sábado, 30 de agosto de 2014

MARINA, UMA AVENTURA QUE A MÍDIA E O MERCADO FABRICARAM PARA DERROTAR O PT, CUMPRIDO ESSE PAPEL, SERÁ DOMESTICADA, OU JOGADA FORA ( Helder Molina - Blog do Helder Molina)


Marina ocupa um vácuo político, de coloração difusa, mas hegemonicamente á direita do processo político e ideológico, fortalecida pela demonização da política patrocinada esses anos todos pela mídia privada e monopolista, que odeia a esquerda, e o governo do PT. Um eventual governo Marina Silva é um enorme risco para o país. Analistas já comparam a Jânio Quadros e Fernando Collor – pelo isolamento, pela falta de estrutura partidária, pela ausência de jogo de cintura para tratar com os políticos e pela falta de um projeto mais amplo de país.
Marina é cercada por grupos absolutamente heterogêneos, onde despontam desde “operadores” de mercado (no pior sentido), como André Lara Rezende, a um certo empresariado industrial paulista mais moderno, os nacionalistas do PSB, e ONGs do setor privado, de boa reputação. Juntos, não formam um projeto. Mais que isso, sobre essa orquestra disforme paira a personalidade de Marina. É imensamente mais teimosa e menos preparada que Dilma.
O crescimento de sua candidatura não se trata de um fogo arisco, como tantos outros da história recente do país. Não sabemos, ainda se essa a onda irá refluir, não se tenha dúvida. Não se sabe apenas se refluirá antes de terminadas as eleições. Mas sua eleição é inegavelmente uma aposta de altíssimo risco.
Depois de junho, há sempre um… agosto. Sim, é como se este agosto de 2014 fosse a continuação inexata e algo surpreendente daquele junho de 2013 – que levou milhares às ruas.
Exatamente aí veio o 13 de agosto. Aécio e sua tentativa de “tucanismo renovado” caíram no avião, com Eduardo. A velha UDN vai embarcar no vôo solo de Marina? Só a Política pode evitar um mergulho que seria não rumo ao desconhecido, mas rumo a uma história que conhecemos tão bem.
Marina é uma ilusória “novidade” política, ela tem mais de 30 anos de vínculos políticos e partidários, inclusive tendo passado por vários partidos e dentro do PT por várias tendências, não sendo uma “neófita” qualquer. Depois de romper com o PV e tentar lançar o seu “não-Partido”, a Rede, Marina, tentou viabilizar sua candidatura presidencial, como se fosse uma ungida das ruas. O episódio de entrada no PSB, a aliança para ser vice de Eduardo Campos, numa coligação cheia de políticos regionais retrógrados, como os Bornhausens, Heráclito Forte, a aliança com Alckmin (PSDB) e Beto Richa (PSDB), claramente não aponta para o “novo”.
A morte trágica de Eduardo Campos, acelerou e aguçou essas contradições A troca de comando da campanha com afastamento de pessoas fiéis a Eduardo Campos e costura de novas alianças internas no PSB, não abalaram a imagem de Marina que não tem “compromisso com os políticos tradicionais”.
Os coordenadores e tutores econômicos de Marina, Eduardo Gianetti e Maria Alice Setúbal (Neca) trataram de dizer ao “Deus Mercado” que o projeto do “Novo” é um conjunto de medidas ultraliberais, com ênfase no BC independente e mais uma vez para qualquer tema, plebiscito, numa indicação de que congresso e negociação política não estarão na ordem do dia. Uma espécie de governo de autocratas, de déspotas esclarecidos, com programa de governo ultraliberal, o que pode efetivamente fazer o Brasil retroceder ao pré-Lula, até pré-FHC, uma aventura à la Collor.
Marina é uma ruptura radical à Direita, o passado de esquerda se perdeu no século passado, resta uma figura mística, de guru oriental, que é bem tutelada por espertos banqueiros e especialistas do mercado financeiro. A ordem cega é a derrota do projeto petista, não importando as consequências sociais e políticas, não há vácuo ou adoção de soluções “mistas” ou de governo com “FHC e Lula”, pois isto não passa de peça de propaganda para enganar os incautos.
A farsa da negação política, não serve nem para o consumo interno, todo e qualquer passo dela é político, a maioria na direção inversa do prometido, pois reforça o pior do cidadão, quando nega a política, acaba dando lugar a todo tipo de charlatão, principalmente os mais conservadores e reacionários, como é o caso dela mesma. Portanto não nos iludamos: de onde nada se espera, nada vem.
É hora de recalibrar o discurso e qualificar o debate, desmitificar a farsa e continuar construindo este duro caminho, que espero, com mais ousadia e menos medo.

