; dinâmicas de grupos e jogos de integração@ REFERÊNCIAS ACADÊMICAS, PROFISSIONAIS E SINDICAIS

@ Mestre em Educação - Universidade Federal Fluminense - UFF

@ Licenciado e Bacharel em História – UFF

@ Especialização em Direitos Sociais - UERJ@ Pós graduado em História do Brasil – Universidade Cândido Mendes.

@Professor de História do Projeto PreVestSindpdrj

@ Professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ.

@ Professor do Curso de Extensão em Historia e Atualidade do Pensamento Marxista - SISEJUFE.@ Assessor de Formação do SINDPD-RJ. Desde 1998
@ Educador e membro do Coletivo de Formação da CUT/RJ. De 1995 a 2006.

@ Formador da Rede Nacional de Formação da CUT NACIONAL. Desde 1997
@ Educador do Programa Integrar de Formação de Dirigentes. 1997-2000 - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS METALÚRGICOS/CUT.

@ Educador do Programa Integração da CUT NACIONAL – Elevação de Escolaridade em Ensino Médio. 2001-2002. FITTEL/CUT.

@ Assessor de Formação da CUT/RJ. Desde 2007

@ ALGUMAS REFERÊNCIAS EM FORMAÇÃO POLÍTICA, PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E ASSESSORIAS SINDICAIS E PROJETOS DE EDUCAÇÃO DE TRABALHADORES

JÁ TRABALHAMOS PARA:

CUT RIO DE JANEIRO CUT NACIONAL:
SNF/PROJETO INTEGRAÇÃO CNM/PROJETO INTEGRAR
CUT CEARÁ
CUT ESPÍRITO SANTO
CUT GOIÁS Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio -
FETAG-RJ
Sindicato dos Trabalhadores da Previdência e Saúde de Santa Catarina - SINDPREVS-SC
Sindicato dos Trabalhadores da Previdência e Saúde do Ceará - SINPRECE
Sindicato dos Trabalhadores da Educação da UFMS e UGD - SISTA/MS
Sindicato dos Trabalhadores da Educação da UFMT - SINTUF
Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal de Mato Grosso - SINDSEP-MT
Sindicato dos Trabalhadores no Servido Público Federal no Distrito Federal - SINDSEP-DFSindicato dos Trabalhdores das Universidades da Paraíba - SINTESPB
Sindicato dos Trab. das Instituições Federais de Educação de MG - SINDIFES-MG
Associação dos Servidores da Universidade de Pelotas - ASUFPEL
Associação dos Servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Coletivo Tribo - FasubraSindicato dos Bancários de Teresópolis - RJ
Sindicato dos Bancários de Niterói -RJSindicato dos Bancários da Baixada Fluminense – RJ. Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro – RJ
Sindicato dos Trabalhadores na Alimentação de Petrópolis/RJ
Sindimina/RJ
Sindicato Nacional dos Aeroviários - SNA
Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal – SINTSEF-CE
Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFCe - SINTUFCe
Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ - SINTUFRJ
Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFF - SINTUFF
Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro - SINPRO-RIO
Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense – SINDIPETRO-NORTE FLUMINENSE Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias – SINDIPETRO-CAXIAS
Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro - RJ
Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal - SINTRASEF - RJ
Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação - SEPE- RJ
Sindicato dos Trabalhadores na Previdência Social - SINDSPREV-RJ
Sindicato dos Comerciários de Nova Iguaçu - RJ
Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações - SINTTEL-RJ.
Sindicato dos Trabalhadores em Energia Elétrica do Estado do RJ
FENADADOS – Federação Nacional dos Trabalhadores em Informática
FITTEL - Fed. Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Informática do Estado do Rio –
SINDPD-RJ Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Informática do Ceará - SINDPD-CE
Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo - ES
Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói – RJ
Rede PVNC
Escola Sindical 7 de Outubro – Belo Horizonte – MG
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente do Rio de Janeiro
Fundação São Martinho - RJ
Prefeitura de Angra dos Reis/RJ Prefeitura de Barra Mansa/RJ
CIESPI – Centro Internacional de Estudos e Pesquisas Sobre a Infância
Associação Excola de Atenção a Infância e as Drogas Rede Rio Criança – Direitos da Criança e do Adolescentes – Rio - RJ
FASE
CADTS – Centro de Assessoria, Desenvolvimento e Trabalho Social
PACs – Políticas Alternativas para o Cone Sul
Fórum Estadual de Cooperativismo Popular e Economia Solidária
CEDAC – Centro de Educação e Desenvolvimento Comunitário/RJ

Vagas: até 50 pessoas
Valor por curso: R$ 50,00 hora/aula
Curso Básico, de 12 horas/aulas = R$ 600,00
Básico, de 16 horas/aulas = R$ 800,00
Aprofundado, 24 horas/aulas = R$ 1.200,00
Aprofundado, 32 horas/aulas = R$ 1.500,00Se for mais de um curso, desconto de 20% no pacote

APRESENTAÇÃO
Apresentamos, em síntese, os conteúdos de nossos temas de formação política e sindical, para formação dos novos (e antigos) dirigentes sindicais, delegados sindicais e ou representantes sindicais nos locais de trabalho, funcionários sindicais, trabalhadores e militantes em geral.Trabalhamos com Formação Política, Projetos Sindicais, Planejamento e Assessoria desde 1992, no Rio de janeiro e em outros estados do Brasil. Uma experiência e compromisso comprovados pelas quase centenas de entidades e instituições relacionadas acima.A nossa proposta tem por base a concepção política e metodológica desenvolvida coletivamente com referencial crítico-dialético (Marxista) e da educação popular (Freireana), anticapitalista e de emancipação sócio-econômica e político-cultural da classe trabalhadora.Concepções estas formuladas ao longo duas décadas de trabalho e reflexão em projetos políticos de formação, vendo o dirigente sindical e o trabalhador como sujeitos histórico-políticos, com potencialidades intelectuais a serem desenvolvidas, no sentido se torna-los sujeitos políticos coletivos, capazes de gestar um sindicato, uma instituição, a socieade e o EstadoEis, em linhas gerais, o eixos e os conteúdos que temos desenvolvido em nossas atividades formativas. Evidentemente, a diretoria da entidade deve discutir suas prioridades formativas, seus objetivos a curto, médio e longo prazo, e assim os temas serão adequados às necessidades políticas.

@ CURSO DE FORMAÇÃO EM HISTÓRIA DO MOVIMENTO SINDICAL, DAS CENTRAIS SINDICAIS E DAS CONCEPÇÕES POLÍTICO-SINDICAIS NO BRASIL – SÉCULO XX/XXI

Conteúdos:1.a. O modo de produção capitalista, a contradição capital-trabalho, preço, lucro, mais valia, trabalho assalariado, divisão social do trabalho, mercadoria, alienação. Surgimento das lutas operárias, das idéias socialistas e dos sindicatos. Burgueses x proletários. Luta de classes. As idéias de Marx e suas contribuições para a luta dos trabalhadores. 1.b. A formação da classe trabalhadora brasileira, a partir do fim da escravidão, do início do capitalismo industrial e do surgimento do trabalho assalariado no Brasil.2. A contribuição das idéias comunistas, socialistas, trabalhistas e anarquistas na formação do movimento operário e sindical brasileiro,3. As diferentes centrais sindicais e organizações operárias que existiram, ou que existem, hoje, no Brasil.4. O sindicalismo na Era Vargas, as heranças do Estado Novo na legislação e na estrutura sindical brasileira.5. O sindicalismo na Ditadura Militar,6. O surgimento do novo sindicalismo, da CUT, e os desafios do sindicalismo nos tempos neoliberais. Ideologia e políticas neoliberais, a resistência dos trabalhadores.7. As centrais sindicais (FS, GGT, CGTB, SDS, CAT, NCS), a CONLUTAS e CTB8. As concepções sindicais e o sindicalismo diante da conjuntura atual.9. Sindicalismo, movimentos sociais e governo Lula

@ - CURSO DE LINGUAGEM, CONSTRUÇÃO DE DISCURSO E PRÁTICA DE ORATÓRIA.

Conteúdos:Teorias e práticas de comunicação oral e/ou escrita para os dirigentes e militantesExercícios e Técnicas de discursos, persuasão, retórica, argumentação,O que dizer, como dizer e para quem dizer. Meios e contéudos da linguagemConfecção de panfletos e boletins, utilização de novas tecnologias de informação e formação,A importância da linguagem. Glossário básico da linguagem sindical

@ CURSO SOBRE PROCESSOS E ESTRUTURAS DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA DE TRABALHO

Conteúdos:As estruturas e os processos da negociação coletiva no Brasil.As concepções e as experiências em negociação da CUT e do movimento sindical.A negociação coletivaSimulações do processo de negociação, os caminhos, avanços e recuos da negociação.O que é convenção coletiva, o que é acordo coletivo, o que é dissídio coletivo.

@ - CURSO: COMO FAZER ANÁLISE DE CONJUNTURA.

Conteúdos:Identificando e discutindo o que é conjuntura, infraestrutura e superestruturaOs aspectos econômicos, políticos, culturais e sociais que envolvem o contexto em que estamos analisando,As classes sociais, a luta de classes,a correlação de forças, os aliados, os parceiros e os adversáriosOs diferentes movimentos e projetos políticos em disputa na sociedade,O papel das mídias, a coerção e o consenso, os interesses de grupos e frações de classe.Os aspectos locais (internos) e gerais (externos).

@ - CURSO DE FORMAÇÃO EM CONCEPÇÃO, ESTRUTURA E PRÁTICA SINDICAL: O SINDICATO E A ORGANIZAÇÃO POR LOCAL DE TRABALHO

Conteúdos: O que é sindicato e seu papel na sociedade capitalistaO que é ser dirigente sindical, hoje.O que é luta de classes, como se manifesta hojeA relação sindicato-local de trabalho,A organização sindical de base,As diversas concepções sindicais, hoje:Como diagnosticar os problemas do local de trabalho,Como atuar no sentido de resolve-los, tarefas imediatas,Questões de médio e longo prazo, prazos e responsáveis,A comunicação sindical no local de trabalho, quem resolve,A legislação sindical, CLT, aspectos de saúde, segurança e condições de trabalho.

@ - LEGISLAÇÃO, CONCEPÇÃO E ESTRUTURA SINDICAL E TRABALHISTA E SISTEMA DEMOCRÁTICO DE RELAÇÕES DE TRABALHO (APROFUNDADO) – 24 OU 32 HORAS/AULAS
Conteúdos:Os diferentes projetos de reforma sindical em debate no movimento sindical,As concepções sindicais, a unicidade e a pluralidade,O papel dos sindicatos e das centrais sindicais,A herança da Era Vargas, as mudanças em discussão,A visão dos trabalhadores e a dos empresários,O papel do Estado e da justiça trabalhista.

@ - CURSO DE GESTÃO SINDICAL E PLANEJAMENTO (APROFUNDADO) – 24 OU 32 HORAS/AULAS. (FAZEMOS PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE GESTÃO, PARA ENTIDADES)
Conteúdos
DIAGNÓSTICO: Quem somos (missão, meta)O que fazemos (mapa das atividades, projetos, frentes de atuação)Quais recursos temos disponíveisHumanos (nomes, qualificações e funções)Materiais (equipamentos, estruturas móveis e imóveis)Financeiros (orçamento, fontes de receitas)Políticos (governabilidade, decisão, gestão, capacidade de decidir e agir)

ANÁLISE DA CORRELAÇÃO DE FORÇAS (ALIADOS E ADVERSÁRIOS).
Relacionar e analisar detalhadamente adversários e os aliados, parceiros.-
CONSTRUÇÃO DE UMA ÁRVORE OU UM MAPA DE OBJETIVOS E PROBLEMASLocalizar e descrever os problemas que impedem a realização de seus objetivosLocalizar, analisar e estabelecer hierarquicamente seus objetivos, por grau de importância–
MAPA OU ARVORE DE AÇÕES ESTRATÉGICASDesenhar um mapa ou árvores com as ações consideradas estratégicas, isto é, fundamentais, numa perspectiva de olhar o futuro e agir no presente,–
DESENHAR UM QUADRO DETALHADO DAS AÇÕES (OPERAÇÕES)
Ações de curto prazo, de médio prazo e de longo prazoPrazos para execuçãoResponsáveis (quem vai executar ou se responsabilizar por encaminhar a execução)
Supervisão (quem vai garantir que as ações sejam executadas e não caiam no esquecimento)Recursos necessários e disponíveis

CONSIDERAÇÕES FINAIS:Nossa assessoria tem mais de 16 anos de atuação profissional, no movimento sindical e popular, com uma referência no campo da formação sindical no Rio, com produção de cursos visando sempre a ampliação de nossas ações sindicais, organização política e avanço das lutas, da liberdade e autonomia de nossa classe. Com visibilidade e legitimidade ativa no movimento sindical combativo, classista, e anticapitalista.

helderMOLINAEmails:heldermolina@ig.com.br, molinahelder@yahoo.com.br, heldermolina@bol.com.brFones: 21 2509 6333 e 21 976949332008 - Rio de Janeiro - Brasil

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

DESAFIOS AOS SINDICATOS E PAPEL DA FORMAÇÃO

A ENTREVISTA DE HELDER MOLINA
PARA REVISTA "IDÉIAS", DO SISEJUFE/RJ
ABORDANDO TEMAS COMO

POLÍTICA, SINDICALISMO, MUNDO DO TRABALHO, EMPREGO, JUVENTUDE E FORMAÇÃO POLÍTICA

(Em junho de 2007

· Qual sua formação profissional?
Sou historiador, fiz graduação em História e mestrado em Educação, na Universidade Federal Fluminense, especialização em História do Brasil, na Universidade Cândido Mendes. Trabalho com formação há mais de 15 anos, no movimento sindical e noutros movimentos sociais, e em projetos de educação de jovens e adultos trabalhadores, em sindicatos e nos projetos da CUT nacional. Trabalho há 10 anos como assessor de formação do SINDPD/RJ, trabalho em outros projetos sindicais, desenvolvendo cursos, projetos, consultorias, e sou assessor de formação do SINDPD/RJ há dez anos.

