domingo, 27 de abril de 2014

SEM ESTUDO CRÍTICO DA REALIDADE, SEM PRÁXIS TRANSFORMADORA, NOSSO DISCURSO, APARENTEMENTE DE ESQUERDA, ESCONDE UM CONSERVADOR NA PRÁTICA.

SEM ESTUDO CRÍTICO DA REALIDADE, SEM PRÁXIS TRANSFORMADORA, NOSSO DISCURSO, APARENTEMENTE DE ESQUERDA, ESCONDE UM CONSERVADOR NA PRÁTICA.
Por isso continuo insistindo que a luta, por mais justa que seja, sem a presença do estudo crítico da realidade, da reflexão teórica, perde substância, esvazia-se de conteúdo. Sem a formação continuada e permanente, sem a disciplina de nos tornamos intelectuais de nossa classe, caímos num praticismo, num administrativismo, num burocratismo perigoso, acrítico, apolitizado, e nos tornamos escravos do cotidiano. O sindicato, o partido, a política, a militância, enfim, se reduz ao um conjunto de tarefas imediatas, burocráticas, pragmáticas, um faz de conta, sem sentido estratégico, transformador e sem ruptura com o status quo, nos aburguesamos, passamos a freiar os avanços e rupturas, e a ser correias de transmissão da ordem do capital, da lógica capitalismo, do consumo, da oportunidade como estratégia, e de preencher os lugares, como tática e modo de vida. Deixamos de ser de esquerda, embora continuamos a repetir que o somos, da boca prá fora, para manter as aparências. Que acham?

O RISCO CRESCENTE DE ABURGUESAMENTO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PT


O RISCO CRESCENTE DE ABURGUESAMENTO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PT
Há um perigoso aburguesamento de setores do PT, um processo crescente de adaptação ao status quo do aparelho de Estado e sua lógica de conservação e "engolimento" de virtudes. Isso é produto da institucionalização que todos os partidos enfrentam quando chegam á máquina de governo. Os quadros que assumem cargos nessa máquina tendem a se adaptar à ordem burocrática e à lógica de acomodação de classe. Isso provoca distanciamento entre partido, sua lógica interna, e movimentos sociais, com suas lógicas externas. O que identifico no PT, ou em setores dele, é esse aburguesamento, mas hoje temos governo federal, governos estaduais, prefeituras, bancadas municipais, estaduais e federais de parlamentares, estes são os mesmos quadros que participaram da vida partidária. Aprofunda-se o risco de uma institucionalização da ação política. Em alguns casos, perde-se a relação com os movimentos sociais, da luta de classes. Abandona-se as ruas e suas pulsações de inconformismo e mudança, para a comodidade dos escritórios e salas fechadas, e a tentação de adaptar-se e ao conformismo e conservação. Estamos nessa encruzilhada, os fatos recentes mostram isso, e tende a crescer, se o partido não se revolucionar, e tomar injeção de ideologia, estratégia e ruptura com a ordem. Que acham?

SER DE ESQUERDA? COMO ASSIM?

SER DE ESQUERDA? COMO ASSIM?

(Muitos ex-militantes de esquerda, que se converteram à ordem capitalista e assumiram status de "democratas, institucionalizados, racionais, moderados, ponderados", proclamam que superaram o maniqueísmo esquerda x direita, inadequado a esse mundo e ao tempo presente. Mera retórica para justificar o aburguesamentos de quem, em nome da esquerda, alcançou um estilo de vida à imagem e semelhança dos poderosos da direita: muita mordomia e horror, ao conflito, rupturas, confusões, típicas das ruas, e até ao suor e cheiro do povo,
Aprendi com Frei Beto que ser de esquerda, hoje, é defender os direitos dos mais pobres, condenar a prevalência do capital sobre os direitos humanos, advogar uma sociedade onde haja, estruturalmente, partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano. Portanto, a teoria se conhece pela práxis, diz o marxismo. A práxis, isto é, o que nós fazemos na prática com a teoria que verbalizamos ou lemos, é que nos define se somos de esquerda, ou não. A árvore, pelos frutos, diz uma parábola antiga, e plenamente atual. Que acham

sexta-feira, 18 de abril de 2014

DO SAQUE COLONIAL, DAS VEIAS ABERTAS E SANGRANDO, A GRANDE PÁTRIA LATINO AMERICANA SE LEVANTA!

