segunda-feira, 22 de junho de 2009

Como se faz Análise de Conjuntura?!

UM MÉTODO PRÁTICO DE FAZER ANÁLISE DE CONJUNTURA COM OS MOVIMENTOS POPULARES:

A REPRESENTAÇÃO DA CONJUNTURA

(Helder Molina)


Nos cursos de formação sobre COMO FAZER ANÁLISE DE CONJUNTURA a metodologia é uma aspecto fundamental. Há metódos...e métodos, e há os que utilizam a AUSÊNCIA DE MÉTODO...como método.

Geralmente o MOVIMENTO SINDICAL faz análise SEM MÉTODOS: Fala-se de tudo, como se fossem frutas cortadas e jogadas num liquidificador....e liga da tomada....e pronto! Uma bela salada de tudo, sem o sabor específico de nada...

Uma forma concreta de se fazer uma análise de conjuntura em reuniões organizadas com os movimentos populares é a de representar a situação através de um exercício de "teatro" realizado pelos próprios participantes.

Este método já foi aplicado em várias reflexões com êxito porque possibilitou uma reflexão coletiva sobre a realidade.

Os passos para se organizar esse tipo de análise seriam os seguintes:

1 - Levantar as grandes questões do momento e listá-las num quadro, com participação de todos.
2 - Identificar e selecionar as forças sociais que estão diretamente envolvidas nestas grandes questões.
3 - Identificar e selecionar os atores (pessoas, lideranças) que representam estas forças sociais.
4 - Escolher entre os participantes as pessoas que irão representar estes atores sociais.
5 - Dispor estas pessoas num palco improvisado e organizar um debate "público e aberto" entre esses atores como se estivessem falando o conjunto do país, debatendo suas idéias e confrontando suas posições.
6 - O debate será livre e sem nenhum tipo de direção e de intervença do plenário. Pode te um tempo de 20 minutos e será interrompido para que logo depois se faça uma avaliação do que "aconteceu" na representação e comparar isso com o que acontece na realidade.

As experiências realizadas com este método foram muiito interessantes tanto pelo que foi produzido como análise coletiva da conjuntura, como pela tomada de consciência dos participantes sobre o seu nível de informação e conhecimento da realidade.

A representação é reveladora também das atitudes básicas que temos sobre as diferentes forças sociais que atuam na luta política e o quanto estamos ou somos influenciados pela informação e ideologia dominantes.

(Ref. Bibliográficas: Herbert de Souza - Como se Faz Análise de Conjuntura)

Veja: Cursos de Formação Política e Sindical

CONTEÚDOS - PROGRAMAS DOS CURSOS DE FORMAÇÃO

@ CURSO DE FORMAÇÃO EM HISTÓRIA DO MOVIMENTO SINDICAL, DAS CENTRAIS SINDICAIS E DAS CONCEPÇÕES POLÍTICO-SINDICAIS NO BRASIL – SÉCULO XX/XXI[
Conteúdos:

1.a. O modo de produção capitalista, a contradição capital-trabalho, preço, lucro, mais valia, trabalho assalariado, divisão social do trabalho, mercadoria, alienação. Surgimento das lutas operárias, das idéias socialistas e dos sindicatos. Burgueses x proletários. Luta de classes. As idéias de Marx e suas contribuições para a luta dos trabalhadores.
1.b. A formação da classe trabalhadora brasileira, a partir do fim da escravidão, do início do capitalismo industrial e do surgimento do trabalho assalariado no Brasil.
2. A contribuição das idéias comunistas, socialistas, trabalhistas e anarquistas na formação do movimento operário e sindical brasileiro,
3. As diferentes centrais sindicais e organizações operárias que existiram, ou que existem, hoje, no Brasil.4
. O sindicalismo na Era Vargas, as heranças do Estado Novo na legislação e na estrutura sindical brasileira.
5. O sindicalismo na Ditadura Militar,
6. O surgimento do novo sindicalismo, da CUT, e os desafios do sindicalismo nos tempos neoliberais. Ideologia e políticas neoliberais, a resistência dos trabalhadores.
7. As centrais sindicais (FS, GGT, CGTB, SDS, CAT, NCS), a CONLUTAS e CTB
8. As concepções sindicais e o sindicalismo diante da conjuntura atual.
9. Sindicalismo, movimentos sociais e governo Lula