· Como você vê o movimento sindical, hoje? O sindicalismo passa por uma crise?
Minha identidade é o movimento sindical, onde tenho referência, militância política, atividade profissional. Meu estudo de mestrado foi sobre os projetos e concepções de educação desenvolvidos pela CUT na década de 1990, década da ofensiva neoliberal no mundo do trabalho, da ofensiva do desemprego e da destruição dos direitos dos trabalhadores. Penso que o movimento sindical para por uma profunda crise, de burocartização, de perda da sua identidade, de busca de novas referências, principalmente num mundo onde a informalidade cresce e o velho capitalismo assume novas faces e discursos, de reinado do mercado, do individualismo, da fragmentação. O movimento sindical está numa encruzilhada, se dividiu.

· Como se dá essa fragmentação, e que encruzilhada é essa?
De um lado o esquerdismo se propõe como alternativa, e se isola, buscando sua identidade. Apresenta um discurso fácil, de condenação de todos, de recusa a qualquer coisa que pareça sensato, de combate intestinal aos aliados, agora considerados ex-aliados.De outro os setores neoliberais e o peleguismo reciclado, reinventado, também se constitui com cara própria, ou vários caras de uma mesma identidade.
Tínhamos oito centrais sindicais, agora recentemente houve a fusão da CGT com a SDS e a CAT, dando origem à UGT (União Geral dos Trabalhadores). A própria CUT encontra dificuldades internas, tudo evidencia uma necessidade de repensar seriamente as práticas, repactuar convivências e projetos, recuperar os projetos de classe, de independência e autonomia, que são valores e princípios fundadores do movimento operário e das lutas dos trabalhadores, contra todos os patrões e contra os governos tenham como meta agredir os direitos dos trabalhadores e retirar suas conquistas. Lutar também contra os hegemonismos, rediscutir eticamente a concepção de democracia, exercer na prática a tolerância, tão fundamental para desenvolver a unidade de classe, tudo isso, se não cuidamos, vai sendo esquecido, abandonado, e viramos burgueses, liberais e capitalistas na prática, embora afirmemos defender o socialismo e a democracia dos trabalhadores. Essa crise está também no método e no discurso. Nosso discurso já não atrai os trabalhadores, suas direções precisam se renovar, suas práticas estão comprometidas por problemas éticos, e principalmente pela cooptação e adaptação à ideologia neoliberal, e as dificuldades entre ser movimento autônomo e independente e se relacionar com um governo que teve origem nas lutas sociais e dos trabalhadores brasileiros, dos últimos trinta anos

· Porque a CUT/RJ resolveu ter uma assessoria de formação?

A CUT/RJ enfrenta vários problemas. Problemas políticos, financeiros, de infra-estrutura material e de recursos humanos. Como não sou dirigente, e por problemas éticos, prefiro não especifica-los. Mas como sou cutista, e me sinto responsável, enquanto militante e formador, pelos rumos da nossa Central, opino.
A direção eleita está buscando enfrentar os problemas políticos, de ação política, trazer os sindicatos de volta, fortalecer a atuação junto aos diversos movimentos, tarefas da conjuntura, construção da unidade nas mobilizações, apoiar os sindicatos em campanhas salariais, em embates com os patrões privados e com os governos, estadual, municipal e federal. Precisa da participação dos sindicatos, e os sindicatos precisam se convencer de que eles devem sustentar a Central.

· Como assim, sustentar?

A CUT tem responsabilidade com as lutas gerais da classe trabalhadora, elaborar propostas, servir de referência, suporte, apoio aos sindicatos nas suas lutas específicas, mas a CUT deve cuidar das lutas gerais. Por exemplo, as marchas, como a do dia 15, a CUT deve mobilizar os sindicatos. Mas os sindicatos precisam sustentar financeiramente a Central, para que ela possa ter jornal impresso, site atualizado, fazer formação, organizar e articular os movimentos, junto à Central dos Movimentos Sociais, Movimentos dos Sem Tetos, dos desempregados, dos trabalhadores informais, da juventude, das mulheres, dos negros e negras, das questões ecológicas e ambientais, da luta pela saúde, pela educação formal e não formal, tudo isso são lutas da classe trabalhadora, dentro e fora dos sindicatos, e todas são lutas contra o capitalismo.

· Qual então, específicamente, deve ser o papel da formação nos sindicatos?

Nos sindicatos a formação deve servir de instrumento, ferramenta, para construir novas lideranças, novos militantes. Muitos trabalhadores e trabalhadoras conhecem o sindicato através das assembléias, das mobilizações, das negociações salariais, mas não entendem muito bem o que é o sindicato, de onde veio, para que serve, como se organiza. Muitos só buscam o sindicato na hora das dificuldades, não se sentem pertencentes ao sindicato.
Muitos desses trabalhadores, nas lutas, se aproximam e depois são convidados a ser dirigentes, e não sabem exatamente o que fazer na diretoria, que função desempenhar, como pode ajudar, e os dirigentes mais velhos podem ajudar na participação dos novos dirigentes, mas é papel da formação criar condições dele se formar, com cursos, oficinas, palestras, seminários, enfim.

· Quais os temas mais importantes para formação básica dos dirigentes e militantes sindicais sindicais?

Novos e antigos dirigentes devem aprofundar o conhecimento sobre as transformações que estão ocorrendo no mundo do trabalho, as mudanças na economia e na política, o papel das novas tecnologia, a questão do desemprego estrutural, da informalidade que cresce, da violência como produto da desigualdade social e da concentração absurda de rendas que existe no mundo hoje, e no Brasil principalmente. Devem buscar entender os problemas relacionados com a gestão dos sindicatos, da administração financeira, das relações com os funcionários, do cotidiano da máquina sindical. Enfrentar a burocratização, cada dia mais presente nos sindicatos.
A formação deve se preocupar com as questões das negociações coletivas, como negociar, fazer exercícios práticos de negociação, discutir as correlações de forças nas negociações, quando avançar, quando recuar, entender o cenário econômico, político, ver quem são nossos aliados, e adversários, nas campanhas salariais.

· Como a formação deve enfrentar questões como racismo, machismo, e outros preconceitos na nossa sociedade e nos sindicatos?

Não basta criar secretarias de mulheres e de negros ou anti racismo, a verdade é que o movimento sindical é machista, é racista, isso só se supera com combate político, enfrentando cotidianamente as manifestações, posturas, falas e gestos machistas ou preconceituosos nos sindicatos, nas assembléias, nos locais de trabalho. Os cursos, encontros, seminários ajudam a problematizar, discutir e elaborar propostas, mas é preciso que isso se desdobre em outros espaços, como na empresa, na repartição pública, na escola, na família, nas relações informais, na comunidade. Os movimentos anti racistas, anti sexistas e feministas têm crescido em suas influências, muitos sindicatos já criaram secretarias específicas, na CUT os coletivos de mulheres e anti racista sempre tiveram atuações
afirmativas, e precisam ser fortalecidos. Os sindicatos devem olhar isso como essencial para construir um projeto de sociedade emancipada, livre, solidária e que respeite a diversidade cultural.

· E as questões ambientais, da juventude, dos trabalhadores desempregados? Os sindicatos não são muito corporativos?

A consciência ambiental está crescendo nos movimentos sociais, as lutas pela preservação da água, da natureza, das praias, contra a poluição, os desmatamentos, e destruição da natureza, mas ainda é pouco. O capitalismo é o grande responsável pela destruição da vida, do ecossistema. O capitalismo sobrevive da produção de lucro, da exploração do trabalho humano e da natureza, e para isso ele destrói as forças produtivas. Ele é um destruidor de forças produtivas. Defender a natureza é combater o capitalismo, isso o movimento sindical está começando a compreender.

· Como atuar diante do desemprego e da informalidade, dos jovens?

Temos estudos do DIEESE, do IPEA, do IBGE, enfim, que mostram que mais de 50% da força de trabalho no Brasil estão na informalidade, são trabalhadores desempregados, precarizados, terceirizados, que sobrevivem sem proteção de leis trabalhistas, sem acesso à previdência social, sem garantia de futuro. E os sindicatos ainda hoje só olham para os trabalhadores de carteira assinada, com emprego formal. Nossos sindicatos ainda estão presos ao passado fordista, isto é, ao mercado de trabalho da grandes corporações, de endereço determinado. Essa massa de trabalhadores estão buscando formas alternativas de viver e de se organizar políticamente, veja a multidão de camelôs, aqui no Rio a CUTRJ participa da organização do Movimento Unido dos Camelôs, e eles lutam contra uma prefeitura que tem práticas fascistas, que bate nos trabalhadores, que defende os empresários do comércio contra os desempregados.
E a maioria dos desempregados são jovens, são mulheres, moram nas periferias, nas favelas, são exércitos de reserva do narcotráfico. Os sindicatos e a CUT precisam dialogar com a juventude trabalhadora, ouvir suas reivindicações, entender sua linguagem, que se expressam nas artes, na musica, nas manifestações culturais, no movimento estudantil, mas principalmente nos movimentos de rebeldia, presente nas comunidades, nas periferias, como Hip Hop, Funk, grafites, esportes. Se os jovens não vêm ao sindicato é porque nossa prática e nossos discursos lhes são estranhos, corporativos, envelhecidos, burocratizados, carrancudos mesmo. Eles vão buscar refúgio em outros lugares, como drogas, seitas evangélicas, torcidas organizadas, etc.

· Que propostas concretas a CUT/RJ tem para formação?

Vamos descentralizar as atividades de formação, vamos priorizar os sindicatos do interior do Estado do Rio, que têm mais dificuldades. Dividimos o Estado em quatro microrregiões. Os sindicatos do norte fluminense, os da região serrana, os do sul fluminense, os da baixada, e os da região de Niterói e São Gonçalo. Fazer os cursos nessas regiões, a partir das necessidades concretas dos sindicatos. Definimos os temas, os conteúdos, as cargas horárias e o público a partir da demanda, e as vagas serão oferecidas aos dirigentes de cada micro região, e o curso será no interior.
Basicamente abordaremos a Historia do movimento sindical, como surgiram os sindicatos, as centrais sindicais, as diferentes concepções sindicais de ontem e de hoje, a questão da gestão e do planejamento sindical, cursos de oratória e construção de discursos, negociação coletiva, o que é ser dirigente sindical, e principalmente resgatar a historia da CUT e do sindicalismo CUTista, que foi se perdendo, e as novas gerações desconhecem, parece que não temos passado, e vivem de um presentismo pragmátivo, corporativo, de negócios salariais e da defesa do emprego a qualquer custo. Abandonamos a luta pelo socialismo, nos conformamos com o capitalismo, e isso, a meu ver, será nossa morte. O sindicato deve lutar contra o capitalismo por uma outra sociedade, um outro Estado.

· È possível resgatar? Ou é só desejo?

