quarta-feira, 27 de agosto de 2014

MARINA E AS CONCRETAS AMEAÇAS DE RETROCESSO NOS DIREITOS CONQUISTADOS


Marina ocupa um vácuo político, de coloração difusa, mas hegemonicamente á direita do processo político e ideológico, fortalecida pela demonização da política patrocinada esses anos todos pela mídia privada e monopolista, que odeia a esquerda, e o governo do PT.
Um eventual governo Marina Silva é um enorme risco para o país. Analistas já comparam a Jânio Quadros e Fernando Collor – pelo isolamento, pela falta de estrutura partidária, pela ausência de jogo de cintura para tratar com os políticos e pela falta de um projeto mais amplo de país.
Marina é cercada por grupos absolutamente heterogêneos, onde despontam desde “operadores” de mercado (no pior sentido), como André Lara Rezende, a um certo empresariado industrial paulista mais moderno, os nacionalistas do PSB, e ONGs do setor privado, de boa reputação. Juntos, não formam um projeto. Mais que isso, sobre essa orquestra disforme paira a personalidade de Marina. É imensamente mais teimosa e menos preparada que Dilma.
O crescimento de sua candidatura não se trata de um fogo arisco, como tantos outros da história recente do país. Não sabemos, ainda se essa a onda irá refluir, não se tenha dúvida. Não se sabe apenas se refluirá antes de terminadas as eleições. Mas sua eleição é inegavelmente uma aposta de altíssimo risco.
Depois de junho, há sempre um… agosto. Sim, é como se este agosto de 2014 fosse a continuação inexata e algo surpreendente daquele junho de 2013 – que levou milhares às ruas.
Exatamente aí veio o 13 de agosto. Aécio e sua tentativa de “tucanismo renovado” caíram no avião, com Eduardo. A velha UDN vai embarcar no vôo solo de Marina? Só a Política pode evitar um mergulho que seria não rumo ao desconhecido, mas rumo a uma história que conhecemos tão bem.
Marina é uma ilusória “novidade” política, ela tem mais de 30 anos de vínculos políticos e partidários, inclusive tendo passado por vários partidos e dentro do PT por várias tendências, não sendo uma “neófita” qualquer. Depois de romper com o PV e tentar lançar o seu “não-Partido”, a Rede, Marina, tentou viabilizar sua candidatura presidencial, como se fosse uma ungida das ruas. O episódio de entrada no PSB, a aliança para ser vice de Eduardo Campos, numa coligação cheia de políticos regionais retrógrados, como os Bornhausens, Heráclito Forte, a aliança com Alckmin (PSDB) e Beto Richa (PSDB), claramente não aponta para o “novo”.
A morte trágica de Eduardo Campos, acelerou e aguçou essas contradições A troca de comando da campanha com afastamento de pessoas fiéis a Eduardo Campos e costura de novas alianças internas no PSB, não abalaram a imagem de Marina que não tem “compromisso com os políticos tradicionais”.
Os coordenadores e tutores econômicos de Marina, Eduardo Gianetti e Maria Alice Setúbal (Neca) trataram de dizer ao “Deus Mercado” que o projeto do “Novo” é um conjunto de medidas ultraliberais, com ênfase no BC independente e mais uma vez para qualquer tema, plebiscito, numa indicação de que congresso e negociação política não estarão na ordem do dia. Uma espécie de governo de autocratas, de déspotas esclarecidos, com programa de governo ultraliberal, o que pode efetivamente fazer o Brasil retroceder ao pré-Lula, até pré-FHC, uma aventura à la Collor.
Marina é uma ruptura radical à Direita, o passado de esquerda se perdeu no século passado, resta uma figura mística, de guru oriental, que é bem tutelada por espertos banqueiros e especialistas do mercado financeiro. A ordem cega é a derrota do projeto petista, não importando as consequências sociais e políticas, não há vácuo ou adoção de soluções “mistas” ou de governo com “FHC e Lula”, pois isto não passa de peça de propaganda para enganar os incautos.
A farsa da negação política, não serve nem para o consumo interno, todo e qualquer passo dela é político, a maioria na direção inversa do prometido, pois reforça o pior do cidadão, quando nega a política, acaba dando lugar a todo tipo de charlatão, principalmente os mais conservadores e reacionários, como é o caso dela mesma. Portanto não nos iludamos: de onde nada se espera, nada vem.
É hora de recalibrar o discurso e qualificar o debate, desmitificar a farsa e continuar construindo este duro caminho, que espero, com mais ousadia e menos medo.