segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Formação e ação política coletiva, ferramentas estratégicas para os trabalhadores

Formação e ação política coletiva,
ferramentas estratégicas para os trabalhadores

A formação política se constitui uma das áreas estratégicas do movimento sindical e popular, para disputa de hegemonia contra a ideologia, a política e a economia capitalistas. Disputar hegemonia é disputar projetos de mundo, de Estado, de sociedade e de seres humanos. É verdade que vivemos um tempo complexo, com profundas e aceleradas mudanças.

Na disputa de hegemonia ideológica, política e social, de classe e ação política dos trabalhadores, mais do que nunca os sindicatos precisam investir na formação político-ideológica junto aos dirigentes, militantes, trabalhadores sindicalizados e na sociedade. Os sindicatos devem atuar como educadores coletivos da classe para sua emancipação, e para disputar hegemonia na luta contra o capital e suas ideologias. A crise social e seus elementos sócio-regressivos só aprofundaram as tentações neocorporativas e as práticas burocráticas sob o discurso de sobrevivência e da prática possível diante das dificuldades da ofensiva do capital.

A formação humana, política e ideológica, historicamente, têm tido um papel importante e estratégico na construção coletiva da concepção sindical, de uma cultura de classe e da identidade da classe trabalhadora. Trabalha com o resgate da trajetória dos trabalhadores (as) e do seu papel enquanto agentes de transformação da sociedade. Cria as condições para que esses trabalhadores (as) possam questionar e teorizar a partir da apropriação do seu conhecimento acumulado e de sua própria prática. É um instrumento capaz de, cotidianamente, aumentar o potencial e a qualidade de intervenção do sindicato na sociedade.

O sindicato como elemento de mediação essencial para organização e consciência de classe, tem como uma de suas funções possibilitar aos trabalhadores o pleno desenvolvimento de suas potencialidades, em contraposição a modelos que se centram no discurso do educador sobre o objeto de estudo, com poder de qualificar o conhecimento do educando como certo ou errado.

O saber, coerentes com nossos referenciais de análise, Marxiano, Gramsciano e Freireano, não é entendido como algo estático e acabado que o educador entrega aos educandos; antes, é um direito cuja conquista exige esforço individual e coletivo. O princípio pedagógico subjacente é de que as palavras, conceitos e teorias só constituirão um enriquecimento se forem resultado e prolongamento da nossa experiência e conquista pessoal, incorporados à vida, em todos seus aspectos, dos trabalhadores.

No desejo de contemplar as particularidades de vida e trabalho dos trabalhadores, a formação e a comunicação se defrontam com a variabilidade do mundo do trabalhador. Entendendo que determinados usos linguísticos cristalizam e reafirmam posturas ideológicas que tratam como idêntico o que é plural, deixando passar despercebida a necessidade de intervir com políticas específicas para tratar a diferenciação, a Escola prefere falar não em mundo do trabalho, mas em mundos do trabalho, com o intuito de dar evidência a esse caráter plural das relações de trabalho e das organizações de processos produtivos.

Ao mesmo tempo em que respeita essa diversidade dos mundos do trabalho e dos trabalhadores, procura cultivá-las, convencida de que a diversidade, quando não escamoteia os conflitos, mas os reconhece e os enfrenta, enriquece as partes envolvidas. Por isso, dá destaque a dois temas que perpassam transversalmente seu plano de trabalho, sendo abordados de diferentes maneiras nas atividades de formação. Trata-se das questões de gênero e raça.

O sindicato deve (ou deveria ser, mas nem sempre é) um espaço de formação de mulheres e homens de múltiplas raças e etnias. A questão de gênero não é um problema a ser discutido apenas por mulheres, assim como raça não é questão apenas para negros ou etnias frequente e, muitas vezes, impropriamente denominadas “minoritárias”. Essas são questões que afetam toda a sociedade, e a classe trabalhadora deve formular suas próprias políticas de reconhecimento e valorização positiva da diferenciação e de enfrentamento do preconceito e da opressão.

Assim, o sindicato deve e pensar essas diversas questões, procurando conjugar dialeticamente o individual ao coletivo, o rigor à criatividade, eis o grande desafio que se tem pela frente, na busca de homens e mulheres capazes de intervir numa sociedade dinâmica e conflitiva enquanto indivíduos autônomos unidos por uma mesma vontade política.

Novos e antigos dirigentes devem aprofundar o conhecimento sobre as transformações que estão ocorrendo no mundo do trabalho, as mudanças na economia e na política, o papel das novas tecnologias, a questão do desemprego estrutural, da informalidade que cresce da violência como produto da desigualdade social e da concentração absurda de rendas que existe no mundo hoje, e no Brasil principalmente..

Como a formação e a ação política devem enfrentar questões como racismo, machismo, e outros preconceitos na nossa sociedade e nos sindicatos? Não basta criar secretarias de mulheres e de negros ou antirracismo, a verdade é que o movimento sindical é machista, é racista, isso só se supera com combate político, enfrentando cotidianamente as manifestações, posturas, falas e gestos machistas ou preconceituosos nos sindicatos, nas assembleias, nos locais de trabalho, ajudando a problematizar, discutir e elaborar propostas, mas é preciso que isso se desdobre em outros espaços, como na empresa, no serviço público, na escola, na família, nas relações informais, na comunidade.

Os movimentos antirracistas, anti sexistas e feministas têm crescido em suas influências, muitos sindicatos já criaram secretarias específicas, na CUT os coletivos de mulheres e anti racista sempre tiveram atuações afirmativas, e precisam ser fortalecidos. Os sindicatos devem olhar isso como essencial para construir um projeto de sociedade emancipada, livre, solidária e que respeite a diversidade cultural.

E os sindicatos ainda hoje só olham para os trabalhadores de carteira assinada, com emprego formal. Nas políticas estratégicas para os desempregados, trabalhadores informais, terceirizados, precarizados, e nenhuma intervenção estruturante para a questão do trabalho nas metrópoles. Nossos sindicatos ainda estão presos ao passado fordista, isto é, ao mercado de trabalho das grandes corporações, de endereço determinado. Essa massa de trabalhadores estão buscando formas alternativas de viver e de se organizar politicamente, veja a multidão de camelôs, E a maioria dos desempregados são jovens, são mulheres, moram nas periferias, nas favelas, são exércitos de reserva do narcotráfico.

Precisam dialogar com a juventude trabalhadora, ouvir suas reivindicações, entender sua linguagem, que se expressam nas artes, na musica, nas manifestações culturais, no movimento estudantil, mas principalmente nos movimentos de rebeldia, presente nas comunidades, nas periferias, como Hip Hop, Funk, grafites, esportes. Se os jovens não vêm ao sindicato é porque nossa prática e nossos discursos lhes são estranhos, corporativos, envelhecidos, burocratizados, carrancudos mesmo. Eles vão buscar refúgio em outros lugares, como drogas, seitas evangélicas, torcidas organizadas, etc

A consciência ambiental está crescendo nos movimentos sociais, as lutas pela preservação da água, da natureza, das praias, contra a poluição, os desmatamentos, e destruição da natureza, mas ainda é pouco. O capitalismo é o grande responsável pela destruição da vida, do ecossistema. O capitalismo sobrevive da produção de lucro, da exploração do trabalho humano e da natureza, e para isso ele destrói as forças produtivas. Ele é um destruidor de forças produtivas. Defender a natureza é combater o capitalismo, isso o movimento sindical está começando a compreender.