terça-feira, 1 de março de 2011

Assessoria + Formação + Planejamento + Projetos e Estudos Sindicais

Helder Molina

Assessoria + Formação + Planejamento + Projetos e Estudos Sindicais:

Formação para Sindicatos e Movimentos Populares; Planejamento Estratégico de Gestão; Cursos; Seminários; Palestras; Aulas; Oficinas; Elaboração/Produção de Cadernos e Apostilas e Recursos Didáticos para Formação e Capacitação; Produção de Projetos Sindicais, Pesquisas e Estudos para Educação Popular, Qualificação Profissional e Movimentos Sociais, ONGs e Sindicatos - professorheldermolina@gmail.com, heldermolina@ig.com.br - 21 97694933, 21 25096333

As metamorfoses do capitalismo contemporâneo, o fazer político e o sujeito histórico CUT

As metamorfoses do capitalismo contemporâneo,
o fazer político
e o sujeito histórico CUT

Helder Molina (*)

“Nós somos o que fazemos, e sobretudo aquilo que fazemos para mudar o que somos: Nossa identidade reside na ação e na luta. Por isso, a revelação do que somos implica a denúncia daquilo que nos impede de ser o que podemos ser.” (Eduardo Galeano)
Somos sujeitos históricos, a construção de nossa consciência é resultado de processos sociais e interações culturais. Produzimos e somos produzidos historicamente. Sabemos, a história é produto das contradições sociais, econômicas, políticas e culturais inseridas na vida material.
Portanto, a escolha de um objeto de estudo é resultado de fatores objetivos, colocados pelas necessidades, interesses e demandas acadêmicas e profissionais, mas sobretudo, pelas motivações subjetivas, construídas a partir das experiências vividas e das tomadas de posições ético-políticos diante da realidade que nos cerca.
Um estudo acadêmico, a nosso ver, deve contribuir para transformar concretamente as condições de vida dos trabalhadores – que com sua força de trabalho produzem as riquezas e valores que permitem a existência de uma universidade pública. Nossa pesquisa procurará somar esforços para a luta emancipatória da classe trabalhadora.
Na nossa trajetória, como na história da classe trabalhadora, nas diversas derrotas e fracassos e nas outras tantas vitórias, sempre esteve presente, embora muitas vezes inconsciente, a advertência de Marx,
“Os homens fazem sua própria, mas não a fazem como querem: não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos.
E justamente quando parecem empenhadas em revolucionar-se a sí e às coisas, em criar algo que jamais existiu, precisamente nesses períodos de crise revolucionária, os homens conjuram ansiosamente em seu auxílio os espíritos do passado, tomando-lhes emprestado os nomes, os gritos de guerra e as roupagens, a fim de apresentar-se nessa linguagem emprestada. (Karl Marx, O 18 Brumário de Luis Bonaparte, apud Jacob Gorender, 1988,70).
Essa trajetória ético-política implica na construção deste projeto, que nasce de nossa trajetória de vida, cuja identidade é o movimento sindical, onde tenho referência, militância política, atividade profissional. Meu estudo de mestrado foi sobre os projetos e concepções de educação desenvolvidos pela CUT na década de 1990, década da ofensiva neoliberal no mundo do trabalho, da ofensiva do desemprego e da destruição dos direitos dos trabalhadores.
Trabalho com formação política há mais de 15 anos, no movimento sindical e em movimentos sociais, e em projetos de educação de jovens e adultos trabalhadores, em sindicatos e nos projetos da CUT nacional. Desenvolvo assessorias e consultorias de formação e planejamento
Diferentes análises abordam a crise, ou da perda, de identidade do sindicalismo. A ofensiva neoliberal nos anos 90 e sua lógica destrutiva produziu profundos e extensos estragos nas economias, nas sociedades e principalmente nos movimentos sociais organizados no Brasil e no mundo. Dentre estes, os sindicatos sofreram profundas derrotas. O campo combativo e classista que se forjou na década de 1980.
A CUT não ficou imune a essa ofensiva. A maioria de suas lideranças ficou dividida entre a perplexidade, a resistência fragmentada e a adesão propositiva a alguns pressupostos da nova ideologia
A fundação da CUT Brasil foi produto histórico da luta organizada de um múltiplo e diversificado leque de forças sociais e políticas que resultou num amplo movimento de contestação e combate ao regime militar, suas doutrinas e práticas violentas e autoritárias e pelo resgate do Estado democrático de direito.
A existência da CUT significou, no campo sindical, um rompimento concreto com os limites da estrutura sindical oficial corporativa, e um profundo avanço dos trabalhadores na conquista de direitos humanos, civis e sociais.
Um dos principais obstáculos à consolidação das políticas neoliberais do grande capital internacionalizado no Brasil foi, sem dúvida alguma, a resistência dos trabalhadores, especialmente os setores mais organizados e combativos, com experiências acumuladas de lutas, reunidos em torno da CUT.
Para as classes dominantes, era urgente construir uma ferramenta que fosse instrumento de disputa de hegemonia dentro do próprio mundo do trabalho. Não bastava só atacar os sindicatos e as organizações populares, era necessário disputar no próprio campo.
Diante das metamorfoses contemporâneas do capitalismo complexidade coloca aos sindicatos e à CUT um conjunto de exigências políticas imediatas, propriamente sindicais, combinadas com políticas de cunho estratégico, de macro alcances sócio-econômicos e político-culturais, com relevância e urgência.
As tarefas políticas dessa agenda envolve uma rede de temas, como a organização dos trabalhadores por locais de trabalho, um novo padrão de negociação e contratação coletiva, a constituição da verticalidade da CUT por ramos produtivos e a horizontalidade por temáticas relacionadas ao mundo do trabalho, sociedade e desenvolvimento econômico, social e cultural, tais como a reforma agrária, as reforma tributária e fiscal, políticas sociais concretas e abrangentes no sentido de ampliar o acesso ao saneamento ambiental, saúde, educação, habitação, segurança pública e seguridade social.
Janeiro de 2011
(*) Helder Molina é doutorando em Políticas Públicas e Formação Humana, no Programa de Políticas Publicas e Formação Humana, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; mestre em Educação, pela Universidade Federal Fluminense; historiador, pesquisador e educador sindical.