OU PT GIRA À ESQUERDA, OU PERDE AS ELEIÇÕES:


(Helder Molina - Blog do Helder Molina)
Ou o PT assume um discurso e uma ação à esquerda, resgatando e velha e não superada luta de classes, perde as eleições. O PT parece que esqueceu suas origens de esquerda, de massas, de militância, de rua, de combate. Não há ilusão, agora, a melhor (talvez a única) forma de enfrentar Marina é aprofundar um programa de esquerda. Dilma terá que caracterizar Marina como a candidata do grande capital, dos banqueiros, do agronegócios, do Estado mínimo, de revogação das conquistas sociais, de volta do receituário privatista e neoliberal. Ou não essa aura de fadinha da floresta da Marina, com apoio de toda mídia privada, ganha a disputa. Ela, Dilma, terá que assumir as bandeiras da classe trabalhadora: manutenção dos reajustes do salário minimo acima da inflação, manutençao das conquistas sociais, fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho, mais direitos sociais, combate ao rentismo. Acima de tudo fazer a disputa ideológica que essa tal "nova classe média" (balela, isso não existe, só no discurso da Dilma) e a juventude de celular nas mãos, nos derrotará. Não sei quem vai me ouvir, ou ler, mas é o que penso. A direção do PT, Lula, enfim, tem que girar à esquerda. Agora, e promover um SETEMBRO VERMELHO! Resgatando um partido militante, ou...

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

MARINA E AS CONCRETAS AMEAÇAS DE RETROCESSO NOS DIREITOS CONQUISTADOS


Marina ocupa um vácuo político, de coloração difusa, mas hegemonicamente á direita do processo político e ideológico, fortalecida pela demonização da política patrocinada esses anos todos pela mídia privada e monopolista, que odeia a esquerda, e o governo do PT.
Um eventual governo Marina Silva é um enorme risco para o país. Analistas já comparam a Jânio Quadros e Fernando Collor – pelo isolamento, pela falta de estrutura partidária, pela ausência de jogo de cintura para tratar com os políticos e pela falta de um projeto mais amplo de país.
Marina é cercada por grupos absolutamente heterogêneos, onde despontam desde “operadores” de mercado (no pior sentido), como André Lara Rezende, a um certo empresariado industrial paulista mais moderno, os nacionalistas do PSB, e ONGs do setor privado, de boa reputação. Juntos, não formam um projeto. Mais que isso, sobre essa orquestra disforme paira a personalidade de Marina. É imensamente mais teimosa e menos preparada que Dilma.
O crescimento de sua candidatura não se trata de um fogo arisco, como tantos outros da história recente do país. Não sabemos, ainda se essa a onda irá refluir, não se tenha dúvida. Não se sabe apenas se refluirá antes de terminadas as eleições. Mas sua eleição é inegavelmente uma aposta de altíssimo risco.
Depois de junho, há sempre um… agosto. Sim, é como se este agosto de 2014 fosse a continuação inexata e algo surpreendente daquele junho de 2013 – que levou milhares às ruas.
Exatamente aí veio o 13 de agosto. Aécio e sua tentativa de “tucanismo renovado” caíram no avião, com Eduardo. A velha UDN vai embarcar no vôo solo de Marina? Só a Política pode evitar um mergulho que seria não rumo ao desconhecido, mas rumo a uma história que conhecemos tão bem.
Marina é uma ilusória “novidade” política, ela tem mais de 30 anos de vínculos políticos e partidários, inclusive tendo passado por vários partidos e dentro do PT por várias tendências, não sendo uma “neófita” qualquer. Depois de romper com o PV e tentar lançar o seu “não-Partido”, a Rede, Marina, tentou viabilizar sua candidatura presidencial, como se fosse uma ungida das ruas. O episódio de entrada no PSB, a aliança para ser vice de Eduardo Campos, numa coligação cheia de políticos regionais retrógrados, como os Bornhausens, Heráclito Forte, a aliança com Alckmin (PSDB) e Beto Richa (PSDB), claramente não aponta para o “novo”.
A morte trágica de Eduardo Campos, acelerou e aguçou essas contradições A troca de comando da campanha com afastamento de pessoas fiéis a Eduardo Campos e costura de novas alianças internas no PSB, não abalaram a imagem de Marina que não tem “compromisso com os políticos tradicionais”.
Os coordenadores e tutores econômicos de Marina, Eduardo Gianetti e Maria Alice Setúbal (Neca) trataram de dizer ao “Deus Mercado” que o projeto do “Novo” é um conjunto de medidas ultraliberais, com ênfase no BC independente e mais uma vez para qualquer tema, plebiscito, numa indicação de que congresso e negociação política não estarão na ordem do dia. Uma espécie de governo de autocratas, de déspotas esclarecidos, com programa de governo ultraliberal, o que pode efetivamente fazer o Brasil retroceder ao pré-Lula, até pré-FHC, uma aventura à la Collor.
Marina é uma ruptura radical à Direita, o passado de esquerda se perdeu no século passado, resta uma figura mística, de guru oriental, que é bem tutelada por espertos banqueiros e especialistas do mercado financeiro. A ordem cega é a derrota do projeto petista, não importando as consequências sociais e políticas, não há vácuo ou adoção de soluções “mistas” ou de governo com “FHC e Lula”, pois isto não passa de peça de propaganda para enganar os incautos.
A farsa da negação política, não serve nem para o consumo interno, todo e qualquer passo dela é político, a maioria na direção inversa do prometido, pois reforça o pior do cidadão, quando nega a política, acaba dando lugar a todo tipo de charlatão, principalmente os mais conservadores e reacionários, como é o caso dela mesma. Portanto não nos iludamos: de onde nada se espera, nada vem.
É hora de recalibrar o discurso e qualificar o debate, desmitificar a farsa e continuar construindo este duro caminho, que espero, com mais ousadia e menos medo.

