quarta-feira, 3 de junho de 2015

O EDUCADOR E SEU OFÍCIO ÉTICO POLÍTICO


Helder Molina (Junho de 2015)
Adoro ser professor, educador, minha identidade humana, política, e profissional. Atualmente trabalho com 4 turmas de graduação, na Faculdade de Educação, aqui na UERJ. Todas com mais de 95% de mulheres. São meninas, jovens e senhoras, e poucos homens, uns 5, entre quase 150 mulheres.
Trabalho com responsabilidade, compromisso ético político, com posições assumidas, não sou neutro, tenho lado, sou da classe trabalhadora, e olho o mundo com os olhos de nossa classe. Sei que o que digo, penso, e faço, tem consequências e peso nas atitudes e formação (ou mudança) de valores e concepções delas. Nosso trabalho se soma para emancipar essa classe e transformar as injustas estruturas e realidades econômico-sociais, e político-culturais.
Elas, minhas alunas, madrugam, acordam 4:30, 5:00, 5:30, pegam dois meios de transportes, chegam sonolentas, mas eu as acordo, e as animo, e me animo, todas as aulas.
Estudar é difícil, mas fundamental e necessário. Há momentos, nelas e em mim, de ceticismo, perplexidade, dúvidas, impotência até, diante das coisas, mas há que ser desafiar o futuro, produzir a vida, mudar o que se apresenta diante de nós. São trabalhadoras, mães ou filhas de trabalhadores(as) muitas com três jornadas diárias, em casa, no trabalho, e nos estudos. Com força e com vontade.
Sou pulso, pulsão e impulso, mas maturidade e a serenidade vão chegando, ficando raízes. Vivo de semeadura. Derramando sementes em tantos terrenos, áridos e férteis.
A gente vai amadurecendo, e as sementes que semeamos ao longo da vida, nos tantos caminhos por onde andamos por essa vida afora, vão nascendo, brotando, crescendo, e agora dão frutos. Maturidade afetiva e familiar, que sustentam e dão sentido a essa caminhada.
Maturidade acadêmica, doutorado, concurso, carreira, estabilidade, docência, pesquisa, orientações. Amo ser professor, educador, e assim ser identificado. Mas sem abandonar minhas origens, a seiva donde me alimento, que são os movimentos sociais, a luta de classes, a militância política, particularmente os sindicatos, onde tenho trabalhado, nestes quase 25 anos, com assessoria, formação política e humana, planejamento, gestão, projetos, cursos, enfim. e com quem tenho interlocução, vínculos, identidade, relações construídas, tanto profissional, quanto política e ideológica
Helder Molina (Junho de 2015)