@ - CURSO DE LINGUAGEM, CONSTRUÇÃO DE DISCURSO E PRÁTICA DE ORATÓRIA.
Conteúdos:
Teorias e práticas de comunicação oral e/ou escrita para os dirigentes e militantes
Exercícios e Técnicas de discursos, persuasão, retórica, argumentação,
O que dizer, como dizer e para quem dizer.
Meios e contéudos da linguagem
Confecção de panfletos e boletins, utilização de novas tecnologias de informação e formação,
A importância da linguagem.
Glossário básico da linguagem sindical

@ CURSO SOBRE PROCESSOS E ESTRUTURAS DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA DE TRABALHOConteúdos:As estruturas e os processos da negociação coletiva no Brasil.As concepções e as experiências em negociação da CUT e do movimento sindical.A negociação coletivaSimulações do processo de negociação, os caminhos, avanços e recuos da negociação.O que é convenção coletiva, o que é acordo coletivo, o que é dissídio coletivo.

@ - CURSO: COMO FAZER ANÁLISE DE CONJUNTURA.Conteúdos:Identificando e discutindo o que é conjuntura, infraestrutura e superestruturaOs aspectos econômicos, políticos, culturais e sociais que envolvem o contexto em que estamos analisando,As classes sociais, a luta de classes,a correlação de forças, os aliados, os parceiros e os adversáriosOs diferentes movimentos e projetos políticos em disputa na sociedade,O papel das mídias, a coerção e o consenso, os interesses de grupos e frações de classe.Os aspectos locais (internos) e gerais (externos).

@ - CURSO DE FORMAÇÃO EM CONCEPÇÃO, ESTRUTURA E PRÁTICA SINDICAL: O SINDICATO E A ORGANIZAÇÃO POR LOCAL DE TRABALHOConteúdos: O que é sindicato e seu papel na sociedade capitalistaO que é ser dirigente sindical, hoje.O que é luta de classes, como se manifesta hojeA relação sindicato-local de trabalho,A organização sindical de base,As diversas concepções sindicais, hoje:Como diagnosticar os problemas do local de trabalho,Como atuar no sentido de resolve-los, tarefas imediatas,Questões de médio e longo prazo, prazos e responsáveis,A comunicação sindical no local de trabalho, quem resolve,A legislação sindical, CLT, aspectos de saúde, segurança e condições de trabalho.

@ - LEGISLAÇÃO, CONCEPÇÃO E ESTRUTURA SINDICAL E TRABALHISTA E SISTEMA DEMOCRÁTICO DE RELAÇÕES DE TRABALHO (APROFUNDADO) – 24 OU 32 HORAS/AULASConteúdos:Os diferentes projetos de reforma sindical em debate no movimento sindical,As concepções sindicais, a unicidade e a pluralidade,O papel dos sindicatos e das centrais sindicais,A herança da Era Vargas, as mudanças em discussão,A visão dos trabalhadores e a dos empresários,O papel do Estado e da justiça trabalhista.

@ - CURSO DE GESTÃO SINDICAL E PLANEJAMENTO (APROFUNDADO) – 24 OU 32 HORAS/AULAS. (FAZEMOS PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE GESTÃO, PARA ENTIDADES)
Conteúdos
DIAGNÓSTICO:Quem somos (missão, meta)
O que fazemos (mapa das atividades, projetos, frentes de atuação)
Quais recursos temos disponíveisHumanos (nomes, qualificações e funções)
Materiais (equipamentos, estruturas móveis e imóveis)
Financeiros (orçamento, fontes de receitas)
Políticos (governabilidade, decisão, gestão, capacidade de decidir e agir)
ANÁLISE DA CORRELAÇÃO DE FORÇAS (ALIADOS E ADVERSÁRIOS).
Relacionar e analisar detalhadamente adversários e os aliados, parceiros.-CONSTRUÇÃO DE UMA ÁRVORE OU UM MAPA DE OBJETIVOS E PROBLEMAS
Localizar e descrever os problemas que impedem a realização de seus objetivos
Localizar, analisar e estabelecer hierarquicamente seus objetivos, por grau de importância–MAPA OU ARVORE DE AÇÕES ESTRATÉGICAS
Desenhar um mapa ou árvores com as ações consideradas estratégicas, isto é, fundamentais, numa perspectiva de olhar o futuro e agir no presente,–
DESENHAR UM QUADRO DETALHADO DAS AÇÕES (OPERAÇÕES)
Ações de curto prazo, de médio prazo e de longo prazo
Prazos para execução
Responsáveis (quem vai executar ou se responsabilizar por encaminhar a execução)
Supervisão (quem vai garantir que as ações sejam executadas e não caiam no esquecimento)Recursos necessários e disponíveis