Na sede da CUT/RJ faremos palestras, debates, cursos, seminários, sobre os temas mais necessários, como a relação do movimento sindical com os governos, a questão da negociação coletiva, das tecnologias, meio ambiente, novas reconfigurações do mundo do trabalho, antiracismo, juventude, movimentos sociais, educação dos trabalhadores, a questão da previdência e dos direitos trabalhistas, saúde do trabalhador, assédio moral, etc. Exibir filmes, fazer debates e formação utilizando o cinema, o vídeo. Precisamos montar um centro de memória da CUT, a memória da CUT está espalhada nos sindicatos, nos arquivos “mortos”, nos depósitos, nos armários, nas caixas, nas casas dos militantes, nos arquivos de ex-dirigentes, enfim. Lançar uma campanha pela recuperação da memória documental e política da CUT/RJ. Reunir os ex-presidentes, fazer um documentários, com suas experiências, memórias das lutas, o processo de construção da CUT no Estado do Rio de Janeiro. Tudo isso vai se perdendo, e tudo isso é história viva, história oral, concreta, vivida, nos embates dos tempos difíceis que foi construir o que é a CUT, hoje. Tornar a CUT/RJ um fórum permanente de debates. Pode ser sonho, pode ser utopia, mas vivemos de sonhos e utopias. Todas as revoluções foram frutos de utopias. Viva a utopia, construído no mundo concreto.

· Tem recursos humanos e financeiros para tudo isso?

Espero que sim, a executiva da CUTRJ está apostando nisso. Os sindicatos estão cobrando, mas para isso devem além de cobrar, participar, ajudar financeiramente, estimular seus diretores a fazerem formação, procurarem a CUTRJ, serem solidários na hora de organizar as atividades, lutamos contra a mídia, os empresários, os fazendeiros, os banqueiros, os patrões públicos e privados, é verdade. Mas também lutamos contra nossa preguiça e acomodação, nosso corporativismo que acha que o sindicato basta por si mesmo, que só vive para fazer campanha salarial, e olhe lá. Lutamos contra o imediatismo, a movimentismo, e tantos ismos que tornam o sindicatos e a máquina sindical um fim em si mesmo. Sindicato é um instrumento, uma ferramenta da classe, não é posse de nenhuma corrente, nenhum partido, nenhuma religião, nenhum fundamentalismo. Os sindicatos estão entendendo isso, e a CUTRJ deve estar na frente, encabeçando as lutas, mas também o estudo, a reflexão, a produção do conhecimento, para a mudança social, para construir uma outra sociedade, o capitalismo não nos interesse, o futuro é socialista, acredito.

PLANEJAMENTO INSTITUCIONAL - CURSO E MÉTODO

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO INSTITUCIONAL – MÉTODO P.E.S.

(Helder Molina – Assessoria em Planejamento e Gestão)

1) – APRESENTAÇÃO E METODOLOGIA - 01 HORA/AULAS
O planejamento é um instrumento fundamental para gestão institucional, seja em instituições do setor privado (empresarial), setor público (secretarias, conselhos, autarquias e orgãos públicos municipais, estaduais ou federais) ou do terceiro setor (ONGs, associações comunitárias, sindicatos, fundações, entidades filantrópicas, cooperativas, associações de classe, etc.
Nossa concepção de planejamento pressupõe mecanismos, papeis e instâncias de produção, deliberação e execução deste sejam democráticas, participativas e plurais. Espaços onde o processo de debate, convencimento e construção de consensos sejam buscados coletivamente, ou que a deliberação por maioria sejam produto de um debate, decisão e encaminhamento sejam igualmente democráticas.
Nossa metodologia se baseia no PES – Planejamento Estratégico Situacional, desenvolvido no Chile, e adaptado no Brasil por institutos de formação e planejamento de gestão e vem sendo utilizado nos planejamentos de sindicatos, cooperativas, organizações não governamentais, organizações comunitárias, movimentos sociais, instituições do terceiro setor e mesmo em instituições públicas (prefeituras, órgão públicos, etc).

2) – FUNDAMENTOS DO PLANEJAMENTO: 01 HORA/AULA
Legitimidade política dos atores e governabilidade sobre as metas, ações, tarefas e prazos planejados.
Gerenciamento dos recursos necessários (financeiros, humanos e políticos).
Vontade política e perseverança em executar o que se planejou.
Ter um PLANO DE CONTINGENCIAMENTO, para enfrentar as emergências, os acontecimentos inesperados e as mudanças de prioridades.
Quem planeja é quem executa, isto é, os atores deverão participar de TODO o planejamento e se envolver na sua execução.

O método consiste em fazer

A) – DIAGNÓSTICO – 2 HORAS/AULAS
· Quem somos (missão, meta)
· O que fazemos (mapa das atividades, projetos, frentes de atuação)
· Quais recursos temos disponíveis
- Humanos (nomes, qualificações e funções)
- Materiais (equipamentos, estruturas móveis e imóveis)
- Financeiros (orçamento, fontes de receitas)
- Políticos (governabilidade, decisão, gestão, capacidade de decidir e agir)
B) - ANÁLISE DA CORRELAÇÃO DE FORÇAS (ALIADOS E ADVERSÁRIOS) – 02 HORAS/AULAS
· Relacionar e analisar detalhadamente adversários e os aliados, parceiros.
C) - CONSTRUÇÃO DE UMA ÁRVORE OU UM MAPA DE OBJETIVOS E PROBLEMAS – 02 HORAS/AULAS
· Localizar e descrever os problemas que impedem a realização de seus objetivos
· Localizar, analisar e estabelecer hierarquicamente seus objetivos, por grau de importância

D) – MAPA OU ARVORE DE AÇÕES ESTRATÉGICAS – 2 HORAS/AULAS
· Desenhar um mapa ou árvores com as ações consideradas estratégicas, isto é, fundamentais, numa perspectiva de olhar o futuro e agir no presente,

E) – DESENHAR UM QUADRO DETALHADO DAS AÇÕES (OPERAÇÕES) – 02 HORAS/AULAS
· Ações de curto prazo, de médio prazo e de longo prazo
· Prazos para execução
· Responsáveis (quem vai executar ou se responsabilizar por encaminhar a execução)
· Supervisão (quem vai garantir que as ações sejam executadas e não caiam no esquecimento)
· Recursos necessários e disponíveis

Entendemos que só PLANEJA QUEM EXECUTA, e que só EXECUTA QUEM PLANEJA. Isto não são meras palavras.É uma concepção de planejamento, nela se enxerga os sujeitos do planejamento, sejam gerentes, chefes, supervisores, técnicos, educadores, estagiários, operários, funcionários de apoio, serventes, etc), como os próprios sujeitos da execução e gestão das tarefas apontadas pelo mapa de ações operativas.
Os sujeitos do planejamento são os sujeitos da execução. Cada ação planejada e executada possibilita testa a viabilidade da execução completa do que foi planejado estratégicamente. A não execução geram descontinuidade, desorganização, frustração e o consequente retorno ao improviso e à “política de bombeiro”(apagar incêndios), ou da “ tática da maré” (vai para onde o vento leva).

Os ATORES do planejamento devem ter GOVERNABILIDADE e VONTADE POLÍTICA, isto é, VONTADE e ENGAJAMENTO para desenvolvimento das ações.

3) - CARGA HORÁRIA E LOCAL:
Uma boa reflexão coletiva e um bom planejamento estratégico deve ter, no mínimo, 16 horas de trabalho, isto é, 08 horas de trabalho em dois dias consecutivos, em local que permita concentração, pontualidade, conforto físico, relacionamento coletivo(atividade cultural, lazer, jogos, bate papo, cantoria, etc.)
Um local reservado e afastado dos afazeres profissionais e pessoas do cotidiano.

4) – INFRA ESTRUTURA E RECURSOS DIDÁTICOS
Definição dos recursos materiais e da infraestrutura necessária ao planejamento

5) O PLANEJAMENTO DE UMA INSTITUIÇÃO/CONSELHO – 08 HORAS/AULAS

- Oficina de planejamento
Helder Molina
Assessoria em Formação e Planejamento
heldermolina@ig.com.br- 2509 6333 – 97694933

III CICLO DE ESTUDOS DO MANIFESTO COMUNISTA, DE MARX E ENGELS

Departamento de Formação e Cultura do SINDPD/RJ
CONVIDA

II CICLO DE ESTUDOS E DEBATES SOBRE
ATUALIDADE DO MANIFESTO COMUNISTA

Organizador e Orientador: Helder Molina

Marxistas, trotskistas, leninistas, comunistas, socialistas, anarquistas, idealistas, trabalhistas, stalinistas, maoistas, proletariado, burguesia, pequena burguesia, revolucionário, luta de classes, internacionalismo, reformismo, capitalismo, socialismo, ideologia, política., tática, estratégica, programa mínimo, programa máximo, alienação, salário, preço, lucro, mais valia, exploração, dialética...”

Que é que é isso??!!

Estas palavras estão presentes nos jornais sindicais, nas revistas acadêmicas, nos discursos de intelectuais, na argumentação de militantes partidários, nos debates políticos, nos noticiários da tv, nos documentários históricos, enfim.
O que representam estas categorias de análise? Estes adjetivos? Centenas e milhares de sindicalistas, sejam dirigentes ou militantes de base, se perguntam: Qual a atualidade destas idéias?
O que temos a prender com elas? Elas morreram? Foram superadas? Estão defasadas? Perderam validade? Estão foram do contexto? Pertencem a passado? Existe luta de classe hoje?
Como superar o capitalismo? Porque existem partidos socialistas e comunistas? Qual a relação do sindicalismo com estas ideologias e propostas? Qual a origem do sindicalismo? Das idéias operárias? Como resgatar o estudo e o debate ideológico entre os dirigentes sindicais? São questões, dilemas, necessidades e desafios atuais e urgentes para os que lutam contra o capitalismo.
Buscando responder estas perguntas, ou pelos debate-las e atualiza-las, estamos propondo a realização deste II CICLO DE ESTUDOS SOBRE A ATUALIDADE DO MANIFESTO COMUNISTA, DE Karl Marx e Friederich Engels. O estudo será orientado por Helder Molina, historiador, professor da Faculdade de Educação da UERJ, educador sindical, assessor de formação do SINDPD/RJ.
O III Ciclo será em Março de 2009

Nele investigaremos os aspectos históricos, políticos e ideológicos das formulações de MARX e ENGELS, no século XIX, sobre o modo de produção capitalista, o conflito capital X trabalho e as lutas dos trabalhadores para entender, combater e superar a sociedade burguesa e capitalista. Você topa? Proletários de todos os países, uni-vos.

Sejam bem vindos
Helder Molina
Assessor de Formação do SINDPD/RJ

CURSO SOBRE MARXISMO: HISTÓRIA, TEORIA E AÇÃO POLÍTICA

Curso de Extensão - Marxismo: História, Teoria e Ação Política
Atualidades do Pensamento Marxista - Marxismo(s)

Início – Aulas quinzenais, a partir de março, até dezembro de 2009. Por módulos, às segundas-feiras, na sede do SISEJUFE, Av. Presidente Vargas, 509 – 11º Andar.
  • Matrículas abertas. Enviar e-mail para formação@sisejufe.org.br, heldermolina@ig.com.br ou telefonar para 2215-2443.
  • Alunos sindicalizados do SISEJUFE pagam somente o material (apostila).
    Alunos de outros sindicatos ou do movimento social:
  • Alunos não pertencentes ao movimento sindical e social,

Coordenação: Roberto Ponciano e Helder Molina


Programa do curso:
Curso de Extensão Sindical – Marxismos – A atualidade do pensamento marxista –

Conteúdo programático:

A. O MARXISMO DE MARX

- Conferência: Marx:
Aula Inaugural:

1.1 As origens teóricas do pensamento de Marx
1.1.1 Filosofia alemã (Hegel, Feuerbach)
1.1.2 Economia política inglesa (Adam Smith, David Ricardo)
1.1.3 Socialismo francês (Fourier, Saint-Simon) – Hélder Molina

1.2 Trajetória e amadurecimento do pensamento de Marx
1.2.1 “Anais franco-alemães”, “Crítica da filosofia do direito de Hegel”, “Miséria da Filosofia”, “Manuscritos Econômico-Filosóficos”, “A Ideologia Alemã”, “Manifesto Comunista”, “Para uma crítica da economia política”, etc.
1.2.2 “O capital”, “Crítica ao Programa de Gotha”