SINTUF-UFMT: PARTICIPAÇÃO POLÍTICA – SINDICATO – CIDADANIA E DESAFIOS DA CONJUNTURA 2011

Congresso do Sindicato dos Trabalhadores
da Universidade Federal de Mato Grosso

Cuiabá-MT, 26 a 28 de Fevereiro de 2011

PALESTRA: PARTICIPAÇÃO POLÍTICA – SINDICATO – CIDADANIA
E DESAFIOS DA CONJUNTURA 2011

Helder Molina


1 - Onde está o poder? Os(as) trabalhadores(as), o movimento sindical, e os espaços de participação política institucional – Helder Molina

2 – Reflexões sobre a existência dos sindicatos, e sua importância na vida do(a) trabalhador (a)o sindicato: Nossa casa coletiva. Nossa identidade de classe, Nosso instrumento de luta. – Helder Molina

3 – Afirmar o projeto dos trabalhadores e disputar hegemonia: Os trabalhadores e o movimento sindical diante do Governo Dilma – Helder Molina

4 - Conceitos Básicos sobre capital, capitalismo,trabalho, produção, mais valia, classes sociais, luta de classes, movimentos sociais. – Helder Molina

SINDSEP-DF: Movimento Sindical no Brasil: Das origens históricas e ao neoliberalismo C oncepções, organização, e desafios atuais

SINDSEP-DF

Curso de Formação Político-sindical

Movimento Sindical no Brasil:
Das origens históricas e ao neoliberalismo
C oncepções, organização, e desafios atuais

Com Helder Molina
(Historiador/UFF, pós graduado em História do Brasil/UCAM,
mestre em Educação/UFF, doutorando em Políticas Públicas e Formação Humana/UERJ,
pesquisador sindical, assessor de formação.

heldermolina@ig.com.br professorheldermolina@gmail.com
Blog: heldermolina.blogspot.com
Fones: 21 2509 6333 – 21 9769 4933

23, 24 e 25 de Fevereiro de 2011
Brasília - DF

Modo de Produção Capitalista e a Sociedade Capitalista, Classes Sociais e Luta de Classes

• Elementos básicos: O que é o capitalismo, como surgiu, como funciona,
• Estado e a sociedade capitalista, as classes sociais, a ideologia capitalista,
• As ideias de Marx.
• As lógicas da propriedade privada, da acumulação, exploração e lucro.
• A mercadoria. O preço. A mais-valia.
• Os processos de exploração e dominação de classes,
• As lutas e os direitos da classe trabalhadora e organização em sindicatos.