sábado, 23 de agosto de 2014

CUT, Sindicalismo e Relações com os governos Lula e Dilma



• No aspecto de relação com os governos Lula e Dilma, os críticos da CUT - à direita ou à esquerda - costumam argumentar que antigos dirigentes da central, hoje se encontram em cargos importantes no governo federal, o que faria com que a CUT perdesse sua independência frente ao governo.

• É inegável o fato de que parcela dos dirigentes da CUT são filiados ao PT, assim como grande parte dos dirigentes da CTB são filiados ao PCdoB, da FS são filiados ao PDT, e assim por diante.

• A CUT apoiou Lula para presidente da República, entendendo ser o melhor candidato para fazer um governo voltado para os trabalhadores e setores mais explorados da população.

• A FS apoiou Geraldo Alckmin, o Conlutas e o PSOL apoiaram Heloisa Helena.

• Consideramos que é inegável que os governos Lula e Dilma foi, e continua sendo, melhor para os trabalhadores do que seria um governo neoliberal, pois abriu e mantém diálogo com as centrais e movimentos sociais.

• São inegáveis os avanços obtidos como a redução da pobreza, a diminuição do desemprego, a participação das centrais em diversos conselhos, a legalização das centrais sindicais, os aumentos do salário-mínimo, discutidos com os atores envolvidos, os acordos salariais com ganhos acima da inflação, o acesso de populações pobres, negras e indígenas às universidades, a desoneração de impostos para produtos essenciais à população de baixa renda, como produtos da cesta básica e material de construção. Enfim, são conquistas importantes para os trabalhadores, onde a CUT se sente elemento importante e ativo no processo.

• O fato de apoiar não significa apoio incondicional. Não foram poucas as vezes que a CUT se manifestou contra a taxa de juros determinada pelo Copom, contra a terceirização no serviço público e realização de concursos, pela recuperação dos salários dos servidores federais que foram praticamente congelados durante o governo FHC, pela ratificação da convenção 158 da OIT, aprovada, mas denunciada ao STF pelo governo FHC, na coleta de assinaturas, em conjunto com outras centrais, para a aprovação da redução da jornada de trabalho sem redução salarial e na realização de quatro marchas à Brasília.

Convenção 87 da OIT – Liberdade e Autonomia Sindical

• A defesa da Convenção 87 da OIT é um dos elementos que coloca a CUT em posição oposta às demais centrais sindicais. A CUT sempre defendeu a total liberdade de organização sindical, sem a intromissão do Estado, o que quer dizer que os trabalhadores é que decidem em qual sindicato querem se filiar e lhes dá liberdade para organizar seu próprio sindicato. Aí está uma grande diferença entre a concepção cutista de organização sindical e das demais centrais.

• Enquanto a CUT defende que os trabalhadores é que definem a melhor forma de se organizarem, as demais centrais defendem a unicidade sindical, ou seja, um único sindicato por categoria em cada cidade impondo limitações para a organização dos trabalhadores. O que as demais centrais chamam de fragmentação da atuação sindical nós chamamos de liberdade de organização.