Curso: Concepçâo, Estrutura e Prática Sindical

CURSO DE FORMAÇÃO POLÍTICA

MOVIMENTO SINDICAL NO BRASIL:
HISTÓRIA, CONCEPÇÕES, ESTRUTURAS E PRÁTICAS

CURSO BÁSICO – CARGA HORÁRIA 24 HORAS/AULAS (3 DIAS)

(Formador: Helder Molina, historiador, mestre em Educação,
professor da UERJ, assessor de formação da CUT/RJ)

1º DIA

Manha – 9:00 às 12:00

Exposição em Power Point – dialogando e debatendo com os participantes

A SOCIEDADE CAPITALISTA:
· O que é o capitalismo, como surgiu, como funciona,
· O Estado capitalista, as classes sociais, a luta de classes,
· A ideologia capitalista,
· Os processos de exploração e dominação de classes.

BREVE RESGATE DA HISTÓRIA DAS LUTAS DOS TRABALHADORES
E DO MOVIMENTO SINDICAL:
· Como surgiram os sindicatos,
· Qual sua função na sociedade,
· Seu papel na negociação capital X trabalho,
· O que é movimento sindical, as principais concepções,
· As estruturas sindicais no Brasil.

Tarde – 14:00 – 19:00

Exposição em Power Point – dialogando e debatendo com os participantes

ESTRUTURA SINDICAL, HOJE:
A RELAÇÃO SINDICATO-PARTIDOS-ESTADO, AS CENTRAIS SINDICAIS

O surgimento do novo sindicalismo e da CUT.
As 8 centrais sindicais atuais: Origens, concepções ideológicas e propostas políticas: Quem são, o que pensam, quais seus projetos
A CUT, a CTB, a CONLUTAS, a INTERSINDICAL, as outras centrais, as principais correntes, porque existem e como funcionam.

O Reconhecimento e legalização das centrais, a questão do imposto sindical.
Quem são,o que pensam, quais seus projetos, as principais correntes, porque existem e como funcionam, os partidos políticos e suas relações com os movimentos sociais.
A relação Sindicato X Partido X Estado X Governo. Ideologia e políticas neoliberais: Estado mínimo e mercado máximo, e a resistência dos trabalhadores.
A CUT, hoje: Adaptação ou resistência?


2º DIA

Manha – 09:00 – 12:00

CONCEPÇÃO, PRATÍCA E ÉTICA SINDICAL
Texto: Ser dirigente sindical – Reflexões ético – políticas sobre nossas práticas sindicais e posturas humanas.
· A administração sindical, funcionamento da máquina, relação com funcionários do sindicato
O que é ser dirigente sindical.
Os perigos e armadilhas da burocratização e do corporativismo.
A corrupção ideológica e a adaptação do dirigente ou militante sindical à ideologia capitalista.
A questão da ética e a prática, a relação com a máquina e com a base
A relação entre planejamento-formação-ação política.
Um perfil do bom dirigente e militante.
Tarde – 14:00 – 19:00
Exposição em Power Point – Trabalhos em grupos


ANÁLISE DE CONJUNTURA
· Contexto econômico e político atual, a luta de classes, cenários, aliados e adversários,
· Correlação de forças, atores sociais, grupos e classes em disputas, hoje.
· O Estado brasileiro, as reformas e o papel dos movimentos sociais,
· O Governo Lula: Avanços, contradições, correlação de forças, dados, análise do contexto brasileiro, sul americano e mundial.
· Exercícios: Elaborando discursos sobre o Brasil: A conjuntura, a realidade brasileira, as diferentes formas de interpretação, a elaboração de esquemas lógicos de apresentação da realidade
· Debate das dramatizações: Avaliação das análises feitas por cada ator social, suas visões de mundo, suas diferentes leituras.
3º DIA

Manha – 09:00 às 12:30

OFICINA DE CONSTRUÇÃO DE DISCURSO E ORATÓRIA:

ANALISANDO A CONJUNTURA OU CAMPANHA SALARIAL

Construção de argumentos, elaboração de discursos e práticas de oratória:
Apresentação, narração, retórica.
Exercícios de postura corporal, tonalidade de voz, respiração, relação com o público.

