Como fazer análise de conjuntura: Conceito e metodologia
Helder Molina.
(Subsídios a partir de Betinho. Herbert de Souza –
Como se faz análise de conjuntura, 1986, Vozes.)
1 – O que é:
A analise de conjuntura nos leva a conhecer e descobrir a realidade de um acontecimento ou de um quadro atual, de uma situação, para que tenhamos condições de interferir no seu processo e transformá- lo.
2 – Como se faz:
Buscando identificar na realidade surgida o que a constitui, quais são os seus ingredientes, os seus atores e os interesses que estão em jogo.
3 – Metodologia para analisar a conjuntura
3.1. Abaixo, estão alguns elementos básicos, metodológicos que devemos observar e que nos darão um caminho para se perceber e melhor analisar a conjuntura:
Vejamos, sucintamente, o que vem a ser cada um destes elementos:
3.2. O que analisar
As categorias são as ferramentas com as quais trabalhamos. São elas:
- Os acontecimentos
Neles estão englobados os fatos e os acontecimentos propriamente ditos. Os fatos são mais corriqueiros, sem maior relevância. Já os acontecimentos contêm, em si, um sentido especial para determinada pessoa, ou grupo, classe e sociedade.
- Os cenários
São os espaço onde os acontecimentos se desenrolam. Estão sempre mudando e isto influi, também, na mudança do processo, pois faz descolar as forças em conflito.
- Os atores
O ator é tudo aquilo que representa determinado papel dentro de um contexto. Não é necessariamente, um individuo, mas pode ser uma classe social, uma categoria. Um ator social representa uma idéia, uma reivindicação ou uma denúncia para determinado grupo, País, ou os representa diretamente.
- A correlação de forças
É a articulação, entre os diversos atores, do seu poder da força política, de decisão, influencia .
Essas relações podem ser de confronto, de coexistência, de cooperação e estão sempre relevando uma relação de força de domínio, igualdade ou de subordinação.
A relação de forças sofre mudanças permanentes.
-A articulação entre estrutura e conjuntura
A conjuntura – dados, acontecimentos, atores – se relaciona com estrutura – a história, o passado, as relações sociais, políticas e econômicas.
Podemos ler a conjuntura de duas formas:
- a partir do ponto de vista do poder dominante (lógica do poder) ou,
- a partir das classes subordinadas, da oposição, dos movimentos populares.
- A estratégia e a tática.
São também elementos importantes na análise de ação dos atores sociais.
3.3 - Capitalismo como sistema mundial
É o pano do fundo do processo econômico, social, e político.
As empresas transnacionais se caracterizam pelo uso de tecnologia mais avançada, pela produção de bens sofisticados e são em escalas de massa e em nível mundial.
A lógica do capital transnacional busca e maximização do uso da ciência, não em atendimento as necessidades da sociedade, mas para ter maior lucro.
O capital mundial (sistema produtiva mundial) não é a soma de corporações, empresas transnacionais do mundo ou do interior dos países, mas é um sistema produtivo articulado em escala mundial sob a liderança de grandes corporações e bancos transnacionais.
Este processo explora o trabalho pelo capital, faz a expropriação dos capitais menores pelos mais fortes, faz com que os Estados nacionais tenham dupla função: transnacional e nacional, centralize o poder estatal no executivo, aprofunda as de legitimidade.
3.4 Poder: sistema político transnacional
O econômico não pode estar separado do político, pois o ato de produzir é político. O capital é uma relação social de produção . Neste sistema do poder político transancionalizado o Estado passa a ser centralizado, desnacionalizado tecnocrático e repressivo.
O Estado é praticamente reduzido ao Poder executivo Federal. Daí o seu controle sobre os meios de comunicação de massa, sendo o monopólio da produção e difusão de informação, fazendo com que milhões de pessoas recebam o pacote de imagens que se pretende passar como realidade inquestionável.
Este sistema faz com que a nação perca sua soberania econômica, política, tecnológica, cultural, militar. Perde-se também a substancial popular, a substancia democrática.
3.5 Formas de Controle
São os mecanismos existentes para manter a estabilidade e a ordem dos regimes.
- coerção econômica (impostos, taxas, salários)
- controle sobre a organização social (legalização dos sindicatos)
- controle de informação (informação submetida à lei de segurança nacional, lei de imprensa, pressões fiscais, financeiras, etc.)
3.6 Estratégias em jogo
A idéia de estratégia serve para identificar as instruções dos grupos e classes socias e tentar descobrir os sentidos mais globais dos acontecimentos e da ação dos diferentes atores.
3.7 Contexto (quadro) atual
Na análise de conjuntura é importante caracterizar as questões centrais e em evidencia na luta social e política de determinado período. Questões sindicatos, nos movimentos sociais, etc.
São as questões que constituem o quadro da atualidade.
3.8 Campos de confronto (disputa)
Eles caracterizam os tipos de oposição e os conflitos entre os diferentes atores. É também de grande importância na análise da correlação de forças, por que o enforque é basicamente o do conflito
Exemplos de campos de confronto:
Estado e Sociedade, partidos políticos, igreja, Movimentos populares, etc.
Doutor em Políticas Públicas e Formação Humana (UERJ); Mestre em Educação (UFF); Licenciado e Bacharel em História (UFF). Trabalho com Assessoria Sindical; Formação Política; Produção de Conteúdos; Planejamento; Gestão; Elaboração e Produção de Cadernos de Formação, Apostilas, Conteúdos Didáticos; Produção e Execução de Cursos, Seminários, Palestras, Aulas, Oficinas; Produção de Projetos Sindicais, professorheldermolina@gmail.com - 21 997694933,Facebook: Helder Molina Molina