As centrais sindicais brasileiras: História, concepções, organizações e e formas de atuação


• Este texto faz uma rápida análise da história do movimento sindical brasileiro a partir dos anos 80, até sua configuração atual, com o reconhecimento das centrais sindicais. Procuramos ainda, a partir da análise, propor alguns pontos que consideramos prioritários para a atuação dos sindicatos cutistas nesta nova conjuntura.

Legalização das centrais
• A legalização das centrais sindicais brasileiras tem colocado na ordem do dia a discussão sobre qual central sindical pode melhor representar os trabalhadores. Esse é um debate que diz respeito não apenas aos sindicalistas, mas principalmente aos maiores interessados, os trabalhadores, pois o resultado desta escolha pode proporcionar uma direção com maior ou menor envolvimento com as lutas do cotidiano.

• A destinação de recursos financeiros para uma central sindical, a ser definida pelo sindicato, deve levar parte dos dirigentes sindicais a fazer uma reflexão sobre o tema, uma vez que é grande o número de sindicatos não filiados a nenhuma central sindical.

• Nessa conjuntura tem aparecido um grande número de centrais sindicais em busca da legalização. 5 estão legalizadas. As principais são:

• CUT
• Força Sindical
• União Geral dos Trabalhadores (UGT), que resultou de uma fusão da Social Democracia Sindical (SDS), Central Geral dos Trabalhadores (CGT), Central Autônoma dos Trabalhadores (CAT) e parte da Força Sindical,
• Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), que reúne parte das federações e confederações oficiais, que defendem a atual estrutura sindical, a
• Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), ligada ao MR8, a
• CSP-Conlutas, ligado ao PSTU e setores do PSOL, (ainda não legalizada
• Intersindical, ligada a setores do PSOL e do PCB
• Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), ligada ao PCdoB e PSB.

A Construção da CUT

• O 1º Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora) foi realizado na Praia Grande em 1981 com o objetivo de construir uma central única dos trabalhadores brasileiros. No entanto, parcela dos sindicalistas presentes não tinha clareza sobre a necessidade de fundar a CUT naquele momento e foi constituída uma Comissão Pró-CUT, para fundar a central no congresso seguinte.

• Naquele momento configuravam-se duas fortes vertentes no sindicalismo, de um lado o chamado “sindicalismo autêntico” que reunia os dirigentes vinculados ao PT, ala progressista da igreja católica, e trotskistas, que mais tarde fundariam a CUT. E um outro agrupamento, constituído de sindicalistas formados no corporativismo sindical, defensores da estrutura sindical vigente.

• O racha foi inevitável e resultou na fundação da CUT em 1983, presidida por Jair Menegueli e da Conclat (Coordenação Nacional da Classe trabalhadora) que em 1986 se transformaria na Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), presidida por Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, e depois por Antonio Rogério Magri, que mais tarde seria ministro do trabalho do governo Collor.

• Um terceiro grupo de sindicalistas não aparece neste contexto, exatamente por serem contrários a criação de uma central sindical, eram os sindicalistas que dirigiam a quase totalidade das federações e confederações da estrutura oficial e sem qualquer referência nas lutas dos trabalhadores. As federações e confederações que dirigiam não praticava o contato e o diálogo com os sindicatos ou com as bases, pois a estrutura sindical permitia – e permite até hoje - a sustentação desta estrutura através do imposto sindical.

Onde estão hoje as forças políticas do período da criação da CUT?

• Das forças que originalmente criaram a CUT, parte dos trotskistas, então agrupados na “Convergência Socialista”, se transformaram em partido político, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), juntamente com uma parcela de ex-petistas que também se transformaram em partido político, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), constituíram o Conlutas.

• Outra parcela do PSOL com uma pequena parcela de petistas construíram a “Intersindical”. Vale lembrar que nem o Conlutas e nem a Intersindical se definem como centrais sindicais.

• Foram várias as mudanças na composição das forças políticas que criaram a CGT em 1986, em relação à realidade sindical atual. Os sucessivos rachas na CGT foram dando espaços a pensamentos políticos mais homogêneos e partidários. Da CGT original surgiram: CGTB, CAT, SDS, FS, CGT e CTB.

• Uma parcela da CGT, ligada ao MR8 constituiu sua própria central sindical, a CGTB, outra parcela constituiu a Força Sindical (FS). É importante recordar que a FS nasceu a partir de uma iniciativa do então presidente Fernando Collor de Mello, que queria uma central sindical que o apoiasse e que se opusesse a CUT, procurando conseguir assim o apoio de parte do movimento sindical ao seu projeto de governo. Em 2007 foi fundada a UGT, resultado da fusão da CAT, SDS, CGT e parte da FS.

• E finalmente, a CSC, que saiu da CGT e entrou na CUT em 1992, de onde saiu novamente para fundar sua própria central, em 2007.