Tarde – 14:00 – 18:00
· Exercícios práticos de construção de discurso, oratória, linguagem sindical, voz,
· Como falar em público, congressos, assembleías, debates,
· Mesas de negociação, a partir da análise de conjuntura
· Avaliação
· Agenda de compromisso
· Sugestões de leituras e aprofundamentos
· Encerramento

Curso Básico de Oratória e Linguagem Sindical

CURSO BÁSICO DE LINGUAGEM, CONSTRUÇÃO DE DISCURSO
E PRÁTICA DE ORATÓRIA

(Helder Molina)

Primeiro dia – 06 horas/aulas

· Como falar em publico
· Como ler um discurso
· Ascensão pelo vocabulário
· Falando com as mãos e o corpo
· Os inimigos da voz e como enfrenta-los
· Perdendo o medo de falar em público
· O poder da voz: Retórica, vocabulário e argumentação
· Gestos e posturas na hora de falar em público
· Falar em público, um medo que só é vencido pela persistência

Segundo dia – 06 horas/aulas

· Exercícios e Técnicas de discursos, persuasão, retórica, argumentação,
· Exercícios individuais: O que dizer, como dizer e para quem dizer:
· Simulando assembléias, atos, congressos
· Aprendendo com a prática

Curso de Formação: Estado, Serviço Público e Direitos dos Trabalhadores

Curso de Formação


ESTADO, SERVIÇO PÚBLICO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL
E DIREITOS DOS TRABALHADORES
NO BRASIL

Docente e Orientador:
Professor Helder Molina

Licenciado e Bacharel em História (Universidade Federal Fluminense)
mestre em Educação (Universidade Federal Fluminense-RJ), doutorando em Políticas Públicas e Formação Humana (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), professor da Faculdade de Educação da UERJ,
e educador sindical

PROPOSTA DE PROGRAMA E METODOLOGIA

O curso será desenvolvido em 4 módulos. Será um curso com conteúdo aprofundado, que exigirá leitura, estudo, pesquisa, concentração, produção de textos e resenhas. Um verdadeiro curso de especialização, sobre temas como

Módulo 1 – 16 horas/aulas
a) - O Estado Brasileiro: Formação histórica, transformações e atualidade;
b) - O Serviço Público e Trabalhador do Serviço Público no Brasil,

Módulo 2 – 16 horas/aulas
a) As Transformações no mundo do trabalho e na economia capitalista
b) Democracia e desenvolvimento social e políticas públicas, no Brasil: O papel e as propostas dos movimentos sociais

Módulo 3 – 16 horas/aulas
a) História do Movimento Sindical no Brasil
b) Concepções, Estruturas e Práticas Sindicais
c) Organização e representação sindical de base
d) Organização e gestão sindical.

Módulo 4 – 16 horas aulas
a) Contratação e negociação coletiva de trabalho no serviço público federal.

Pesquisa e trabalho de conclusão de curso – 26 horas/aulas.

Carga horária: Aulas: 64 horas. Pesquisa e Trabalho Final: 26 horas. Total: 90 horas/aulas

Cada módulo com 16 horas/aulas, de 2 dias cada, somando ao todo 64 horas/aulas, em 8 dias, ao longo de 4 meses. O trabalho de conclusão do curso (com pesquisa de campo e atividades práticas) terá duração de 26 horas/aulas.

A metodologia abordará

a) Aulas teórico-expositivas

b) Leituras e estudos de textos, de uma bibliografia com autores e estudiosos (tanto das universidades quanto dos sindicatos e movimentos sociais), selecionados a partir de uma visão crítica e comprometido com os direitos dos trabalhadores e com a construção da cidadania e da democracia no Brasil.

c) Exibição e debates de filmes sobre os temas

d) Depoimentos de convidados e trocas de experiências

e) Produção de textos

e) Pesquisas de campo e atividades práticas dos participantes

Nos intermódulos (intervalos entre módulos), realizaremos:

a) Atividades de leituras programadas,
b) Pesquisas de campo,
c) Produção de textos,
d) Atividades práticas

No final do percurso (4 módulos) todos receberão certificado de conclusão do, e deverão entregar um pequeno trabalho de conclusão do curso.
Sabemos que muitos(as) gostariam de fazer o curso, mas, para garantir a formação com qualidade, com metodologia criativa, didática participativa, tempo apropriado e conteúdo aprofundado, com estudo, debates e exercícios práticos, de uma boa, precisamos de um grupo menor, de no máximo 60 participantes.