DO SAQUE COLONIAL, DAS VEIAS ABERTAS E SANGRANDO, A GRANDE PÁTRIA LATINO AMERICANA SE LEVANTA! (Helder Molina)
Esta semana o Rio foi presenteado com a visita alvissareira de Eduardo Galeano,em contra partida, perdemos Gabo. Dois latino americanos que nos fazem pensar sobre esta parte do mundo, a nossa parte. A primeira década do século XXI trouxe para os holofotes a mudança de prioridades no governo da Bolívia, que nacionalizou os hidrocarbonetos. As mudanças do governo de Evo Morales, o primeiro indígena eleito para a presidência do país, tiveram paralelo, em menor grau, no Equador, com Rafael Correa, na Venezuela, com Hugo Chávez e com a eleição de Fernando Lugo, do Paraguai.
Ao contrário do que a indústria jornalística afirma, esses governos não podem ser estudados sob a luz do populismo, mas devem ser entendidos a partir da leitura de As Veias Abertas da América Latinoa.
Nesta obra essencial é possível entender um processo comum em todos os países latino-americanos: apesar de a origem do colonizador ser espanhola, portuguesa, holandesa, francesa ou inglesa, de haver maior ou menor presença indígena ou negra na população, é que em todas as nações se edificaram sociedades constituídas para servir de alimento, em primeiro lugar, para a acumulação mercantil, depois para as fornalhas da Revolução Industrial Inglesa e agora para o imperialismo (ou neocolonialismo) norte-americano.
Os mais de quinhentos anos de história oficial da América Latina, desde que La Hispañola foi pisada pelas botas de Colombo e Vespúcio, reproduzem o incessante estupro das entranhas ricas, desde a exploração de recursos naturais e minerais (pau-brasil, ouro, prata, estanho) até o consumo das vidas, dos corações e das mentes dos trabalhadores. Nesse cruel e sangrento processo de exploração, levado a cabo com prodígio desde a etapa do saque das riquezas até as variadas formas de apropriação da produção mercantil, formou-se classes dominantes nativas da pior espécie: dominantes para dentro, dominadas para fora. Eduardo Galeano, ao analisar o histórico processo de subalternização da classe dominante latino-americana, diz que “Para os que concebem a História como uma disputa, o atraso e a miséria da América Latina são o resultado de seu fracasso. Perdemos, outros ganharam. Mas acontece que aqueles que ganharam, ganharam graças ao que nós perdemos: a história do subdesenvolvimento da América Latina integra, como já se disse, a história do desenvolvimento do capitalismo mundial. Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória alheia, nossa riqueza gerou sempre a nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros: os impérios e seus agentes nativos. Na alquimia colonial e neo-colonial, o ouro se transformou em sucata e os alimentos se convertem em veneno. Potosí, Zacatecas e Ouro Preto caíram de ponta do cimo dos esplendores dos metais preciosos no fundo buraco dos filões vazios, e a ruína foi o destino do pampa chileno do salitre e da selva amazônica da borracha; o nordeste açucareiro do Brasil, as matas argentinas de quebrachos ou alguns povoados petrolíferos de Maracaibo têm dolorosas razões para crer na mortalidade das fortunas que a natureza outorga e o imperialismo usurpa. A chuva que irriga os centros do poder imperialista afoga os vastos subúrbios do sistema. Do mesmo modo, e simetricamente, o bem-estar de nossas classes dominantes – dominantes para dentro, dominados para fora – é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de bestas de carga"

CARTA DE DESPEDIDA DE GABRIEL GARCIA MARQUEZ (GABO)

CARTA DE DESPEDIDA DE GABRIEL GARCIA MARQUEZ (GABO)

O QUE APRENDI, ANTES DE MORRER...

"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente pensaria tudo o que digo.
...Daria valor às coisas, não pelo o que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e disfrutaria de um bom gelado de chocolate.
...Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida vestiria simplesmente, jorgar-me-ia de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como também a minha alma. Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saisse.
...Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo das suas pétalas.
...Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida!... Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas: amo-te, amo-te. Convenceria cada mulher e cada homem de que são os meus favoritos e viveria apaixonado pelo amor.
...Aos homens, provar-lhes-ia como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
...Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que todos querem viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a rampa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta, com sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do pai, tem-no prisioneiro para sempre. ...Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
...São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, a mim não poderão servir muito, porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer.
Gabriel Garcia Marquez, 06 de Outubro de 2013