• Um terceiro segmento: os “sindicalistas” instalados na maioria das confederações e federações oficiais e contrários a construção de uma central sindical, criou a NCST, com o intuito de garantir que os recursos financeiros de seus sindicatos filiados continuem sendo canalizados para a manutenção de suas estruturas, a partir da legalização das centrais.

O vai e vem da CSC/CTB

• A CTB é o braço sindical do PCdoB, embora neguem publicamente. Para se contrapor a esta afirmação, alegam que no interior da Corrente Sindical Classista (CSC) e agora na CTB militam sindicalistas filiados ao PSB e ao PDT.

• Embora possam existir sindicalistas de outros partidos, figuram mais como adorno, pois são inexpressivos. A maior parte dos sindicalistas, filiados ao PDT, encontram-se na FS, como é o caso inclusive do seu presidente.

• Foi da direção nacional do PCdoB a decisão de não ingressar na CUT em 1983 e ingressar na CGT. Foi também da direção nacional do PCdoB, a decisão de que a CSC deveria sair da CGT e entrar na CUT, em 1992. E é novamente, por determinação da direção nacional do PCdoB a saída da CSC da CUT para fundar uma nova central sindical. As plenárias e congressos realizados para esta tomada de decisão são apenas instrumentos utilizados para referendar no movimento sindical uma decisão partidária.

• A saída da CSC da CUT, e sua constituição em uma central sindical acontecem por razões facilmente entendidas. No interior da CUT a CSC era minoritária e as posições políticas do PCdoB não eram refletidas nas resoluções da CUT, tais como a filiação internacional, a unicidade sindical, ou a defesa da convenção 87 da OIT, em que o PCdoB tem posições antagônicas à CUT.

• Logo, como as posições do PCdoB não tinham repercussão na CUT, a alternativa encontrada foi aproveitar o momento de legalização das centrais para criar sua própria central sindical, assim, além de divulgar no movimento sindical as posições do partido em nível nacional e internacional, terão ainda recursos financeiros, o que não acontecia antes.

• Mas, para entender que as posições políticas partidárias é que definiram a saída da CSC da CUT para criar a CTB, e importante entender a conjuntura em que essa central foi criada. Na verdade, a CTB surge para representar sindicalmente o chamado “bloquinho”, que aglutina no plano partidário o PCdoB, PDT e PSB, ou seja, a concepção do “bloquinho” partidário está refletido na CTB, sendo que o “bloquinho” sindical tem uma representação muito maior do PCdoB do que a do PDT e PSB, partidos extremamente reduzidos na composição da direção desta central.

• Após o 9º Concut a CSC ameaçou sair da CUT caso não tivessem de volta o cargo da vice-presidência, que ocupavam até então, e que passou a ser ocupado por uma dirigente rural. Para contornar o problema, a direção da CUT decidiu pela criação de duas vice-presidências, solução que agradou os comunistas e apaziguou os ânimos. No entanto, concomitante a isso, na Câmara Federal o PT entrava na disputa da presidência da Câmara, derrotando o então presidente, Aldo Rebelo, do PCdoB. A partir daí inicia-se o processo de construção do bloquinho, visando o lançamento de Ciro Gomes à presidência da República e de Aldo Rebelo para a prefeitura de São Paulo. A partir desta movimentação política do PCdoB a sua direção nacional decide pela saída da CSC e a construção de sua própria central sindical.

• Portanto é falsa a polêmica de que a CSC deixou a CUT devido a “falta de democracia interna”, ou “seu atrelamento ao PT”, ou “dependência do governo”. A CSC ficou na CUT durante 15 anos mesmo tendo posições políticas contrárias à central e sem questionamentos em relação à sua democracia interna.

• A saída da CSC da interior deu-se única e exclusivamente por uma decisão da direção nacional do PCdoB que aconteceu no início de 2007 e que desembocou em um congresso da CSC, ainda em 2007, para homologar a decisão da direção do PCdoB.

Filiação internacional

• A CUT já nasceu com uma das maiores centrais sindicais do mundo e obviamente era cortejada internacionalmente para se filiar a uma das entidades internacionais existentes então, a Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres (CIOSL), a Confederação Mundial do Trabalho (CMT) e a Federação Sindical Mundial (FSM).

• A CUT permaneceu sem filiação internacional enquanto fazia o debate interno, pois existiam posições favoráveis e críticas a todas centrais internacionais. Após longo debate, a CUT se posicionou pela filiação a CIOSL e sobre a necessidade de uma intervenção da CUT, juntamente com outras centrais sindicais do terceiro mundo, no interior da CIOSL procurando imprimir um novo relacionamento e uma nova visão sobre o mundo do trabalho, considerando como necessária a filiação internacional em uma sociedade cada vez mais globalizada.