Helder Molina – 21 2509 6333 – 21 97694933, heldermolina@ig.com.br

TRADUZIR-SE, POESIA DE FERREIRA GULLAR

(Poesia numa hora dessa...?!)

Traduzir-se
Fagner/Ferreira Gullar

Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém....... Fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão.....
Uma parte de mim, pesa, pondera
Outra parte, delira.....
Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta.....Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente.....Uma parte de mim é só vertigem.....Outra parte, linguagem
Traduzir uma parte noutra parte
Que é uma questão de vida ou morte.....
Será arte?
Será arte?

quarta-feira, 10 de junho de 2009

CURSO PARA SINDICATO DOS SERVIDORES DA UNIVERSIDADE DE PELOTAS-RS

Entrevista com Helder Molina* - ASSUFPEL - Associação dos Servidores da UFPEL (RS)


* Helder Molina é historiador, educador sindical, professor da Faculdade de Educação da UERJ, assessor de formação da CUT/RJ e do SINDPDRJ, e esteve na ASUFPel, ministrando curso de formação sindical, nos dias 24, 25 e 26 de abril. A entrevista abaixo foi feita nessa oportunidade.

ASUFPel - Qual o tema e o foco central do curso de formação sindical e resumo das questões abordadas?

Helder Molina - Abordamos a História das lutas dos trabalhadores, o início da organização do movimento sindical na Europa, EUA e no Brasil, no contexto da industrialização capitalista. E as origens da classe trabalhadora no Brasil, as concepções, idéias que fundaram o sindicalismo brasileiro. A estrutura sindical brasileira, desde o período Vargas, até a ditadura militar, e o chamado novo sincialismo, na década de 1980. Conhecemos e discutimos a resistência dos sindicatos e dos trabalhdores ao neoliberalismo, privatizações e polítcas de estado mínimo, da década de 1990.
Discutimos também a prática do militante sindical, a ética e as relações sindicais atuais, e os desafios do sindicalismo diante da crise econômica, e na garantia e defesa dos direitos do trabalhdores, na atual conjuntura. Principalmente discutimos o próximo congresso da Fasubra e da CUT. A história e a importância da CUT, a maior e mais representativa central sindical brasileira, maior da América Latina, tercerira maior do mundo. O fortalecimento da identidade cutista, e a defesa da concepção sindical como estratégica para o avanço das lutas e conquistas dos trabalhadores brasileiros, e o avanço das conquista democráticas e sociais, que teve decisiva e combativa participação da CUT.

A- Qual a importância do curso para a ASUFPEl e para os servidores?

HM - Este curso é muito importante para os servidores das universidades federais, pois estamos próximos do congresso da FASUBRA, onde será eleita nova diração, e reafirmada a filiação da federação à Central Única dos Trabalhadores. Além de ser fundamental para renovação de lideranças, formação de novos quadros que vão dirigir o sindicatos nos próximos anos. Serviu como momento de integração, de trocas de experiência, de conhecimento e debate coletivo, e de confraternização entre os militantes. Um curso que teve a pluralidade de idéias, o respeito às diferentes opiniões, e o fortalecimento dos çaõs de solidariedade coletiva.
Teve participação atenta, construtiva e interessada de todos os participantes. Inclusive de outros sindicatos da região de Pelotas

A - Quais expectativas para o futuro?

HM - O sindicato deve continuar investindo em formação. Formação é fundamental para renovar, conscientizar, criar identidade política e fortalecer as esperanças nas lutas e nas conquistas. Por tudo isso, a formação tem que continuar, com outros temas.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

LEON TROTSKY ESCREVE SOBRE AS TENTAÇÕES DO ESQUERDISMO

As tentações do esquerdismo: concepções doutrinárias, táticas ultimatistas, e relações políticas sectárias

“Seria absurdo negar a existência de tendências sectárias em nosso seio. As discussões e cisões as colocaram a nu. Como poderia deixar de haver um elemento de sectarismo em um movimento ideológico irreconciliavelmente oposto a todas as organizações dominantes na classe operária, submetido a perseguições monstruosas? (...)