1.3 “Método” e teoria em Marx: o materialismo histórico dialético
1.3.1 História, divisão social do trabalho, propriedade privada e luta de classes – Ernesto Germano Pares
1.3.2 Sociedade e indivíduo: o papel do indivíduo na história – Ernesto Germano Pares

1.4 O capitalismo para Marx
1.4.1 Especificidade histórica da sociedade do capitalismo - características fundamentais da sociedade capitalista

1.4.2 Salário, preço e lucro - Helder Molina
1.4.3 A mais-valia – Hélder Molina
1.4.4 O fetichismo da mercadoria, ideologia e alienação/estranhamento – Hélder Molina

1.5 “Teoria da revolução” em Marx
1.5.1 As contradições incuráveis do capitalismo (capital como contradição em processo)
1.5.2 Considerações acerca da luta revolucionária, do socialismo e do comunismo

1.6 O marxismo de Marx versus...
1.6.1 ... O positivismo – Hélder Molina

1.6.2 ... Comunismo pequeno-burguês

1.7 Teoria do Estado em Marx - Luís Noria

1.8. Engels: Vida e Obra: A formação da classe operária na Inglaterra, Anti During, do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, O papel do trabalho na transformação do macaco em homem - Helder Molina

B. Marxismo Soviético

2. O marxismo de Lênin

2.1 Lênin, o partido e a vanguarda revolucionária – Ernesto Germano Pares
2.1.1 A noção de partido leninista; vanguarda, a figura do “revolucionário profissional” ou dos quadros permanentes; agitação e propaganda – Ernesto Germano Pares
2.1.2 Comunismo e esquerdismo

2.2 O desenvolvimento desigual do capitalismo
2.2.1 Imperialismo, fase superior do capitalismo

2.3 Materialismo e empiriocriticismo – a defesa da integralidade do marxismo
2.3.1 Materialismo X Idealismo

2.4 Estado e revolução em Lênin
2.4.1 Ditadura do proletariado e transição ao comunismo – Ernesto Germano Pares
2.4.2 Anarquia X socialismo – Ernesto Germano Pares
2.4.3 Guerras justas e injustas – Ernesto Germano Pares

2.5 O Estado e a Revolução - Luís Nória


3. O marxismo de Stálin
3.1 O “marxismo oficial” soviético; marxismo e positivismo; a separação staliniana entre “materialismo histórico” e “materialismo dialético”
3.2 A evolução histórica do socialismo na União Soviética

4. O marxismo de Bukharin
4.1 Bukharin e o comunismo de esquerda na Rússia soviética

5. O marxismo de Trotsky
5.1 Programa de transição e revolução permanente
5.2 Partido e vanguarda revolucionária
5.3 Crítica à burocracia soviética e à tese do “socialismo em um só país”

C. Outros Marxismos

6. O marxismo de Rosa Luxemburgo
6.1 A crítica às teses do Partido-vanguarda como “guia do proletariado”
6.2 A valorização do saber das massas trabalhadoras

7. O marxismo de Kautsky
7.1 Capital e imperialismo em Kautsky
7.2 Do marxismo à socialdemocracia: o legado de Kautsky ao pensamento marxista

8. O marxismo de Gramsci
8.1 Sociedade civil e sociedade política em Gramsci: a valorização da dimensão superestrutural do ser social
8.2 Filosofia e senso comum
8.3 Revolução em Gramsci; as especificidades da revolução no contexto de países de capitalismo consolidado; guerra de posição X guerra de movimento; hegemonia e contra-hegemonia
8.4 Gramsci e a crítica cultural marxista

9. O marxismo de Lukács
9.1 História e consciência de classe (o “jovem” Lukács)
Hélder Molina.

9.2 Lukács X Lukács: trabalho e Ontologia do Ser Social em Marx – Hélder Molina.
9.3 Lukács e a crítica “interna” ao socialismo soviético


10. O marxismo de Mariategui
10.1 Mariategui e o marxismo latino-americano; a questão indígena
10.2 A crítica “por dentro” do marxismo oficial

11. O marxismo e os movimentos de libertação popular
11.1 Sandino, Fidel Castro, Che Guevara e as revoluções latino-americanas
11.2 Mao, Ho Chi Mihn e as revoluções asiáticas


D. RAMOS DERIVADOS DO MARXISMO (segunda metade do século XX)

12. A escola de Frankfurt
12.1 Adorno e Horkheimer: a crítica à razão (econômica) das sociedades produtoras de mercadorias (a dialética do esclarecimento); a mercantilização da vida sociocultural (crítica à arte submetida à razão econômica da sociedade mercantilizada: simplificação, padronização e massificação da cultura)
12.2 Herbert Marcuse e a revolta contra o modo de ser burguês: a contracultura


13. Jean-Paul Sartre
13.1 Essência e existência
13.2 Indivíduo e liberdade

14. Louis Althusser
14.1 O marxismo estrutural-funcionalista – Hélder Molina
14.2 Os Aparelhos Ideológicos de Estado – Hélder Molina


15. Iztván Mészáros
15.1 Capital X Capitalismo: a trans-historicidade do capital e a historicidade do capitalismo - Helder Molina
15.2 Da produção de capital nas sociedades pós-revolucionárias
15.3 Atualizando a noção de revolução: “Para Além do Capital”
Hélder Molina

A CRÍTICA MARXISTA AO MARXISMO “TRADICIONAL”
16. Robert Kurz, o Grupo Krisis e a crítica da sociedade do valor
16.1 A sociedade capitalista como expressão de um “sujeito automático”, o valor: a renovação da teoria do fetichismo em Marx
16.2 A crítica ao “marxismo do movimento operário”: da imanência da luta de classes ao sistema capitalista e de sua incapacidade para superar a sociedade do valor
16.3 O fetichismo da forma-mercadoria em último grau: A sociedade capitalista como processo automático de produção e reprodução de formas fetichistas
16.4 A superação da sociedade do valor: pelo fim do trabalho e das relações fetichistas

17. Socialismo X Barbárie: a atual sociedade e a alternativa do socialismo
18. Para além do capital: perspectivas para a solução da crise
Hélder Molina

PARA LER "O CAPITAL", DE MARX: QUESTÕES FUNDAMENTAIS

PARA LER “O CAPITAL” DE KARL MARX: QUESTÕES FUNDAMENTAIS

PROFESSOR HELDER MOLINA(*)

(*) Historiador, professor da Faculdade de Educação da UERJ - disciplinas Trabalho e Educação,e Educação e Movimentos Sociais. Mestre em Educação (UFF), Pós graduado em História do Brasil (Universidade Cândido Mendes), educador sindical e assessor de Formação do SINDPD/RJ.

(Rio de Janeiro-RJ, Maio de 2007

SINDICATO DOS SERVIDORES DA JUSTIÇA FEDERAL NO RJ
SISEJUFE
CURSO DE EXTENSÃO SINDICAL SOBRE MARXISMO
AULA SOBRE “O CAPITAL” - 04/MAIO/2007

1 – NOTAS METODOLÓGICAS SOBRE O CAPITAL .
· Obra mais importante de Karl Marx, Prefácio ao Volume I, "revelar a lei econômica do movimento da sociedade moderna". Pensadores econômicos anteriores haviam captado um ou outro aspecto do funcionamento do capitalismo. Marx procurou entendê-lo como um todo.
· Coerente com o método de análise e concepção de história, Marx analisou o capitalismo não como o fim da história, como a forma de sociedade correspondente à natureza humana, mas como um modo de produção historicamente transitório cujas contradições internas o levariam à queda (Alex Callinicos).
· O livro (correto seria tratar como um conjunto de 4 livros) refletem a busca do filósofo e economista Marx em buscar na história, economia, sociologia e antropologia argumentos que visem explicar a nova sociedade e o novo modo de produção nascidos depois da superação do modo de produção feudal e do Antigo Regime (a sociedade burguesa e o modo de produção capitalista).
· Marx elabora um conjunto complexo de teorias e conceitos e inferindo a lei econômica do movimento da sociedade moderna,
· Analisa os princípios de funcionamento, as contradições internas e as múltiplas maneiras de exploração do modo de produção capitalista.
· Descreve o capitalismo através das suas três relações fundamentais: relação de troca, relação salarial, e relação produtiva; esta última, relação básica e essência organizativa do capitalismo.
· O Capitalismo é, portanto, um modo de produção. Outros autores vão utilizar o conceito de sistema capitalista, Marx utiliza o conceito de modo de produção) que associa forças produtivas, conjunto de fatores da produção, a relações produtivas, relações sociais desempenhadas pelos indivíduos e pelos grupos no processo de produção e seus meios de controle.
· Trata-se, para Marx, de uma organização social baseada no sistema de troca, cujos capitalistas, donos dos meios de produção, compram a força de trabalho (mão-de-obra) e organizam e dirigem os processos de produção capitalistas.
· Demonstra Marx, que é através da exploração dessa mão-de-obra, agregando ao produto final sua força excedente, que o capitalista extrai o lucro, seu crescimento.


2 - ESTRUTRUTA E TEMAS FUNDAMENTAIS
· Livro I, publicado com Marx ainda vivo, em 1867 é um aprofundamento, com novos elementos, de seu texto "Crítica da economia política". Marx faz uma releitura crítica dos economistas clássicos ingleses, essencialmente David Ricardo e Adam Smith.
· Aqui Marx analise o processo de produção do capital: A mercadoria, o valor de uso, o trabalho materializado na mercadoria, o fetichismo da mercadoria, as metamorfoses das mercadorias, a transformação do dinheiro em capital, a produção e o conceito de mais valia, a produção da mais valia absoluta, a taxa da mais valia,
· a manufatura e sua origem, a maquinaria e a indústria moderna, a divisão do trabalho, a apropriação pelo capital das forças produtivas, a jornada de trabalho, o trabalho das mulheres e crianças, as leis gerais da acumulação capitalista, a acumulação primitiva, a teoria da colonização moderna.
· O Livro II, considerado o mais denso, mais complexo, com uma linguagem econômica, contábil e alguns áridos cálculos que exigem concentração e paciência para compreender em profundidade os conceitos. Publicado por Engels, a partir da reprodução dos manuscritos de Marx, em 1885.
· Nele Marx explicita e debate, de modo criterioso, o processo de circulação do capital. Desenvolvimento dos capitais autônomos e de sua relação com a circulação com o capital.
· Estuda o ciclo do capital-dinheiro, a função do capital produtivo, a reprodução simples e ampliada, a acumulação de dinheiro, o ciclo do capital-mercadoria, as metamorfose do capital e seu processo cíclico, o tempo de circulação, os custos da circulação, o tempo gasto em compra e venda, a contabilidade, o dinheiro, a rotação do capital, a circulação da mais valia, as polêmicas com Smith e os fisiocratas sobre a circulação do capital e a renda, o entesouramento, as variáveis do capital e o esquema da acumulação
· O livro III, escrito (a partir da revisão dos manuscritos produzidos por Marx, e dos estudos e análise feitas pelos dois) e publicado por Engels, em 1894, os processos da produção, circulação e acumulação capitalista. Portanto, as dois livros contam com decisiva contribuição de Friedrich Engels.
· Ainda no livro III ele analisa o processo de conjunto da produção capitalista, esboçando teorias das crises, dos juros, e da renda produzida pela terra. Crédito e banca, a renda fundiária
· Livro IV foi publicada por Karl Kaustsky, em 1905 é o menos conhecido e o menos citado. Nele consta os fundamentos da “ teoria da mais valia” os processos modernos de alienação através da extração de sobre trabalho e mais valia.
· Em resumo possível, o Capital descreve a sociedade burguesa e do sistema capitalista, comparado a uma imensa produção incessante de mercadorias;
· Assim se confirma a lei do valor tomada por economistas clássicos (lei que revela a própria essência do capitalismo: exploração da força de trabalho).
· Do acúmulo de riqueza, baseada nessa exploração; globalmente, irá criar riqueza para uns e miséria para tantos. Isso cria o chamado superpovoamento capitalista, um exército de reserva de trabalho (desempregados, mesmo com plenas capacidades produtivas). Trata-se de uma contradição fundamental que só pode se acentuar com o tempo.
· O trabalhador, conceito de Marx de proletário, é criador da riqueza e ao mesmo tempo relegado à miséria. Diante dos capitalistas, burgueses, donos dos meios de produção, os trabalhadores tendem a se organizar para travar uma luta política a fim de inverter a lógica de poder, passando esse poder aos trabalhadores.
· Então, baseando-se que cada processo histórico, cada fase de desenvolvimento humano, realiza-se um processo dialético por meio do qual o sistema de produção traz à tona uma classe dominante e, consequentemente, uma classe dominada, que, tomando consciência de sua realidade histórica e tornando-se revolucionária, acaba por conquistar o poder.
· Assim, o sistema capitalista traz em si os germes de sua própria destruição (como assim o feudalismo trouxe os capitalistas como germe destrutivo dela).
· Marx salienta uma teoria das crises, que aparecem sempre que não seja possível escoar todas as mercadorias produzidas.
· Tais crises são resultado direto das contradições internas do sistema, são inevitáveis e irão desmantelando e enfraquecendo aos poucos o capitalismo.