Capitalismo e trabalho no Brasil - século XX

• A escravidão: dominação, resistência e heranças.
• Transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado: projeto de nação.
• Origens da classe trabalhadora brasileira, fim da escravidão, o capitalismo industrial
• A formação do movimento operário e sindical brasileiro,
• Os primeiros anos: a imigração, a cultura operária, as primeiras lutas.
• Origens do sindicalismo: os anarquistas, os anarcossindicalistas; a COB.
• Os comunistas e as heranças da Revolução Russa; o PCB.




Brasil urbano e industrial: Era Vargas, ditadura e redemocratização

• Era Vargas: novo projeto de nação, o estado tutor e desenvolvimentista,
• A CLT e as relações com o sindicalismo livre e a esquerda
• O sindicalismo na Era Vargas, as heranças do Estado Novo na legislação e na estrutura sindical brasileira,
• Industrialização, cidadania e movimentos sociais:
• As lutas camponesas e as organizações operárias e estudantis.
• Os anos de chumbo. Clandestinidade, repressão e sindicalismo tutelado. A luta armada:
• A crise da ditadura e o ascensão dos movimentos sociais urbanos e rurais.
• Lutas democráticas e renascimento do movimento operário.
• Sindicalismo e movimentos sociais na ditadura militar e na transição democrático burguesa.
• Novo sindicalismo, da CUT, transição democrática,
• Novos movimentos sociais, reconstrução do Estado democrático de direitos.

Neoliberalismo: A vingança do capital contra o trabalho.

• A década neoliberal: As políticas e a ideologia neoliberal,
• A reestruturação econômico-produtiva do capital,
• O projeto de mercado máximo e Estado mínimo,
• As privatizações, a vingança do capital contra o trabalho,
• E a resistência dos sindicatos e movimentos sociais a implementação da nova sociabilidade do capital.

A travessia do neoliberalismo à reconstrução do Estado e das políticas públicas e dos direitos sociais.

• Os movimentos sociais e suas relações com o Estado.
• O papel dos sindicatos na atual conjuntura (Governo Lula/Dilma).
• Brasil e América Latina, Hoje.
• O pós neoliberalismo e a crise de hegemonia do capitalismo.
• O que será o futuro? Alternativas ?!

Desafios atuais ao sindicalismo e aos trabalhadores.
• As centrais sindicais: genealogia histórica e organizativa das centrais sindicais.
• A CUT hoje, a estrutura, as concepções.
• Legalização e reconhecimento das centrais.
• Fragmentação do campo combativo. A CTB, Conlutas/Intersindical.

Planejamento Estratégico de Gestão Sindical

SEMINÁRIO DE PLANEJAMENTO
DA DIRETORIA DA ASSEEC
ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DO CEARÁ

Fortaleza – CE

19 de Fevereiro de 2011

Momento 1 – Quem somos?
> Abertura, entrevista em duplas, conhecimento e relacionamento interpessoal

Momento 2 – Onde estamos?
> Breve análise da conjuntura econômica e sócio-política, cenários, correlação de forças, aliados e adversários.

Momento 3 – O que queremos?
> Identificação dos principais problemas, metas e desafios (políticos, organizativos e administrativos)

Momento 4 – O que vamos fazer?
> Definição das principais ações, e suas formas de operacionalização, responsáveis e prazos.

Plano de Ação)
> O que fazer?(Operacionalização)
> Como fazer?(Responsáveis)
> Quem?(Prazos)
> Quando?