Ainda que nomeie Marx em cada frase, o sectário é a negação direta do materialismo dialético, que sempre toma a experiência como ponto de partida (...)
O sectário não compreende a ação e reação dialética entre um programa acabado e a luta viva – isto é imperfeita e não acabada – das massas (...)O sectário vive em um mundo de fórmulas pre-fabricadas.”

Leon Trotsky ( In: Sectarismo, Centrismo e a Quarta Internacional, in Escritos, Tomo VII, Volume 1, Bogotá, Pluma)

A Crise da Extrema Esquerda

A crise da extrema esquerda

(Por Emir Sader (Sociólogio, professor da UERJ)
postado no blog do EMIR site Carta Maior

Os resultados das eleições municipais vieram corroborar o que o cenário político nacional já permitia ver: o esgotamento do impulso da extrema esquerda, que tinha sido relançada no começo do governo Lula.

A votação em torno de 1% de dois dos seus três parlamentares, candidatos a prefeito em São Paulo e no Rio de Janeiro, com votações significativamente menores do que as que tiveram como candidatos a deputados, sem falar na diferença colossal em relação à candidata à presidência, apenas dois anos antes – são a expressão eleitoral, quantitativa, que se estendeu por praticamente todo o país, do esgotamento prematuro de um projeto que se iniciou com uma lógica clara, mas esbarrou cedo em limitações que o levam a um beco difícil, se não houver mudança de rota.

A Carta aos Brasileiros, anunciando que o novo governo não iria romper nenhum compromisso – nesse caso, com o capital financeiro, para bloquear o ataque especulativo, medido pelo “risco Lula” -, a nomeação de Meirelles para o Banco Central e a reforma da previdência como primeira do governo – desenharam o quadro de decepção com o governo Lula, que levaria à saída do PT de setores de esquerda.

A orientação assumida pelo governo inicialmente, em que a presença hegemônica de Palocci fazia primar os elementos de continuidade com o governo FHC sobre os de mudança – estes recluídos basicamente na política externa diferenciada e em setores localizados – e a reiteração de um governo estritamente neoliberal davam uma imagem de um governo que era considerado pelos que abandonavam o PT, como irreversivelmente perdido para a esquerda.

O dilema para a esquerda era seguir a luta por um governo anti-neoliberal dentro do PT e do governo ou sair para reagrupar forças e projetar a formação de uma nova agrupação. Naquele momento se cogitou a constituição de um núcleo socialista, dos que permaneciam e dos que saíam do PT, para discutir amplamente os rumos a tomar. Não apenas cabia uma força à esquerda do PT, como se poderia prever que ela seria engrossada por setores amplos, caso a orientação inicial do governo se mantivesse.

Dois fatores vieram a alterar esse quadro. O primeiro, a precipitação na fundação de um novo partido – o Psol -, com o primeiro grupo que saiu do PT – em particular a tendência morenista – passando a controlar as estruturas da nova agremiação. Isto não apenas estreitou organizativamente o novo partido, como o levou a posições de ultra-esquerda, responsáveis pelo seu isolamento e sectarização.

A candidatura presidencial nas eleições de 2006 agregou um outro elemento ao sectarismo, que já levaria a uma posição de eqüidistância em relação ao governo Lula. O raciocínio predominante foi o de que o governo era o melhor administrador do neoliberalismo, porque além de mantê-lo e consolidá-lo, o fazia dividindo e confundindo a esquerda, neutralizando a amplos setores do movimento de massas. Portanto deveria ser derrotado e destruído, para que uma verdadeira esquerda pudesse surgir. O governo Lula e o PT passaram a ser os inimigos fundamentais da nova agrupação.

Esse elemento favoreceu a aliança – já desenhada no Parlamento, mas consolidada na campanha eleitoral – com a direita – tanto com o bloco tucano-pefelista, como com a mídia oligárquica -, na oposição ao governo e à reeleição de Lula. A projeção midiática benevolente da imagem da candidata do Psol lhe permitia ter mais votos do que os do seu partido, mas comprometia a imagem do partido com uma campanha despolitizada e oportunista, em que a caracterização do governo Lula não se diferenciava daquela feita na campanha do “mensalão”.

Como se poderia esperar, apesar de algumas resistências, a posição no segundo turno foi a do voto nulo, isto é, daria igual para o novo partido a vitória do neoliberal duro e puro Alckmin ou de Lula. (Se tornava linha nacional oficial o que já se havia dado nas primeiras eleições em que o Psol participou, as municipais, em que, por exemplo, em Porto Alegre, diante de Raul Pont e Fogaça, no segundo turno, se afirmou que se tratava da nova direita contra a velha direita e se decidiu pelo voto nulo.)