3 - ALGUNS CONCEITOS PRESENTES NA OBRA:

CAPITAL
(...) capital não é uma coisa, mas uma relação de produção definida(...) são os meios de produção monopolizados por um certo setor da sociedade, que se confrontam com a força de trabalho viva enquanto produtos e condições de trabalho tornados independentes dessa mesma força de trabalho(...) estamos então diante de uma determinada forma social, à primeira vista muito mística, de um dos fatores de um processo de produçãosocial historicamente produzido (O capital, III cap. XLVIII).”
· Da maneira mais simples, o capital é uma acumulação de valor que atua para criar e acumular mais valor. Bem antes do capitalismo, homens ricos acumularam riqueza pela expropriação de trabalho excedente de escravos e servos.
· Mas essa riqueza era usada para consumo, sendo que eles podiam ter uma maior porção das necessidades e luxúrias da vida. Essa riqueza não era capital, embora venha de uma fonte comum - trabalho excedente.
· O Capital propriamente dito somente vem à existência quando a mercadoria comprada e vendida é a força de trabalho, pois esse trabalho assalariado é o que define as relações de produção particulares ao capitalismo.
· Capital, portanto, é definido por duas coisas: o que ele é e como atua. Ele é uma acumulação de mais-valia produzida pelo trabalho, e essa acumulação pode tomar a forma de dinheiro, mercadoria ou meios de produção - e usualmente uma combinação dos três. Ele atua para assegurar acumulação posterior. Marx descreveu isso como "a auto-expansão de valor".
· Capital não é necessariamente identificado com capitalistas individuais. No desenvolvimento inicial do capitalismo, indivíduos ricos jogaram um papel importante, mas isso está longe de ser o caso nos dias de hoje.
· De fato está na natureza do capitalismo que o capital assuma vida própria, operando de acordo com uma lógica econômica que transcende quaisquer indivíduos. Unidades individuais de capital as quais são usualmente chamadas de "capitais", podem ser desde uma pequena companhia a uma grande corporação, uma instituição financeira a um Estado-nação.


4 - TRABALHO E VALOR
· A base de cada sociedade humana é o processo de trabalho, seres humanos cooperando entre si para fazer uso das forças da natureza e, portanto, para satisfazer suas necessidades.
· O produto do trabalho deve, antes de tudo, responder a algumas necessidades humanas. Deve, em outras palavras, ser útil. Marx chama-o valor de uso. Seu valor se assenta primeiro e principalmente em ser útil para alguém.
· A necessidade satisfeita por um valor de uso não precisa ser uma necessidade física. Um livro é um valor de uso, porque pessoas necessitam ler. Igualmente, as necessidades que os valores de uso satisfazem podem ser para alcançar propósitos vis.
· O fuzil de um assassino ou o cassetete de um policial é um valor de uso tanto quanto uma lata de ervilhas ou o bisturi de um cirurgião.
· Sob o capitalismo, todavia, os produtos do trabalho tomam a forma de mercadorias. Uma mercadoria, como assinala Adam Smith, não tem simplesmente um valor de uso. Mercadorias são feitas, não para serem consumidas diretamente, mas para serem vendidas no mercado. São produzidas para serem trocadas.
· Desse modo cada mercadoria tem um valor de troca, "a relação quantitativa, a proporção na qual valores de uso de um tipo são trocados por valores de uso de um outro tipo". (O Capital vol. .1, doravante C1 ) Assim, o valor de troca de uma camisa poderá ser uma centena de lata de ervilhas.
· Valores de uso e valores de troca são muito diferentes uns dos outros. Para tomar um exemplo de Adam Smith, o ar é algo de um valor de uso quase infinito aos seres humanos, já que sem ele nós morreríamos, mas que não possui um valor de troca. Os diamantes, por outro lado, são de muito pouca utilidade, mas tem um valor de troca muito elevado.
· Mais ainda, um valor de uso tem que satisfazer algumas necessidades humanas específicas. Se você tem fome, um livro não poderá satisfazê-lo. Em contraste, o valor de troca de uma mercadoria é simplesmente o montante pelo qual será trocado por outras mercadorias.
· Os valores de troca refletem mais o que as mercadorias têm em comum entre si, do que suas qualidades específicas. Um pão pode ser trocado por um abridor de latas, seja diretamente ou por meio de dinheiro, mesmo que suas utilidades sejam muito diferentes. O que é isso que eles têm em comum, que permite a ocorrência dessa troca?
· A resposta de Marx é que todas as mercadorias tem um valor, do qual o valor de troca é simplesmente o seu reflexo. Esse valor representa o custo de produção de uma mercadoria à sociedade. Pelo fato de que a força de trabalho é a força motriz da produção, esse custo só pode ser medido pela quantidade de trabalho que foi devotada à mercadoria.
· Mas por trabalho Marx não se refere ao tipo particular de trabalho envolvido em, digamos, assar um pão ou manufaturar um abridor de latas. Esse trabalho real, concreto, como disse Marx, é variado e complexo demais para nos fornecer a medida de valor que necessitamos.

· Para encontrar essa medida nós devemos abstrair o trabalho de sua forma concreta. Marx escreve: "Portanto, um valor de uso ou um bem possui valor, apenas, porque nele está objetivado ou materializado trabalho humano abstrato". (C1, p 47)
· Parte desta síntese são extratos do texto: “ Introdução ao O CAPITAL” , de Alex Callínicos.

5 - TRABALHO COMO ONTOLOGIA (REALIZAÇÃO, CRIAÇÃO, EMANCIPAÇÃO) E COMO MERCADORIA:

· Assim, o trabalho tem um "caráter dual":
"Todo trabalho é, por um lado, dispêndio de força de trabalho do homem no sentido fisiológico, e nessa qualidade de trabalho humano igual ou trabalho humano abstrato gera o valor da mercadoria. Todo trabalho é, por outro lado, dispêndio de força de trabalho do homem sob forma especificamente adequada a um fim, e nessa qualidade de trabalho humano concreto útil produz valores de uso." ( Marx, Cl, p. 53)
· Marx descreveu esse caráter dual do trabalho como um dos "melhores pontos em meu livro" (Correspondência Seleta). Foi aqui que a teoria de Marx separou-se das teorias de Ricardo e dos economistas políticos.
· Marx criticou Ricardo por se concentrar quase que exclusivamente na tentativa de achar uma fórmula precisa para determinar o valor de troca das mercadorias. Eles queriam, é claro, encontrar modos de prever os preços de mercado.
"O erro de Ricardo é que ele está interessado somente na magnitude do valor... O que Ricardo não investiga é a forma específica na qual o trabalho se manifesta como o elemento comum nas mercadorias", escreveu Marx. (Marx, Teorias da Mais-Valia ), livro III)
· Marx não estava interessado especificamente em preços de mercado. Sua meta era entender o capitalismo como uma forma de sociedade historicamente específica, descobrir o que faz o capitalismo diferente das formas anteriores de sociedade, e que contradições levariam à sua futura transformação.
· Marx não queria saber em que medida o trabalho formava o valor de troca das mercadorias, mas em que forma o trabalho realizava essa função e porque sob o capitalismo a produção era de mercadorias para o mercado e não de produtos para uso direto como nas sociedades anteriores.
· O caráter dual do trabalho é crucial para responder esta questão, porque o trabalho é uma atividade social e cooperativa. Isto é verdade não apenas no que toca a tipos particulares de trabalho, mas para a sociedade como um todo.
· O trabalho de cada indivíduo ou grupo de indivíduos é trabalho social no sentido de que ele contribui para as necessidades da sociedade. Essas necessidades exigem todo o tipo de diferentes produtos - não só vários tipos de alimentos, mas também vestuário, meios de transporte, instrumentos necessários na produção e assim por diante.
· Isto quer dizer que é necessário que diferentes tipos de trabalho útil sejam levados a cabo. Se cada um produzisse somente um tipo de produto então logo a sociedade entraria em colapso.
· Cada sociedade, portanto, necessita de alguns meios para distribuir o trabalho social entre diferentes atividades produtivas.
· "Essa necessidade da distribuição de trabalho social em proporções definidas não pode possivelmente ser suprimida por uma forma particular de produção social", escreve Marx .
· Mas há uma diferença fundamental entre o capitalismo e outros modos de produção. O capitalismo não possui mecanismos através dos quais a sociedade pode decidir coletivamente o quanto de seu trabalho será direcionado a tarefas particulares.