FETAMCE - SEMINÁRIOS REGIONAIS DE FORMAÇÃO FEV 2011

FETAMCE
SEMINÁRIOS REGINAIS DE FORMAÇÃO SINDICAL

PARA DIRIGENTES DOS SINDICATOS DOS(AS)
TRABALHADORES (AS) PÚBLICOS MUNICIPAIS

Dia 16/2 - Itapipoca-CE
Dia 17/2 - Iguatú-CE

Concepções, estrutura, gestão e prática do(a) dirigente sindical

1 - Dramatização/Encenação (em grupos) a partir do poema "o sindicato", de Bertold Brecht, problematizando o papel do sindicato, suas tarefas na atualidade, e do(a) dirigente sindical

2 - A concepção sindical CUTista; Origens, princípios, projeto político sindical

3 - A concepção sindical da FETAMCE; Estudando a concepção, a estrutura, o funcionamento, e a ação sindical através do Estatuto e Plano de Ação da FETAMCE

4 - A organização da Base, a negociação coletiva,

5 - A ética do(a) militante, o trabalho coletivo, as relações interpessoais, a prática do(a) dirigente

6- Os desafios do tripé? Planejamento + Formação/Comunicação + Ação Política Sindical

Os(as) trabalhadores(as), o movimento sindical,e os espaços de participação política institucional

Onde está o poder? Os(as) trabalhadores(as), o movimento sindical,e os espaços de participação política institucional

Helder Molina

(Educador sindical, assessor de formação da CUTRJ, assessor em formação política e planejamento institucional, historiador, Mestre em Educação, doutorando em Políticas Públicas)