• Com a unificação da CIOSL e a CMT em 2006, criando a Confederação Sindical Internacional (CSI), a CUT passa a ser filiada a esta nova internacional e o movimento sindical mundial passa a ter apenas duas centrais, a CSI que abriga sindicatos de todos os continentes e a FSM, restrita a sindicatos em poucos países, tais como a CTC de Cuba, a CTP do Peru, a CTE do Equador, entre outras.

• No Brasil antes da CTB, a CGTB era (e continua) filiada a FSM, sendo que o presidente da CGTB, Antonio Neto, foi presidente mundial da FSM. Embora existam duas centrais mundiais, podemos afirmar que a representação da FSM é inexpressiva em relação a CSI.

• Nas Américas, aconteceu em 2008, na cidade do Panamá, a construção da Confederação Sindical das Américas (CSA), unificando a Organização Regional Internacional dos Trabalhadores (ORIT), organização regional da antiga CIOSL e a Confederação Latino- Americana de Trabalhadores (CLAT), confederação regional da antiga CMT.


O Novo Sindicalismo, Os Novos Movimentos Sociais na Década de 1980


• O aumento do número de assalariados, principalmente em São Paulo, Rio e Belo Horizonte, conjugado com as péssimas condições de trabalho e baixos salários, faz com que se generalizem as lutas, principalmente na segunda metade da década de 1970. Eram, contudo, lutas fragmentadas e isoladas. Centenas de greves tinham as mesmas reivindicações, a luta contra o arrocho e a busca de autonomia e liberdade sindical.

• A vanguarda desse processo está em São Paulo, o pólo mais dinâmico do capitalismo industrial dependente brasileiro, com grande concentração de empresas, principalmente de automóveis, eletrônicos e eletrodomésticos, e onde a classe operária se torna sujeito político importante no processo de construção de um novo projeto sindical e político. No coração do capitalismo pulsa o sangue da classe que tende a enfrentá-lo com vigor e vontade. A luta dos trabalhadores industriais de São Paulo torna-se referência para o país.

• Nos anos de 1977, 78 e 79, no auge da política de arrocho e de controle dos sindicatos, são as oposições sindicais que buscam mobilizar a classe. Na região do ABC (Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul (incluído D de Diadema) e na capital São Paulo eclodem, de forma crescente e unificadas, fortes mobilizações contra a política salarial e o regime militar.

• O desejo de desatrelar o sindicato dos patrões e do Estado, o fim do imposto sindical e a construção de uma nova estrutura sindical, de combate, de classe, de luta, surgida da base, num sentido antiditadura e anticapitalista, se colocam como palavras de ordem das massas em movimento. Surge, então, da boca dos trabalhadores, uma proposta de ruptura com o velho sindicalismo, que a história e a sociologia vão identificar como matrizes de um “Novo Sindicalismo”.

• O desejo de desatrelar o sindicato dos patrões e do Estado, o fim do imposto sindical e a construção de uma nova estrutura sindical, de combate, de classe, de luta, surgida da base, num sentido antiditadura e anticapitalista, se colocam como palavras de ordem das massas em movimento.



A década de 80 e a ruptura entre a CGT e a CUT

• Nos anos de 1979 a 1981 o sindicalismo combativo foi derrotando os pelegos nas eleições de importantes sindicatos, tanto de categorias da indústria, quanto de serviços e comércio. As assembléias, passeatas e piquetes passaram a ter a presença constante de policiais, jagunços, elementos provocadores, com a função de controlar, espionar, ameaçar e agredir os que estavam na linha de frente das mobilizações.

• Alguns setores do sindicalismo atrelado passaram a participar mais das atividades nas fábricas, disputando hegemonia com o Novo Sindicalismo. Os pelegos tradicionais buscaram se renovar, conformando alianças com setores da esquerda, como o PCB, PcdoB e MR8. Muitas eleições sindicais nos anos de 1979 a 1983 tiveram a participação de chapas compostas pelos pelegos e forças políticas que lutavam contra a ditadura e que foram vítimas da repressão do fascismo de Estado.

• Essas organizações de esquerda estavam presentes em muitas e importantes direções sindicais, em composição com o sindicalismo da estrutura oficial. Argumentavam que o Novo Sindicalismo era divisionista, fragmentava e enfraquecia os trabalhadores e defendiam uma organização mais rígida, unificada em torno dos sindicatos.