6 - MAIS VALIA E TAXA DE MAIS VALIA

Para Marx, a fonte básica do valor não é a circulação do dinheiro, e sim o trabalho humano. A força de trabalho possui este dom especial de, conservando o valor das matérias primas, ainda ampliar o valor do produto, depois de pronto.
· No entanto, os trabalhadores não se servem da força de trabalho que possuem em proveito próprio. os meios de produção pertencem a outras pessoas, e não aos trabalhadores.
· Por não possuirem os meios de produção, os trabalhadores são obrigados a vender a sua forma de trabalho, nas condições imposta pelo mercado capitalista. Onde tudo funciona em proveito dos capitalistas. com os enormes negócios feitos nos séculos xv e xvi a burguesia acumulou muito dinheiro (revolução comercial e revolução industrial)
· O trabalhador entrega ao capitalista o valor de uso de sua força de trabalho e recebe em retribuição o salário, que corresponde ao seu valor de troca.
O trabalhador adianta ao capitalista o uso de sua força de trabalho e só depois de tê-la aproveitado e que o capitalista lhe paga um salário.
O capitalista calcula os gastos com a conservação e a renovação de suas máquinas, calcula os salários e calcula o valor que a mercadoria produzida em sua fábrica poderá ter no mercado. descontada do valor do produto a parte que o capitalista paga ao operário, sob a forma de salário, o que sobre é a mais valia.
Ao comprar a força de trabalho do operário, o capitalis sabe que está pagando menos qo que o valor que ela vai produzir.
Essa lógica segundo Marx, não depende da boa ou má vontade do capitalista individualmente. È a livre concorrência que impõe a todos os capitalistas as leis imanentes da produção capitalista.
Se um capitalista resolvesse ser bonzinho e deixasse de obrigar os seus empregados a um sobre trabalho capaz de lhe proporcionar mais valia a sua empresa iria à falência. Frequentemente se confunde mais valia com lucro.
Mas lucro, segundo Marx, é apenas uma parte da mais valia. A mais valia abrange não só o lucro do capitalista como também o dinheiro que ele é obrigado a reservar para o funcionamento e o desenvolvimento de seu negócio, além de todas as espécies de juros ou de rendas que a propriedade permita auferir.
Toda mais valia – seja qual for a forma específica em que ela se cristaliza (lucro, juros, renda, etc) e sempre, substancialmente, a materialização de tempo de trabalho não pago.
· A taxa de mais-valia foi o nome dado por Marx para a razão entre a mais-valia e o capital variável, o capital investido na força de trabalho.
· Ela mede a taxa de exploração, em outras palavras o grau em que o capitalista foi bem sucedido em extrair mais-valia do trabalhador.
· Para nos valermos de um exemplo anterior: Se o trabalho necessário é de 4 horas, e o trabalho excedente 4 horas, então a taxa de mais-valia é 4/4, ou 100%.
· Existem dois modos, segundo Marx, pelos quais os capitalistas podem aumentar a taxa de mais-valia, um comum a todos os modos de produção, o outro específico do capitalismo. Esses modos correspondem respectivamente à produção de mais-valia absoluta e mais-valia relativa.
· A mais-valia absoluta é criada pelo aumento da jornada de trabalho. Assim, se os trabalhadores gastam 10 horas ao invés de 8 horas no trabalho, quando o trabalho necessário é ainda somente 4 horas, então mais 2 horas de trabalho são adicionadas. A taxa de mais-valia aumentou de 4/4 para 6/4, ou de 100% para 150%.
· Algumas das páginas mais brilhantes de O Capital são aquelas nas quais Marx descreve como, especialmente nas fases iniciais da revolução industrial os capitalistas procuraram estender a jornada de trabalho tanto quanto possível, forçando até mesmo meninos de nove anos a trabalharem três turnos de doze horas nas terríveis condições das fundições de ferro.
· "O Capital", ele escreve, "é trabalho morto, que apenas se reanima, à maneira dos vampiros, chupando o trabalho vivo e que vive quanto mais trabalho vivo chupa". (C1, 189)
· Existem todavia limites objetivos para aumento da jornada de trabalho. Se aumentada demais produz "não apenas a atrofia da força de trabalho, a qual é roubada de suas condições normais, morais e físicas, de desenvolvimento e atividade", como também "produz a exaustão prematura e o aniquilamento da própria força de trabalho" (C1, 212).
· O capital que depende da força de trabalho como fonte de valor, atua assim contra seus próprios interesses. Ao mesmo tempo, o impiedoso aumento da jornada engendra a resistência organizada de suas vítimas.
· Marx relata o papel cumprido pela ação coletiva dos trabalhadores para forçarem os capitalistas britânicos a aceitar o "Factory Acts" (leis fabris limitando as horas de trabalho).
· "E assim a regulamentação da jornada de trabalho apresenta-se na história da produção capitalista como uma luta ao redor dos limites da jornada de trabalho - uma luta entre o capitalista coletivo, isto é, a classe dos capitalistas, e o trabalhador coletivo, ou a classe trabalhadora". (C1, 190)
· O capital pode, entretanto, aumentar a taxa de mais-valia também pela produção de mais-valia relativa. Um aumento na produtividade do trabalho levará a uma queda no valor das mercadorias produzidas.
· Se alguma melhoria técnica nas condições de produção barateia os bens de consumo que os trabalhadores compram com seus salários, então o valor da força de trabalho também cai.
· Menos trabalho social será necessário para reproduzir a força de trabalho, e a porção da jornada de trabalho dedicada ao trabalho necessário cairá, deixando mais tempo gasto criando mais-valia.
· Digamos que uma maior produtividade em indústrias de consumo leve à queda pela metade do valor dos bens de consumo. Para retornarmos ao nosso exemplo, o trabalho necessário tomará agora apenas 2 horas de trabalho do total de 8 horas. Assim a taxa de mais-valia é agora 6/2. Ela aumentou de 100 para 300%.
· Marx afirma que embora tanto a mais-valia absoluta como a relativa sejam encontradas em todas as fases do desenvolvimento capitalista, tende a haver uma mudança histórica em suas importâncias.
· Quando as relações de produção capitalistas foram introduzidas inicialmente, o foram sobre a base de métodos de produção herdados das indústrias artesanais da sociedade feudal.
· Esses métodos artesanais não são, de início alterados fundamentalmente: os trabalhadores são simplesmente agrupados em maiores unidades de produção e sujeitos a uma mais complexa divisão de trabalho.
· Novas relações de produção são enxertadas a um velho processo de trabalho:
"Dado o modo de trabalho preexistente (...) a mais-valia só pode ser criada pela ampliação do dia de trabalho, isto é, aumentando a mais-valia absoluta." (C1)
· Em um modo de produção como o feudalismo, onde nem o explorador nem o explorado tem necessariamente um interesse forte em expandir as forças produtivas, mais trabalho excedente só pode ser extraído dos produtores diretos fazendo-os trabalharem mais horas. O capitalismo, contudo, introduz um novo método de aumentar a taxa de exploração, conseguindo que os trabalhadores trabalhem mais eficientemente.
· "Com a produção de mais-valia relativa toda forma de produção é alterada e vem à existência uma forma de produção especificamente capitalista". (C1) O que Marx chama de manufatura, baseada sobre "a ampla base do artesanato urbano e da indústria doméstica rural" (C1,288)
· E suplantada pela moderna indústria de larga escala ou maquinofatura", na qual a produção é organizada em torno de sistemas de máquinas e o processo de trabalho é constantemente alterado à luz de inovações tecnológicas. "Agora surge um modo de produção específico tecnologicamente - produção capitalista - que transforma o processo de trabalho e suas condições existentes." (C1)
· A mais importante conseqüência é que o processo de trabalho torna-se crescentemente socializado. A produção ocorre agora em amplas unidades organizadas em torno de máquinas, e envolvendo uma divisão de trabalho altamente complexa.
· "A verdadeira alavanca do processo de trabalho global é cada vez mais não o trabalhador individual, mas a força de trabalho socialmente combinada. (C1)
· O capitalismo portanto cria o que Marx chama de "trabalhador coletivo", do qual os indivíduos são membros agrupados pelo esforço conjunto de produzir mercadorias.
· Marx enfatiza que o propósito das constantes transformações do processo de trabalho no capitalismo é de aumentar a taxa de exploração através da produção de mais-valia relativa: "igual a qualquer outro desenvolvimento da força produtiva do trabalho, ela [a maquinaria] se destina a baratear mercadorias e encurtar a parte da jornada de trabalho que o trabalhador precisa para si mesmo.
· A fim de alargar a outra parte da sua jornada de trabalho ela dá de graça para o capitalista. Ela [a maquinaria] é meio de produção de mais-valia". (C1, Tomo2, 5)


Isto ajuda a esclarecer o que nós vimos no último capítulo, que as força produtivas se desenvolvem até onde as relações de produção predominantes permitem. A peculiaridade do capitalismo é que essas relações exigem contínuos aperfeiçoamentos na produtividade do trabalho.

7 - CONCORRÊNCIA, PREÇOS E LUCROS
· A análise de Marx do processo de produção capitalista feita no primeiro volume de O Capital é feita num nível de abstração bastante elevado. Mais importante é o fato de que ele presume que as mercadorias são trocadas pelos seus valores, isto é, em proporção ao tempo de trabalho socialmente necessário para sua produção.
· Em particular, ele exclui os efeitos da concorrência e das flutuações na oferta e procura das mercadorias.
Este procedimento era justificado porque Marx tinha como objetivo compreender as características essenciais da economia capitalista, e buscar as suas fontes na extração de mais-valia dos trabalhadores no processo de produção.
· O objeto de Marx ao analisar o processo capitalista de produção era o que ele chamou "capital em geral como distinto dos capitais particulares". Isso, ele reconheceu, era uma abstração, não
· "uma abstração arbitrária mas uma abstração que apanha as características específicas que distinguem o capital de todas as outras formas de riqueza - ou modos pelos quais a produção social se desenvolve. Esses são os aspectos comuns a cada capital enquanto tal, ou que transformam cada soma específica de valores em capital". (G)
· Os aspectos comuns "a cada capital enquanto" tal desmoronam diante do fato de que o capital é a auto-expansão de valor, que surge da exploração do trabalhador na produção.
· Portanto, o que distingue o capital dos outros "modos pelos quais a produção social se desenvolve" é a mais-valia enquanto "a forma econômica específica na qual trabalho excedente não pago é extraído dos produtores diretos". (C3) A análise do "capital em geral" está voltada para desvelar a base das relações capitalistas de produção.
· Há, porém, um outro estágio na análise do capitalismo feita por Marx. Vimos que este modo de produção envolve duas separações: uma entre a força de trabalho e os meios de produção, a qual subjaz à troca entre trabalho assalariado e capital e assim torna possível a extração de mais-valia; a outra entre as unidades de produção, que surgem do fato de que não há , no capitalismo, um modo coletivo para distribuir o trabalho social entre diferentes atividades, e por isso produtores individuais relacionam-se uns com os outros através da troca de seus produtos.
· É um traço essencial do capitalismo que nenhum produtor único controla a economia. "O capital existe e só pode existir como muitos capitais", escreve Marx. (G)
· A esfera dos "muitos capitais" é a da concorrência. Capitais individuais lutam entre si por mercados, procurando ganhar o controle de setores particulares. O comportamento desses capitais só pode ser entendido à luz da análise feita por Marx do "capital em geral" e especialmente do processo de produção.
· O que os torna capitais é a auto-expansão de valor na produção. Mas em um sentido muito importante a análise de Marx sobre a concorrência completa a do processo de produção. Para apreciar este ponto plenamente, devemos primeiro dar uma olhada nos três volumes de O Capital.
· O volume 1, como vimos, trata da análise do processo de produção. Mas porque o capitalismo é um sistema de produção generalizada de mercadorias, o capitalista realmente obterá a mais-valia que ele extraiu do trabalhador somente se ele consegue vender as mercadorias que corporificam esse valor.
· O que Marx chama de a realização do valor criado na produção - a sua transformação em dinheiro - depende da circulação de mercadorias no mercado.
· É no livro III que a análise da concorrência se torna relevante. Nele Marx trata da produção capitalista como um todo. Porque a realização do valor gerado na produção depende da circulação de mercadorias,
"o modo capitalista de produção, considerado como um todo, é unidade de processo de produção e de circulação (...) As configurações do capital, como as desenvolvemos neste livro, aproximam-se, portanto, passo a passo, da forma em que elas mesmas aparecem na superfície da sociedade, na ação dos diferentes capitais entre si, na concorrência e na consciência costumeira dos agentes da produção" (C3, Tomo1, 21)
A importância central da concorrência é que através de sua pressão os produtores individuais são forçados a se comportarem como capitais. "A influência de capitais individuais sobre um outro tem precisamente o efeito de que eles devem conduzir-se enquanto capital". (G) .

Helder Molina, Maio de 2007 – Rio de Janeiro

8 - Referências bibliográficas:
1 - Callinicos, Alex, Indrodução a “O Capital”, disponível na WEB,
2 - Bottomore, Tom. Dicionário do Pensamento Marxista. Jorge Zahar Editora, RJ, 2000.
3 - Konder, Leandro. Karl Marx, Cromosete editora, SP, 1997.
4 – Marx, Karl. “O Capital” . Livros I, II, II, IV. Civilização Brasileira, RJ, 1988.
Molina, Helder. O Capital de Marx e o capitalismo hoje: Atualidade e da teoria marxista. Texto para disciplina Epistemologia, Mestrado em Educação, UFF, RJ, 2001.

CONCEPÇÃO DE PARTIDO EM MARX, LENIN, GRAMSCI E TROTSKY

Concepção de Partido como instrumento de transformação social, e da conquista do poder político pelos trabalhadores:

- Conceitos, história e atualidade do Partido,
Em Marx, Lenin, Gramsci, Trotsky

Texto retirado do blog, temporariamente, para atualização, aperfeicoamento teórico. Será postado em 05 de janeiro de 2009

Helder Molina

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

FORMAÇÃO: CONSCIÊNCIA DE CLASSE E AÇÃO POLÍTICA

FORMAÇÃO: FERRAMENTA ESTRATÉGICA PARA O TRABALHADOR

Helder Molina (*)