Uma questão não resolvida, ou mal resolvida, nos movimentos sociais e sindicatos, é a questão do poder. Esse tema tem causado profundos conflitos no debate sindical e popular.
Quais devem ser as relações entre os movimentos sociais populares, partidos políticos, poder público/Estado, e instâncias de participação institucional. Participar? Não participar: Se participar, como. Essas instâncias e espaços são instrumentos privados ou públicos? Servem para os interesses privados e capitalistas? Para a cooptação, acomodação, adaptação, corrupção, traição? Ou podem ser instrumentos de interesses coletivos, públicos, portanto, de mudanças? Transformações? É sobre essa polêmica que este artigo tenta se inserir.
Nos últimos 30 anos, a partir das lutas dos movimentos sociais organizados, e dos setores democráticas da sociedade brasileira. Superamos a ditadura militar e o Estado autoritário, colocamos na agenda política e sócia econômica as reivindicações e concepções dos (as) trabalhadores (as) sobre Estado, políticas públicas, direitos sociais, participação e cidadania.
Nos anos 80, no processo de transição da ditadura para o Estado democrático de direito, os movimentos sociais e suas organizações retomaram a iniciativa política, não só de denúncia e resistência, mas de elaboração e proposição de alternativas. Os (as) trabalhadores (as) ocuparam a cena política e, como produto desses protagonizamos abriram-se os espaços de participação institucional e política na esfera pública,
Portanto, a democracia que se institucional no Brasil, mesmo com todas as dificuldades, lentidão, avanços e recuos, é uma conquista política da classe trabalhadora e do povo. Contra a vontade das classes dominantes, principalmente quanto estas tinham a completa hegemonia (dominância) do aparelho do Estado (Seja união, estados ou municípios).
No início dos anos 90, e por toda a década, sofremos um profundo e organizado ataque das políticas neoliberais, de privatizações das políticas públicas, desmonte do poder e da política, dos orçamentos e recursos destinados aos setores mais pobres da sociedade, de Estado mínimo e mercado máximo, desregulamentação dos direitos trabalhistas, crescimento das terceirizações e das precarizações das relações de trabalho, desemprego, abandono da saúde e educação públicas, crescimento do espaço privado, individualismo, da idéia de cada um por si, da propaganda, da mercadoria, do consumo, e da agressiva tentativa de esvaziamento dos espaços de participação pública, dos movimentos sociais, dos sindicatos.
Os movimentos sociais resistiram, mas a verdade é que aquele vendaval neoliberal que varreu o Brasil, a America Latina e o mundo, nos deixou na defensiva, na resistência, e nas respostas fragmentadas e sem um projeto ou alternativa que dessa unidade e força às diversas lutas dos movimentos sociais.
Nos últimos anos, mesmo ainda sofrendo os estragos provocados pelas políticas de mercado, de privatização e de flexibilização das políticas públicas, dominantes na década de 1990 e inicio dos anos 2000, os movimentos sociais e suar organizações resistiram e combateram na busca da participação política na vida social, de mudanças nas prioridades econômicas, no resgate do papel do Estado e do poder público, na consolidação de canais de interlocução e proposição de projetos e alternativas, na distribuição da renda, na discussão coletiva dos orçamentos públicos, enfim, de institucionalização da democracia, visando melhorar a vida da maioria da população.
Os movimentos sociais sempre tiveram desconfiança do Estado, e, portanto descrentes ou contrários à participação e suas esferas de formulações e decisões. No Brasil, desde a colonização, o Estado sempre foi espaço e instrumento de poder das classes dominantes, das oligarquias, seja no Império, seja na República. No século XX o Estado (há não se em pequenos períodos históricos de participação dos movimentos sociais nos destinos do Estado, como no início dos anos 1960 - governo Goulart - 1961-1964).
Portanto têm razões históricas essa desconfiança e mesmo rejeição ao Estado e suas instâncias. Muitos estudiosos e pensadores, como Marx, afirmam, com certa razão, que o Estado é um aparelho de reprodução da ideologia e dos interesses econômicos e políticos das classes dominantes. O que seria necessária uma ruptura estrutural (desmontando este e construído outro), isto é, derrubar, por abaixo este Estado capitalista, para que ele viesse a atender aos interesses da maioria do povo, que são os (as) trabalhadores (as). Outro, como Althusser, confessa sua completa descrença na transformação do Estado e das ideologias capitalistas que não fosse pela via da ruptura revolucionária.
Com certeza, o Estado que interessa aos trabalhadores só vai surgir se desmontarmos, botarmos abaixo este Estado patrimonialista, privatizado pelas oligarquias econômicas e políticas, um verdadeiro comitê dos negócios dos empresários e suar organizações. O problema é a forma, o processo, o como fazer. Para isso temos que analisar a correlação de forças, a nossa capacitação organizativa e política de enfrentarmos essas tarefas de mudança social e econômica do Estado e da sociedade.
A nosso ver essas rupturas e mudanças econômicas, sociais e políticas não se darão num só golpe, num ataque único e definitivo, como em certos processos revolucionários ao longo da história. Entendemos que a mudança se dará num longo processo de acúmulo de forças e de espaços conquistados, de disputas contra a hegemonia dos empresários, latifundiários e banqueiros, e seus interesses, no Estado e na sociedade. Portanto, têm que ser produto de um processo combinado de lutas, mobilizações e pressões sociais coletivas, dos trabalhadores e suas organizações políticas, dos movimentos sociais diversificados, e de avanços e conquistas dos espaços institucionais, sejam parlamentos, prefeituras, governos estaduais e federal.
A mudança tem que combinar a luta social, luta direta, nas reais, passeatas, mobilizações, greves, marchas e pressões contra os patrões e o Estado, com a luta institucional, na participação eleitoral, com candidatos e programas que defendem os direitos e reivindicações dos (as) trabalhadores (as), sejam para as câmaras municipais de vereadores, assembléias legislativa, câmara e senado federal, seja para as prefeituras, governos estaduais e federal, e com a participação ativa nos conselhos de políticas públicas, nos fóruns de discussão do orçamento e das prioridades políticas de aplicação dos recursos públicos, nas instâncias de proposição e gestão pública.
O Estado (aqui entendido como esfera governamental, portanto), aqui incluídas as prefeituras, e suas políticas devem ser públicas, para responder aos interesses públicos. Desprivatizar o poder, empoderar os movimentos sociais, construir os espaços públicos estatais de participação, eis uma das tarefas dos sindicatos, dos movimentos sociais.
Num país complexo como o nosso, com profundas heranças escravistas, de exclusão dos pobres, marginalização e criminalização dos movimentos sociais, de violência institucional, de silenciamento, esmagamento e agressão aos direitos das mulheres, dos negros e negras, dos índios, dos homossexuais, enfim, marcado pelas injustiças sociais na distribuição da renda e da decisão política, mais do que nunca temos que tomar o Estado e torná-lo realmente poder público, para democratizar a economia, a política e a sociedade.
Tomar o Estado significa retirar das mãos dos interesses privados, patrimonialistas, nepotistas, e trazê-lo para as mãos dos (as), trabalhadores (as), das crianças, dos jovens, dos adultos, enfim, da sociedade que trabalha e produz a riqueza da nação.
Não é possível mudar o mundo sem mudar o poder.
Defender a autonomia dos movimentos sociais significa dotá-los de capacidade política (empedrar) para disputar os espaços da luta social direta, combinada com as lutas institucionais. Ambas são lutas políticas. Portanto, os trabalhadores e as trabalhadores devem participar ativamente da política, pois a política que interessa à classe trabalhadora só poderá ser desenvolvida e conquistada pelas organizações (aqui incluídos os partidos políticos) que estão vinculados aos interesses e lutas concretas da classe.
Mais do que nunca devemos participar da política, a luta sindical tem profundos limites, pois está presa às reivindicações corporativas, econômico-salariais. Na disputa política mais geral, pelos direitos dos (as) trabalhadores (as) são necessárias, fundamentais e não podem ser abandonadas. Mas devem combinar com outras lutas e reivindicações, que são obrigações do Estado (poder público).
Os (as) trabalhadores (as) devem ter seus representantes nos parlamentos e nas prefeituras e governos. Mais que aliados, são seus representantes. Porta vozes de suas bandeiras, reivindicações, projetos e alternativas. Numa democracia representativa, que tem hegemonia das classes dominantes, mais do que nunca devemos ampliar as esferas da participação, da cidadania e da democracia popular. Sim, devemos lutar para construir uma democracia popular, um projeto das maiorias, dos setores populares.
Esses espaços de participação também são espaços de formação política, de desenvolvimento de uma cidadania ativa, consciente, concreta, vinculada aos interesses de classe. Os sindicatos negligenciam os fóruns e conselhos de participação, ainda desconfiados sobre sua eficácia e capacidade de resolver problemas concretos da população. È a desconfiança de que falamos anteriormente.