Uma combinação entre sectarismo e oportunismo foi responsável pelo comprometimento da orientação política do novo partido, que o levou a perder a possibilidade de formação de um partido à esquerda do PT, que se aliasse a este nos pontos comuns e lutasse contra nos temas de divergência. O sectarismo levou a que sindicatos saíssem da CUT, sem conseguir se agrupar com outros, enfraquecendo a esquerda da CUT e se dispersando no isolamento. Levou a que os parlamentares do Psol votassem contra o governo em tudo – até mesmo na CPMF – e não apoiassem as políticas corretas do governo – como a política internacional, entre outras.

Esta se dá porque o governo brasileiro tem estreita política de alianças com as principais lideranças de esquerda no continente – como as de Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia -, que apóiam o governo Lula, o que desloca completamente posições de ultra-esquerda – que se reproduzem de forma similar a dessa corrente no Brasil nesses países -, deixando de atuar numa dimensão fundamental para a esquerda – a integração continental.

Por outro, o governo Lula passou a outra etapa, com a saída de vários de seus ministros, principalmente Palocci, conseguindo retomar um ciclo expansivo da economia e desenvolvendo efetivas políticas de distribuição de renda, ao mesmo tempo que recolocava o tema do desenvolvimento como central – deslocando o da estabilidade, central para o governo FHC -, avançando na recomposição do aparelho do Estado, melhorando substancialmente o nível do emprego formal, diminuindo o desemprego, entre outros aspetos.

A caracterização do governo Lula como expressão consolidada do neoliberalismo, um governo cada vez mais afundado no neoliberalismo – reedição de FHC, de Menem, de Carlos Andrés Perez, de Fujimori, de Sanchez de Losada – se chocava com a realidade.

Economistas da extrema esquerda continuaram brigando com a realidade, anunciando catástrofes iminentes, capitulações de toda ordem, tentando resgatar sua equivocada previsão sobre os destinos irreversíveis do governo, tentando reduzir o governo Lula a uma simples continuação do governo FHC, reduzindo as políticas sociais a “assistencialismo”, mas foram sistematicamente desmentidos pela realidade, que levou ao isolamento total dos que pregam essas posições desencontradas com a realidade.

O isolamento dessas posições se refletiu no resultado eleitoral, em que todas as correntes de ultra-esquerda ficaram relegadas à intranscendência política, revelando como estão afastadas da realidade, do sentimento geral do povo, dos problemas que enfrenta o Brasil e a América Latina. As políticas sociais respondem em grande parte pelos 80% de apoio do governo,rejeitado por apenas 8%. Para a direita basta a afirmação do “asisistencialismo” do governo e da desqualificação do povo, que se deixaria corromper por “alguns centavos”, mas a esquerda não pode comprá-la, por reacionária e discriminatória contra os pobres.

Confirmação desse isolamento e de perda de sensibilidade e contato com a realidade é que não se vê nenhum tipo de balanço autocrítico, sequer constatação de derrota da parte da extrema esquerda. Se afirma que se fizeram boas campanhas, não importando os resultados, como se se tratassem de pastores religiosos que pregam no deserto, com a consciência de que representam uma palavra divina, que ainda não foi compreendida pelo povo.

(Marx dizia que a pequena burguesia sofre derrotas acachapantes, mas não se autocrítica, não coloca em questão sua orientação, acredita apenas que o povo ainda não está maduro para sua posições, definidas essencialmente como corretas, porque corresponderiam a textos sagrados da teoria.)

Não fazer um balanço das derrotas, não se dar conta do isolamento em que se encontram, da aliança tácita com a direita e das transformações do governo Lula – junto com as da própria realidade econômica e social do país –, da constatação do caráter contraditório do governo Lula, que não deveria ser se inimigo fundamental revelariam a perda de sensibilidade política, o que poderia significar um caminho sem volta para a extrema esquerda.

Seria uma pena, porque a esquerda brasileira precisa de uma força mais radical, que se alie ao PT nas coincidências e lute nas divergências, compondo um quadro mais amplo e representativo, combinando aliança a autonomia, que faria bem à esquerda e ao Brasil.
(Emir Sader) Helder Molina