A emancipação dos trabalhadores deve ser obra dos próprios trabalhadores, as mudanças sociais profundas só foram realizadas a custo de muita luta de nossa classe. A única classe que desejo, pode e precisa mudar o mundo é a classe dos trabalhadores. Essas questões só podem ser compreendidas se estudar paciente e atentamente a realidade.Conhecer para lutar melhor. Debater para aprender coletivamente. A formação é mais do que nunca essencial para os sindicatos e para todos movimentos sociais. Formas novos militantes, descobrir coletivamente novas estratégias e formas de lutas.O mundo hoje é complexo, mas não adiante só constatar isso.Todas as vêzes em que terminamos um curso ou seminário de formação, no momento da avaliação, a maioria dos participantes reafi rmam a importância da formação política, tanto para os novos quanto para os antigos militantes e dirigentes.Que a formação deve ser prioridade, deve ser continuada, abordar outros temas, para compreender a história, a economia, a política, a sociedade, direitos sociais, meio ambiente, saúde, gênero, cultura, educação, o Estado, enfim, aprofundar o conhecimento sobre todos os aspectos da vida do trabalhador.E esse sentimento de que a formação é algo estratégico, fundamental e necessário, vem sendo manifestado em todos os espaços de debate das direções, congressos e plenárias sindicais.É verdade que vivemos um tempo complexo, com profundas e aceleradas mudanças no mundo do trabalho, de globalização, crise do emprego formal e do trabalho assalariado.Um tempo em que a dominação capitalista se traveste de novas formas de gestão, de novos métodos de produção, de novas sociabilizadas baseadas no consumo, no individualismo, na competição é na desenfreada busca de respostas individuais para problemas que só podem ser resolvidos coletivamente.As inovações tecnológicas, o endeusamento do mercado, que transforma o dinheiro numa religião, a alienação crescente dos jovens, a falta de perspectivas profissionais, a exclusão crescente das massas trabalhadoras, colocam para nós o desafio de se debruçar nos estudos, abandonar as respostas fáceis, os chavões, as palavras de ordens vazias de conteúdos, e aprofundar na reflexão política da realidade em que vivemos.Ler, criticar o que lê, estabelecer comparações sobre o que se está lendo, buscar dados, informações complementares, se abastecer de teoria, para enfrentar um praticismo cada dia mais despolitizado que assola o sindicalismo atual. A formação é uma arma estratégica, uma ferramenta cada dia mais essencial, pois ela permite o debate, a reflexão coletiva, a elaboração científica das respostas aos nossos atuais desafios.O próprio movimento sindical passa por profundas mudanças, temos o desafio colocado pela reconhecimento e legalização das centrais sindicais, pelo nova confi guração da estrutura sindical atual.Tarefas cada dia mais importantes como a luta pela redução da jornada de trabalho, o combate ao imposto sindical e a busca de novas formas autônomas e livres de fi nanciamento dos sindicatos, a necessidade de se realizar campanhas massivas de sindicalização, no sentido de fortalecer os sindicatos.As lutas pela aprovação das convenções da OIT (87, 151, 158), entre outras urgentes tarefas.No setor público, garantir as mesas de negociação, a ampliação e defesa dos direitos, o respeito ao trabalhador do serviço público.Por isso criar, ter, manter e aprofundar seu plano de formação política e sindical, fortalecendo as delegacias, OLTs, sessões sindicais, CIPAs, núcleos, representações por locais de trabalho, etc, politizando os debates, ampliando sua representação, trazendo novos filiados, dando argumentos aos seus dirigentes nos embates contra o Estado e os patrões.O sindicalismo combativo deve aprofundar a formação, para consolidar-se, tornar-se mais representativa, forte, democrática, autônoma, independente, e de luta e enraizada em todo território nacional. Não é hora de divisão, é hora de dar sentido e engajamento estratégico.Organizar um coletivo de formação, manter uma agenda de cursos, com metodologias que garantam a participação de todos, em todos os níveis, sem dogmatismos, sem preconceitos, sem patrulhamentos, sem arrogâncias pretensamente intelectuais, são tarefas da gestão sindical.Analisar a conjuntura, discutir e conhecer as concepções sindicais em disputa hoje no movimento, conhecer a história de nossa classe, estudar as classes sociais, o Estado brasileiro, abordar as questões de gênero, sexualidade, juventude, aposentados, questões etnico-raciais, enfim. uma agenda plural, que não seja meramente decorativa, mas permanente, continuada, para fazer avançar nossa organização, na luta contra o capitalismo e seu Estado, a burguesia, e os inimigos dos trabalhadores. Se muito conquistamos, é porque muito lutamos.Avançar depende da nossa união, solidariedade e construção coletiva. Se muito vale o já feito, mais vale o que será.

*Helder Molina é Licenciado e bacharesl em História/UFF, mestre em Educação/UFF,doutorando em Políticas Públicas e Formação Humana/PPFH-UERJ, educador sindical, professor da faculdade de Educação da UERJ

ÉTICA E PRÁTICA SINDICAL - SER SINDICALISTA

PORQUE SER SINDICALISTA?

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE NOSSAS POSTURAS
ÉTICO-POLÍTICAS E PRÁTICAS SINDICAIS (*)
(*) - Helder Molina
Historiador
Mestre em Educação
Professor da Faculdade de educação da UERJ
Educador Sindical
Assessor de Formação do Sindpd/RJ

Estes apontamentos, críticas e sugestões foram sendo construídos a partir de minha vivência profissional e de minha militância entre os dirigentes sindicais. Nestes quase 15 anos de atividade como trabalhador em sindicatos e para sindicatos e movimentos sociais (e consta de minha memória política e trajetória profissional ter trabalhado, e estou cotidianamente trabalhando, para centenas de sindicatos, quase milhares de dirigentes e militantes sindicais, dentro e fora do Estado do Rio)
Como militante, como formador sindical, educador de projetos educacionais desenvolvidos por sindicatos, e de professor, venho me indagando se os dirigentes sindicais entendem realmente quais são suas tarefas e suas funções dentro de uma entidade sindical.
São reflexões de críticas e autocríticas, agudas, duras, fortes, mas fraternas e solidárias, não dirigidas especificamente a nenhum dirigente sindical, mas como contribuição para que o movimento sindical reencontre os caminhos pensados por seus generosos fundadores.
Alguns traços são comuns em grande parte dos sindicatos, de diferentes categorias, setores produtivos, ramos, regiões. Traços de uma antropologia sindical,ou de uma psico-sociologia do dirigente sindical. Resolvi tornar públicas estas reflexões, depois de socializar este texto em cursos, reuniões, conversar e ler, com alunos (as) da universidade, colegas, companheiros (as) e amigos (as) militantes, trabalhadores (as) dirigentes sindicais e de movimentos sociais.