Centenas de conselhos, espaços, fóruns e instâncias institucionais, políticas, governamentais, que discutem o orçamento público, que definem onde aplicar os recursos advindos dos impostos cobrados, em sua maioria, dos (as) trabalhadores (as), está ocupado apenas pelos empresários e pelos burocratas estatais. Estes, com certeza, discutem e aprovam nesses espaços os seus interesses particulares, as suas prioridades, silenciando a voz dos mais pobres, calando as reivindicações dos movimentos sociais.
Pela ausência dos movimentos sociais (aqui incluídos os sindicatos), acontecem os desvios de verbas públicas, a corrupção, o roubo desenfreado da riqueza produzida pelo trabalho dos (as) trabalhadores (as). Quando os (as) trabalhadores (as) ficam de costas, às escondidas se praticam o nepotismo, o empreguismo, o leilão do dinheiro público, a privatização, a corrupção, enfim. Pense nisso.
Pense e se mexa. Cidadania ativa, discussão do interesse da cidade, governar os desejos coletivos, eis uma das tarefas fundamentais colocadas aos sindicatos, além do salário e do emprego. Que acha disso?
Isso sim significa República, "res" (coisa) pública, consciência política, agir coletivamente, responder à importância e a centralidade de participação das bases, construir o poder popular de baixo para cima, romper com as velhas estruturas apodrecidas do Estado, do poder público, da política e da economia. Enfim, no concreto significa erguer novas estruturas sociais, consolidando a distribuição da renda, da participação, da democracia.
Os sindicatos, os movimentos sociais, os (as) militantes, atividades, dirigentes, devem pensar nestas questões, mesmo que discordando, mas debatendo, formulando alternativas. Um pé no movimento concreto e nas lutas da classe, outro pé na disputa pelo Estado.
Sem perder a autonomia em relação aos partidos políticos, aos patrões e ao Estado (seja prefeito, governador ou presidente da República). Governos, partidos políticos e movimentos sociais. Cada um destes tem seus papéis diferenciados. Importante não misturar os papéis, pois isto gera, entre outras coisas, crise de identidade, confusão, adaptação, cooptação, burocratização, enfraquecimento, corrupção, enfim sem perder a independência de classe, instrumento fundamental para construção de nossa identidade, nossas lutas e nossas vitórias. Quando Marx diz que emancipação dos (as) trabalhadores (as) será obra dos próprios trabalhadores, cabe perguntar: Como?
Rio de Janeiro, Fevereiro de 2010 Helder Molina