• Na prática foram contra a autonomia sindical, buscando enquadrar o movimento sindical a uma proposta de reformas no modo de produção capitalista e de transição sem traumas da ditadura ao Estado democrático de direito. Esse confronto dos sindicalistas autênticos e combativos com a estrutura sindical pelega e aliada a estas organizações de esquerda se aprofundava na medida que as lutas se intensificavam. Havia em disputa duas concepções não só de estrutura sindical, mas principalmente de seu papel na sociedade e de que projeto de sociedade e de Estado se pretendia construir.

• O trabalhador se educa nas lutas, se politiza nos conflitos, se torna sujeito de sua história, e rompe a alienação. O sindicato é importante instrumento de educação coletiva das massas. As lutas contra os patrões e o enfrentamento à repressão policial, os debates travados nas assembléias, as palavras de ordens gritadas nas passeatas, os congressos e as discussões de propostas contra o capital e o capitalismo são espaços e mecanismos de educação política dos trabalhadores.

• A formação política, e a reflexão crítica organiza as idéias e a teoria que se produz da prática das lutas. Esses elementos o Novo Sindicalismo resgatou e os trabalhadores assumiram seu protagonismo. No início da década de 1980 (precisamente nos anos 1981 a 1983), o movimento sindical buscou construir um projeto político que unificasse as lutas e superasse a estrutura herdada do Varguismo e aprofundada na ditadura.

A bifurcação sobre a concepção e projeto sindical: Imposto Sindical

• A busca da unidade passava pela construção de uma nova estrutura sindical, que negasse o imposto sindical (base de sustentação financeira da burocracia sindical à época), revogasse os entraves e entulhos ao livre exercício da liberdade e autonomia sindical (presentes na estrutura corporativa e vertical, produzida pelo Estado Novo), garantisse a livre organização da classe, com participação das bases, e que se colocasse contra o Estado capitalista, pelo fim do regime militar e de sua política econômica de arrocho e exploração dos trabalhadores. Essas reivindicações, dentre outras, formaram o terreno por onde caminharam os autênticos e os pelegos, na busca de criação de uma central sindical que representasse o Novo Sindicalismo.


• A criação de uma comissão nacional pró-CUT foi a representação concreta do esforço pela unidade em torno de um projeto sindical livre, autônomo, democrático e de classe. Em 1983, após encontros por vários estados, foi organizado o Congresso Nacional das Classes Trabalhadores (Conclat), onde dois campos políticos se constituíram. Os pelegos e seus aliados à esquerda defendiam uma integração à estrutura sindical oficial, uma transição por dentro, entre o modelo corporativo e o de livre organização.

• Os representantes do Novo Sindicalismo defendiam uma ruptura com a estrutura oficial, a livre organização imediata, a autonomia para os trabalhadores se organizarem independentemente do Estado e dos patrões. O imposto sindical foi o grande divisor de águas. O velho sindicalismo insistia na permanência de sua cobrança, e os autênticos se posicionaram abertamente contra sua existência. O congresso não conseguiu um ponto de unidade, e os dois setores se separaram, vindo a constituir duas centrais diferentes.

• As forças ligadas à estrutura corporativa se retiraram do Conclat e fundaram, em 1984, a Central Geral dos Trabalhadores (CGT) tendo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (dirigido pelo agente da ditadura e arquipelego Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão) à frente daquela central. Antes, os setores que se reuniam no chamado Novo Sindicalismo fundaram, em 1983, a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

• Portanto, a CUT viria a se constituir na primeira central sindical independente, ao arrepio da estrutura oficial, que não permitia a existência de centrais sindicais pois elas remetiam à herança da COB (Central Operária Brasileira), de 1908, de inspiração anarco-sindicalista – ou seja, um perigo para a ordem capitalista.

Os novos movimentos, no campo e na cidade

• A CUT esteve na linha de frente na campanha por eleições diretas para presidente da República, e pela convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte, que veio construir, em 1988, uma nova carta constitucional para o Brasil.

• A conjuntura dos anos 80 foi de lutas dos trabalhadores, retomada das entidades e do movimento estudantil, de surgimento de novos movimentos sociais urbanos (movimentos de mulheres, negros, homossexuais, reforma urbana e moradia, saúde pública, educação pública e de qualidade sob responsabilidade do Estado, entre outros) e também rurais – o mais importante deles foi surgimento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que é produto da injusta e perversa concentração da propriedade da terra no Brasil, uma herança do colonialismo, das capitanias hereditárias e do latifúndio monopolista.