A porta de entrada para o sindicato, para a maioria dos dirigentes, é a prática, a experiência da luta direta, dos enfrentamentos. A partir dela muitos trabalhadores e trabalhadoras saem de seus locais de trabalho e assumem um cargo ou uma função no aparelho sindical, como dirigente.
Ao chegar à estrutura, muitas vezes desconhecendo seus processos internos de funcionamento, sua cultura interna, seu emaranhado burocrático e as micro relações de disputas de poder, de costumes, enfim, precisam tomar decisões, fazer “as coisas andarem, responder ao que a categoria cobra” e vão se movimentando na máquina e no movimento, mesmo sem conhecer o terreno onde estão pisando.
Outros dirigentes sindicais passam anos, mandatos após mandatos dentro do sindicato sem saber qual o seu verdadeiro papel, para que foram criados, e a que serve. É bem verdade que a “culpa” não cabe apenas a ele, mas, principalmente, ao próprio sindicato não lhe possibilita qualquer tipo de formação, não o qualifica política e ideologicamente para entender o sindicato como instrumento de transformação social e defesa dos direitos. Muitos não têm a extensão da importância histórica e política deste instrumento de classe. São tomados de uma vontade de acertar, de fazer, que se confunde com um desorganizado voluntarismo militante.
O próprio dirigente, em geral, também se preocupa muito pouco com isto e, na falta de uma política de formação, acaba saindo da diretoria do sindicato do mesmo modo que entrou. Muita tem menosprezo pela formação, acham-na de menor importância. Assumem um praticismo sem reflexão, vazio de estudo, carregado de palavras de ordem, parecem latas barulhentas às vezes se movendo na superfície da política, cheios de preconceitos, de preguiça teórica, e com pouco ou nenhum conhecimento político e de teoria.
Às vezes constroem um pequeno latifúndio político em área de domínio, onde se sente dono, todo poderoso, chefe, mini monarca, aprendiz de déspota. Uma miniatura de sua visão de poder, do que faria se tivesse em mãos o aparelho de Estado, o governo, o orçamento e a máquina pública (carros, telefones, computadores, subalternos). Ou é um simulacro de empresário, com DNA de capitalista circulando nas veias, coração e mente.
Muitos assumem postura e práticas mandonistas, arrogantes, burocratizantes, etc. Sem projeto estratégico, sem metas coletivas definidas, vão se movendo ao formato das ondas, seguindo o rumo da maré. Quem não tem caminho definido, caminha sem rumo, qualquer caminho serve, e sem ter certeza onde quer chegar, fica fazendo as mesmas coisas ao longo do tempo, caem na rotina, na monotonia, no automatismo das “tarefas cotidianas”, fazendo diariamente tudo quase sempre igual, do amanhecer ao fim da noite, colocando a vida sindical numa espécie de piloto automático
Para certos sindicalistas basta ir à escola, à empresa, ao banco, à loja, ao canteiro de obras, à fábrica (dependendo do ramo onde atua), falar no carro de som, distribuir um jornal de vez em quando, fazer uma visita burocrática “à base” e pronto, está com a “consciência tranqüila do dever cumprido”.
Eis, então o protótipo do dirigente sindical. São poucos aqueles que lêem jornal diariamente, discutem os conteúdos do que leram, refletem e comparam, criticam, discutem, analisam a conjuntura para além das aparências descritas pelas manchetes ou pelas opiniões dos colunistas. Muitas vezes saem repetindo uma informação pela metade, uma versão deformada do fato em si. Ouvem pouco, na verdade detestam ouvir, não têm paciência com os argumentos dos outros.
Poucos se interessam pelo estudo e aprofundamento de economia, de política internacional, de políticas públicas, de educação, de meio ambiente, de direitos humanos, de preconceitos, de ideologia, de cultura, enfim. Nas reuniões de diretoria há pouca prioridade para o debate de conjuntura, de estratégias políticas de longo prazo, de reflexão crítica e autocrítica sobre sua própria prática.
Confundem a análise da conjuntura e da correlação de forças na luta de classes com meros informes, repasses de decisões de reuniões, relatos de plenários, ou agendamento de tarefas e planos de lutas. Poucos sindicatos pautam análise de conjuntura em suas reuniões, quando muitos elas se reduzem a confrontação de posições das tendências ou marcação de posição sobre “a verdades que temos”, contra “os equívocos e erros que outros carregam”. Sempre estamos certos, os outros é que não têm a certeza que temos. Errados são os outros!
A maior parte do tempo se discute administração, questões internas, burocracia da máquina, cobrança ou vigilância sobre a prática ou o que pensa ou faz o outro colega de gestão, da outra corrente, ou da outra empresa, ou da outra fábrica. Quando se tem correntes diferentes na mesma direção, a demarcação de posição e a luta por hegemonia interna ficam mais evidentes.
Controlar a tesouraria, o talão de cheques, a conta bancária, as chaves dos carros, e ter domínio pleno da secretaria geral é o que mais causa disputa na conformação da hegemonia interna da entidade. As montagens das chapas, a disputa pelos cargos, as negociações dos congressos, os arranjos das plenárias, a “contagem de garrafinhas” faz desperdiçar enormes energias políticas e esgarçam os tecidos éticos e políticos das vanguardas e às vezes a troco de tudo se esvaziar alguns meses depois de assumir o mandato. A correlação de forças, quando não bloqueia, emperra, tornam verdadeiros fantasmas a amedrontar o sono dos vivos, que assumiram o mandato e estão trabalhando! Um dia os fantasmas voltam, para recompor a correlação estática, inerte e burocrática.
Como cuidam apenas de suas tarefas individuais, de seu micro espaço de poder, são poucos os que lêem contratos coletivos, os textos dos dissídios das outras empresas, fábricas, fazendas, bancos, lojas ou orgãos que não sejam o seu. São sindicalistas de uma empresa só, de seu local de trabalho só, de sua base, de seu “feudo”, que não pode ser “abandonado” senão os piratas entram e desapropriam seu trunfo de pode.
O corporativismo fica evidente, minha empresa ou meu orgão primeiro. Negam na prática, de forma consciente ou não, a solidariedade, a visão de classe, a luta geral, a emancipação coletiva, que originou a árvore do sindicalismo, e deu frutos duradouros, do internacionalismo proletário, da unidade dos trabalhadores contra o capital e o Estado burguês. Reduzem tudo ao sindicalismo de conquistas pontuais, de campanhas salariais, de defesa do assalariamento, de negociação do valor da venda da força de trabalho.
Quantos lêem pelo menos dois livros por ano? Há muitos sindicatos que possuem bibliotecas, que o departamento de formação compra livros, centros de memórias, centro de vídeos, mas poucos gastam seu precioso tempo lendo, consultando, escrevendo. Muitos sindicalistas acham desnecessário existir departamento de formação, ou o tratam com desdém, com menosprezo, quase sempre sem recursos.
Na hora de montar as chapas, escolhem os “cargos que tem poder”. E a formação, a cultura, as políticas sociais? ficam para na repartição das sobras. Gênero? Entrega para alguma mulher da chapa! Quando possuem essa secretaria. Raça? Entrega para algum negro ou negra, para garantir que respeita a diversidade! Essa política está matando o sindicalismo combativo, classista e anticapitalista! Formação é visto como gasto, como custo, como excedente, não como investimento político, como produção de novos militantes, como instrumento para renovar e reinventar a ação sindical
Poucos sindicalistas, ainda bem que existem muitos, carregam nas pastas, ou nas suas estantes, livros de análise social, ética, de filosofia política, de direito do trabalho, de inovações tecnológicas, de ideologia e alienação, de história de seu país, de cultura, de destruição do meio ambiente, de raça-gênero-classe, de revoltas populares e movimentos sociais rurais, por exemplo.
Enfim, de formação intelectual mais ampla que o corre-corre do cotidiano?? Um sindicalismo que não discute estratégia só fica na tática! Um movimento que não se alimenta de utopias, vive escravo do pragmatismo, submisso à mordaça do possível!
Quantos, depois que entram na máquina, se afundem na micro física do poder se preocupam em voltar a estudar? Em fazer uma graduação ou uma pós graduação, ir a uma palestra, um evento científico, uma conferência de um tema fora de seu âmbito profissional ou de atuação política, a um bom teatro, uma exposição num museu, a um bom filme. Umas vezes a desculpa é falta de dinheiro, noutras, a falta de tempo, o excesso de “tarefas” sindicais. Sempre se tem uma boa desculpa a justificar.
O dirigente – como o próprio nome já diz – é para dirigir, formular, apontar caminhos, ocupar-se da busca de alternativas. Mas formular e dirigir o que? Mas quantos têm realmente postura de dirigente? Tolerância? Paciência? Argumentação? Compromisso ético? Conteúdo político? e capacidade de negociar e dialogar em situações adversas? em que se exige uma atitude de dirigente? A ponto de assim ser reconhecido pelos colegas de trabalho, a base?
Uma das tarefas do dirigente sindical é organizar o movimento, movimento se produz de teoria e prática (Lênin, líder da Revolução Russa, dizia que só existe movimento revolucionário se existir teoria revolucionária, e prática revolucionária! Ta bom, se não quiser usar o termo “revolucionário”, que se use o termo “crítico”, ou “anticapitalista”. A verdade é que teoria-prática-movimento é produto de um processo inseparável, que se retroalimentam.
O papel de direção é fundamentalmente o de canalizar e potencializar as energias dos trabalhadores, sentir as necessidade de sua base, viver com ela, dialogar com ela, sem arrogância, sem pedantismo, sem se sentir dono da verdade, sem autoritarismo, buscando sempre convencer e trazer para o lado do sindicato, a construção da consciência é um caminho longo, tortuoso, contraditório, mas só com consciência e organização coletiva se muda o mundo!
Estar constantemente em contato com base é um requisito essencial para que se tenha representatividade, legitimidade, não só para passar informações, mas para ouvir, sentir o que ela está sentido, pensar o que ela está pensando, pulsar com ela, sentir o pulso dela, ser intérprete dela, para fazer avançar, evoluir a organização, dar um agir coletivo à nossa herança capitalista de competir e resolver tudo sozinho.
Só a partir do que sente e pensa a base é que o dirigente pode transformar em propostas objetivas e viáveis o que a categoria quer. Só conhecendo as demandas concretas é que podemos politizá-las, dando um sentido político mais amplo a uma luta isolada e corporativa, e dessa forma dar conta das demandas, desejos e inquietações dela.
Alguns dirigentes ouvem pouco a base, se afastam do mundo real, elaboram propostas sem levar em conta a correlação de forças, sem verificar cautelosamente quem são os aliados táticos e estratégicos, os aliados imediatos e os históricos, sem conhecer a força e a fraqueza do inimigo de classe e dos aliados destes. Tomam decisões radicais na forma, mas impotentes no conteúdo, sem medir prós e contras de uma determinada conjuntura, que armas possuímos, como disse, radicalizam na forma, muitas vezes impotentes no conteúdo.
Existe uma dialética na prática e na teoria dos movimentos, das pessoas, enfim, do processo educativo, que diz que devemos elaborar mobilizando e mobilizar elaborando. Gramsci, um militante comunista italiano, chama isso de Práxis, uma síntese entre teoria e prática. Que se arma da luta prática e do estudo aprofundado. Alguns dirigentes querem prescindir da base e passam a elaborar apenas abstrações. Dirigente que se preza não mobiliza ninguém no abstrato ou só porque está com raiva do patrão, desilusão com o governo, ódio do inimigo, possuído por uma obsessão sem racionalidade política.
Muitos não ultrapassam o senso comum, não superam seus preconceitos, olham e tratam os outros com desprezo, olhando de cima, dando ordens para a categoria e para os que o cercam, muitas vezes abusando de uma autoridade conferida pelo mandato sindical para assediar moralmente funcionários sindicais e mesmo sendo intransigente. Mal disfarçam seu papel de dedicado aprendiz de patrão!
Para ser um bom dirigente é preciso construir uma cultura de respeito e de valorização pelo que o outro faz. Ensinar significa transferir o que de bom você possui. Educar para a solidariedade, para a tolerância, para a vida em coletivo, para a troca e a parceria.
Outra tarefa importante do dirigente é praticar a democracia. É contraditório falar em democracia e atropelar a base, usá-la como massa de manobra, tendo a base por ignorante e equivocada, atrasada e burra! É contraditório falar em democracia e encaminhar diferente do que a maioria decidiu, ou interpretar o seu modo o que foi aprovado com o melhor para o coletivo.
Mesmo que os trabalhadores não saibam verbalizar ou escrever suas reivindicações, eles darão sinais, pistas, caminhos, se soubermos ouvir, que serão fundamentais para a vitória destas. O dirigente, como disse anteriormente, e nunca é demais reafirmar, tem que ouvir, ouvir mais do que falar.
O dirigente sindical tem que democratizar o espaço sindical, fazendo com que ela seja de total liberdade para as grandes discussões e propostas da categoria. O sindicalista deve criar formas e mecanismos que permitam à categoria opinar e discutir.
O sindicato deve se posicionar sobre vários temas da atualidade e da vida do trabalhador, para isso deve estimular a existência de plebiscitos, exercício da democracia direta, consultas, coletivos temáticos, grupos de trabalho, reuniões, assembléias, debates, seminários, oficinas, congressos.
Quantos sindicatos menosprezam o planejamento estratégico? Atuam como bombeiros, sempre correndo para apagar os incêndios, ou fazendo a “política do cachorro louco”, que ficam correndo atrás do próprio rabo, sem entender que a doença está na cabeça, e se manifesta no rabo. Erro de diagnóstico, erro de tratamento!
O bom dirigente sindical deve ser planejador, ter governabilidade sobre o que planeja, executar o que planeja, planejar o que executa! Não viver apenas em função do dia a dia. Tem que pensar sua ação no sindicato tendo a dimensão do curto, do médio e do longo prazo. Entender o que tático, provisório, passageiro, do que é estratégico, permanente, princípio, meta.
Um dirigente qualificado tem que estudar as grandes transformações sócio econômicas e política para buscar entender o que tudo isso repercute no cotidiano do trabalhador, o desanima, o aliena, o fragiliza, o desespera, enfim. Buscar compreender o que estas mudanças produziram nas condições de vida e de trabalho de nossa classe. Entender o todo para agir no específico.
Estudar a história de nossa classe, como tudo começou e porque começou. O que mudou, porque mudou e como mudou. As concepções e práticas das gerações de sindicalistas anteriores a nós, e ver o que herdamos, o que rompemos e o que precisamos alterar, para melhor agir nos tempos de hoje. Por falar nisso, você planejou seu dia de hoje? Já estudou hoje?
O dirigente combativo e consciente não deve ficar aprisionado ao corporativismo, preso aos interesses imediatos do cotidiano que o cerca, mas buscar traze-los para os interesses mais amplos da categoria e da classe.Tem dirigente que fica 10 anos no sindicato e continua corporativismo, só vai ao seu local de trabalho. Não evoluem. Não compartilham os problemas dos outros setores, parecem defender um latifúndio, avesso a fazer uma reforma agrária do terreno onde influem politicamente. Permanecem presos na rotina, na zona de conforto, na mesmice
O dirigente deve ter uma relação familiar normal, ter tempo para lazer, convier com os amigos, com os filhos, ir ao jogo de seu time, curtir as manhas de sol de domingo, passear, há tanta cultura e história para se conhecer e viver na sua cidade, nas cachoeiras, nas praias. Promover festas, reunir os amigos, lazer, confraternização, bate papo, cantoria, um pelada de futebol, sem a primazia da competição, mas pela alegria da comunhão coletiva, do aprendizado de classe.
Alguns estouram a vida por causa do sindicato, do partido. Carregam sentimentos de culpas. Muitos dirigentes usam o sindicato e o mandato com mecanismo de fuga, como gangorra afetiva, bastidor de frustrações, como terapia ocupacional, como desaguadouro da defasagem profissional.
Tem dirigente sindical mal humorado, carrancudo, sempre armado, com resposta pronta, que desconfia de tudo e de todos, infeliz, angustiado, extressado, cuida pouco de si.. Sua ideologia deve te fazer acreditar na vida e num futuro melhor, é para isso que lutamos. Portando, um futuro que nos torne mais felizes, num presente de lutas menos sofridas, porque lutar não é sinônimo de cumprir penitência.
Reafirmo: Uma desgraça que nos assola: Muitos, nos momentos de disputa eleitoral, brigam ferozmente por um cargo na chapa, uma vaga na próxima diretoria. Noites e noites de debates para montar o quebra-cabeça dos cargos. Após a eleição, a posse festiva e tantas promessas e declarações de princípios, depois desaparecem, quando muito vêm nas reuniões, e são especialistas em criticar. Quando lhe interessa, assume o crachá de dirigente, quando não lhe interessa, se esconde e faz de conta que não é com ele.
Dirigente que se preza faz avaliações constantes de seu desempenho. O que estou fazendo? Porque estou no sindicato? Cresci? Produzi? Ajudei o grupo a crescer? Fui menos vaidoso hoje? Pratiquei a tolerância no trato político? Cumprimentei os funcionários? Minhas críticas foram construtivas? O movimento cresceu? O sindicato se fortaleceu? Quantas pessoas eu trouxe para o sindicato com minhas atitudes? Fiz relatórios aos colegas daquilo que fiz?
A avaliação não deve ser uma forma de punir, mas como método de crescimento, processual, mediadora, construtora de laços e de projetos. Aceitar críticas da base. Alguns dirigentes se dizem apolíticos, estufam o peito, fazem questão de se dizer apartidários, apolíticos, não entendem que as grandes lutas por transformações sociais que interessaram os trabalhadores foram dirigidas por partidos políticos operários e que o sindicato é um instrumento político fundamental para que a classe trabalhadora conquiste o poder. Misturam a má política, as vaidades, as deformações e erros humanos com o verdadeiro sentido da política, que é a busca do bem comum.
Muitos assumem os discursos das elites e menosprezam a atividade política, despolitizam as lutas, esvaziam-nas de conteúdos críticos, ficam aprisionados no corporativismo imediatista, burocratizando e administrando micro poderes e recusando a fazer política, e sendo levado pela política dos patrões, dos verdadeiros inimigos de classe: Os capitalistas.
Outros buscam o sindicato como forma de estabilidade e ter menos cobranças. Deve se perguntar sobre como está o trabalho do sindicato na categoria, mobilizar as delegacias, comissões de base ou organização no local de trabalho para se integrar numa política de frente única e lutar pelos interesses econômicos e políticos dos trabalhadores.
Respeitar a autonomia dos grupos que se organizam no local de trabalho, mas dialogar sempre com eles. Muitos dirigentes não convocam a base, com medo que ela cresça e se politize, ameaçando o poder do dirigente nas futuras eleições sindicais e nas negociações das campanhas salariais.Enfim, ser um sujeito histórico, estudar, ler, refletir, e lutar para que os trabalhadores superem suas injustas cadeias de opressão, exploração, e se tornem também sujeitos históricos.
Marx, aquele pensador alemão, referência para o movimento operário, para o internacionalismo socialista e os movimentos revolucionários, que muitos recusam, o neoliberalismo odeia, mas que continua vivo política e teoricamente, principalmente na análise do capitalismo contemporâneo e na busca de uma alternativa socialista para os trabalhadores, tem uma frase que nos deve fazer pensar, hoje: A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores. Somos sujeitos históricos de nossa própria história. Vamos revolucionar nossa prática e teoria sindical, na concepção e na gestão sindical??
Helder Molina
Professor de História
Educador Sindical
(Apontamentos manuscritos de 1996, atualizado em agosto de 2003)


Bibliografia de apoio:
1 - Ser dirigente sindical, de Antonio Carlos Vilela, Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, mimeo, 1997, RJ.
2 - Experiências de formação e convivência e trabalho com dirigentes sindicais, apontamentos de cursos, 2000-2006


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