domingo, 9 de janeiro de 2011

Os Trabalhadores e o Movimento Sindical no Governo Dilma

OS TRABALHADORES E O MOVIMENTO SINDICAL DIANTE DO GOVERNO DILMA
Helder Molina (*)

(*)Educador popular, consultor em formação e planejamento sindical, assessor de formação política da CUT-RJ, profesor universitário, mestre em Educação, doutorando em Políticas Públicas e Formação Humana-UERJ


Tempo novo na agenda política dos trabalhadores. Tempo novo, novos desafios, velhos dilemas, novas batalhas. Tomaram posse os novos governadores, os deputados estaduais e federais, e 2/3 dos senadores e o novo governo federal.
A vitória política e eleitoral de Dilma, contra a moral obscurantista, a mentira, a calúnia, o preconceito, o privatismo e a direita, é a vitória de um projeto que defende os interesses da maioria dos trabalhadores, de conteúdo democrático e popular, construído pelos(as) trabalhadores(as) nestes últimos quarenta anos, de resistência e enfrentamento à ditadura militar e o neoliberalismo, sobretudo a afirmação da força política e da consciência ativa de milhões de trabalhadores jovens e adultos, homens e mulheres, na luta pela conquista de direitos, ampliação da democracia, avanço nas políticas sociais. Um governo que terá à frente uma mulher, pela primeira vêz na história brasileira, depois de um operário e sindicalista.

Os trabalhadores e suas organizações sindicais devem apoiar tudo que for positivo, no resgate do papel do Estado, dos serviços públicos, e dos servidores públicos, na manutenção e ampliação dos direitos sociais, econômicos e políticos da classe trabalhadora, como redução da jornada de trabalho, aumento real do salário mínimo e dos aposentados, distribuição de renda, aprofundamento nas políticas sociais de saúde, educação, saneamento, moradia, cultura.
Vamos resistir e lutar contra, nas ruas, contra qualquer ataque aos direitos conquistados, e a redução dos investimentos públicos e privatização do Estado, como querem os empresários e a mídia colonializada e colonialista.

Nesse contexto, nosso lado é o dos trabalhadores. O movimento sindical não pode perder a independência de classe, e a autonomia política, e a liberdade de manifestação e luta. Mesmo sendo um governo aliado dos movimentos sociais, a nossa força está na luta, na mobilização, na organização autônoma, em relação aos governos, ao Estado e aos patrões, sejam eles públicos ou privados.
Vamos continuar mobilizados, organizados, lutando, para fazer o governo avançar à esquerda, e atender aos trabalhadores, não aos empresários e à mídia privatista que criminaliza os movimentos sociais.
Na agenda de luta dos trabalhadores devem constar a reivindicação de importantes reformas. A reforma política, que enfrente a fragmentação política, a corrupção eleitoral, a infidelidade partidária. A reforma tributária, taxando as grandes fortunas e o capital financeiro, e reduzindo os impostos sugados dos trabalhadores a serviço do grande capital.

O governo deve enfrentar o problema da previdência social, punindo os sonegadores, acabando com a corrupção nos pagamentos de benefícios, acabando com o fator previdenciário, e não retirando nenhum direito atual dos aposentados e pensionistas, ao contrário, ampliando esses direitos, e desenvolvendo políticas de geração de empregos formais, particularmente aos jovens, para aumentar a contribuição solidária da previdência.
Os movimentos sociais, particularmente os sindicatos, foram decisivos para a vitória contra o candidato do atraso, do retrocesso, da privatização do Estado e das políticas públicas, e da mídia golpista.
A militância sindical, estudantil, popular, democrática e progressista, sejam nos movimentos sociais ou nas universidades, tomaram nas mãos a campanha de Dilma no segundo turno, e colocaram na pauta dos debates e das ruas a luta contra a privatização, contra a retirada de direitos dos trabalhadores, e principalmente em defesa da democracia, das liberdades públicas e individuais, contra a mentira, a calúnia, o preconceito machista e homofóbico, e contra o projeto da grande mídia de impor sua agenda, sua candidatura e seu projeto de poder.

Estas questões devem pautar a nossa luta, para além do corporativismo, dos salários e do emprego. Ampliar a educação pública, seja nas universidades, com mais recursos e mais vagas, seja nas escolas técnicas e no ensino básico e médio, com mais escolas, mais recursos, mais vagas e com qualidade, para ampliar o direito à educação e ao emprego e renda.

Não reduzir direitos, enfrentar o grande capital, avançar nas políticas estruturais e estruturantes, de distribuição de renda e direitos aos mais pobres, fundamentais nesta vitória da candidatura democrática e popular.
A representação dos trabalhadores aumentou de tamanho e de influência, tanto na Câmara federal quanto no senado, mas só atenderão nossas demandas se fizermos pressão, mobilizarmos, organizarmos ações de rua, de massas.

O governo Dilma será contraditório, um governo de coalizão, que vai da esquerda à direita, passando pelo centro. É produto da correlação de forças políticas e sociais, em disputa no Brasil de hoje.
Qualquer governo está sempre em disputa, o governo Dilma será um governo em disputa, basta ver a ampla coalização formada para elegê-la, uma base formada por partidos ideológicos, programáticos, comprometidos com os trabalhadores, a democracia e a inclusão social, mas também de partidos fisiológicos, pragmáticos, representantes dos intereses dos empresários, e que em alguns momentos e temas serão aliados temporários dos trabalhadores, noutros, serão adversários, inimigos até. Vamos lutar contra esses partidos, essas políticas, que sejam contrários aos direitos e reivindicações do povo trabalhador.
E, sabemos, os governos populares precisam, mais ainda, da pressão das massas, dos trabalhadores organizados, para avançar e garantir seus direitos.

Aprendemos muito nesses anos, afinal de contas, não tem cabimento fugir do jogo, vamos para o jogo, a disputa, o enfrentamento. O governo e o congresso nacional são movidos a pressão, pois há grandes lobbys corporativos dos empresários e dos latifundiários e setores privatistas, que disputam os recursos públicos e evitam avançar os investimentos do Estado para a maioria da população. Vamos para as ruais, fazer mobilizações, greves, enfim, para defender a negociação e o avanço de nossas pautas específicas e gerais. Com Independência política e organizativa, autonomia em relação aos partidos, Estado e patrões, e na luta. Esse é o nosso lado, essa é a nossa história.

Janeiro de 2011

Helder Molina
Educador e consultor sindical, assessor de formação política da CUT-RJ, professor da UERJ, mestre em Educação, doutorando em Políticas Públicas e Formação Humana-UERJ

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