• A CUT se consolidou em três congressos nacionais realizados na década de 1980, imprimindo a marca da liberdade de organização sindical. Muitos sindicatos se constituíram ao arrepio da CLT, e a autonomia foi colocada em prática na criação de estruturas horizontais, coletivos, plenárias, e de uma estrutura sindical baseada nas formas de federações democráticas.

• As chapas encabeçadas pelo Novo Sindicalismo-CUT passaram a dirigir importantes sindicatos industriais, como os do ABC, Volta Redonda, Rio de Janeiro, Campinas, Contagem e Belo Horizonte, e os sindicatos de bancários de praticamente todas as capitais brasileiras.

• No meio rural, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), que existe deste a estrutura montada pelo Varguismo, passou a ter participação crescente de lideranças e sindicatos ligados à CUT, até que, na década de 1990, efetiva sua filiação à CUT. O novo sindicalismo também cresceu no campo, impulsionado pelas lutas dos assalariados rurais e dos pequenos produtores e camponeses, que assumiram a luta pela reforma agrária.

• O MST, apesar de não se organizar em sindicatos, também contribuiu para que o campo se tornasse protagonista político e sujeito social importante nas lutas pela democratização do acesso e posse da terra, bem como para constituição de políticas sociais públicas, como saúde, educação, moradia, saneamento e eletrificação do espaço agrário.

• A CUT se consolidou em três congressos nacionais realizados na década de 1980, imprimindo a marca da liberdade de organização sindical. Muitos sindicatos se constituíram ao arrepio da CLT, e a autonomia foi colocada em prática na criação de estruturas horizontais, coletivos, plenárias, e de uma estrutura sindical baseada nas formas de federações democráticas.

sábado, 16 de agosto de 2014

ELEITOR DA MARINA

O cara leva a família para comer "Mc Feliz", faz doações "filantrópicas" ao "Criança Esperança" da Globo, doa esmolas aos pobres, e...é contra o Bolsa Família, porque é uma "esmola" do Governo do PT. "Doa" dízimo ao pastor, e "oferta" ao padre, é é contra o PROUNI do Governo do PT, e contra as "cotas racistas" para negros/as nas universidades. E se informa pela Veja e/ou Jornal Nacional. E não gosta de política; Sei....

TRABALHADORES SE TORNARAM CLASSE NA EXPERIÊNCIA DA LUTA, E NELA CONSTRUÍRAM A IDENTIDADE E CONSCIÊNCIA COLETIVA

• Em 1846, em Londres aconteceu a primeira reunião internacional organizada por trabalhadores. Eles vinham de países industrializados da Europa: Inglaterra, França, Bélgica, Suíça... A idéia que os unificava era a luta por uma sociedade mais justa e livre. O socialismo era a idéia central de todos. Neste encontro foi decidido que a luta principal a ser travada pelos trabalhadores dos vários países seria a
redução e fixação da jornada de trabalho. Não foi definido o número exato de horas, pois havia realidades diferentes em cada país.
• Em 1850, no começo da industrialização, não havia nenhuma lei para a classe operária. O Estado não podia fazer leis que regulamentassem as relações entre capital e trabalho. Na prática, significava liberdade aos patrões para poderem explorar os trabalhadores, sem limite nenhum. Nessa época os trabalhadores trabalhavam 12, 15 e até 18 horas por dia, 365 dias por ano até morrer de fome, cansaço e miséria.
• Há 200 anos atrás, depois de ser explorado na fábrica, o trabalhador enfrentava mais um martírio, agora em casa. Cansado, sujo e sem roupas pra trocar, via a família passar todo tipo de necessidade, inclusive fome. Era esse trabalhador atormentado que voltava no dia seguinte, ainda mais cansado e ferido na sua condição humana.
• Como a Inglaterra foi o país onde começou a industrialização, também foi ali que nasceu o movimento
operário. Além de reivindicar menos horas de trabalho, eles também lutavam por voto universal secreto, direitos sociais e escola gratuita. Em 1842 aconteceu no norte da Inglaterra a primeira greve geral da história. Sua principal exigência era a redução da jornada de trabalho.
• Em 1848, a França vivia um período de grande crise econômica. Como a insatisfação crescia, as autoridades proibiram as reuniões políticas que eram realizadas em praça pública. Essa proibição levou estudantes e trabalhadores a ocuparem as ruas de Paris. Pressionada a burguesia decreta o fim da escravidão nas colônias e a redução da jornada de trabalho na capital para 10 horas.
• Em 1848 os operários de Paris foram esmagados, num verdadeiro banho de sangue. As bandeiras ensangüentadas passaram a aparecer nas mãos dos trabalhadores. Foi o começo da bandeira vermelha como símbolo da luta operária