SEM ESTUDO CRÍTICO DA REALIDADE, SEM PRÁXIS TRANSFORMADORA, NOSSO DISCURSO, APARENTEMENTE DE ESQUERDA, ESCONDE UM CONSERVADOR NA PRÁTICA.
Por isso continuo insistindo que a luta, por mais justa que seja, sem a presença do estudo crítico da realidade, da reflexão teórica, perde substância, esvazia-se de conteúdo. Sem a formação continuada e permanente, sem a disciplina de nos tornamos intelectuais de nossa classe, caímos num praticismo, num administrativismo, num burocratismo perigoso, acrítico, apolitizado, e nos tornamos escravos do cotidiano. O sindicato, o partido, a política, a militância, enfim, se reduz ao um conjunto de tarefas imediatas, burocráticas, pragmáticas, um faz de conta, sem sentido estratégico, transformador e sem ruptura com o status quo, nos aburguesamos, passamos a freiar os avanços e rupturas, e a ser correias de transmissão da ordem do capital, da lógica capitalismo, do consumo, da oportunidade como estratégia, e de preencher os lugares, como tática e modo de vida. Deixamos de ser de esquerda, embora continuamos a repetir que o somos, da boca prá fora, para manter as aparências. Que acham?
Doutor em Políticas Públicas e Formação Humana (UERJ); Mestre em Educação (UFF); Licenciado e Bacharel em História (UFF). Trabalho com Assessoria Sindical; Formação Política; Produção de Conteúdos; Planejamento; Gestão; Elaboração e Produção de Cadernos de Formação, Apostilas, Conteúdos Didáticos; Produção e Execução de Cursos, Seminários, Palestras, Aulas, Oficinas; Produção de Projetos Sindicais, professorheldermolina@gmail.com - 21 997694933,Facebook: Helder Molina Molina
domingo, 27 de abril de 2014
O RISCO CRESCENTE DE ABURGUESAMENTO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PT
O RISCO CRESCENTE DE ABURGUESAMENTO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PT
Há um perigoso aburguesamento de setores do PT, um processo crescente de adaptação ao status quo do aparelho de Estado e sua lógica de conservação e "engolimento" de virtudes. Isso é produto da institucionalização que todos os partidos enfrentam quando chegam á máquina de governo. Os quadros que assumem cargos nessa máquina tendem a se adaptar à ordem burocrática e à lógica de acomodação de classe. Isso provoca distanciamento entre partido, sua lógica interna, e movimentos sociais, com suas lógicas externas. O que identifico no PT, ou em setores dele, é esse aburguesamento, mas hoje temos governo federal, governos estaduais, prefeituras, bancadas municipais, estaduais e federais de parlamentares, estes são os mesmos quadros que participaram da vida partidária. Aprofunda-se o risco de uma institucionalização da ação política. Em alguns casos, perde-se a relação com os movimentos sociais, da luta de classes. Abandona-se as ruas e suas pulsações de inconformismo e mudança, para a comodidade dos escritórios e salas fechadas, e a tentação de adaptar-se e ao conformismo e conservação. Estamos nessa encruzilhada, os fatos recentes mostram isso, e tende a crescer, se o partido não se revolucionar, e tomar injeção de ideologia, estratégia e ruptura com a ordem. Que acham?
SER DE ESQUERDA? COMO ASSIM?
SER DE ESQUERDA? COMO ASSIM?
(Muitos ex-militantes de esquerda, que se converteram à ordem capitalista e assumiram status de "democratas, institucionalizados, racionais, moderados, ponderados", proclamam que superaram o maniqueísmo esquerda x direita, inadequado a esse mundo e ao tempo presente. Mera retórica para justificar o aburguesamentos de quem, em nome da esquerda, alcançou um estilo de vida à imagem e semelhança dos poderosos da direita: muita mordomia e horror, ao conflito, rupturas, confusões, típicas das ruas, e até ao suor e cheiro do povo,
Aprendi com Frei Beto que ser de esquerda, hoje, é defender os direitos dos mais pobres, condenar a prevalência do capital sobre os direitos humanos, advogar uma sociedade onde haja, estruturalmente, partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano. Portanto, a teoria se conhece pela práxis, diz o marxismo. A práxis, isto é, o que nós fazemos na prática com a teoria que verbalizamos ou lemos, é que nos define se somos de esquerda, ou não. A árvore, pelos frutos, diz uma parábola antiga, e plenamente atual. Que acham
(Muitos ex-militantes de esquerda, que se converteram à ordem capitalista e assumiram status de "democratas, institucionalizados, racionais, moderados, ponderados", proclamam que superaram o maniqueísmo esquerda x direita, inadequado a esse mundo e ao tempo presente. Mera retórica para justificar o aburguesamentos de quem, em nome da esquerda, alcançou um estilo de vida à imagem e semelhança dos poderosos da direita: muita mordomia e horror, ao conflito, rupturas, confusões, típicas das ruas, e até ao suor e cheiro do povo,
Aprendi com Frei Beto que ser de esquerda, hoje, é defender os direitos dos mais pobres, condenar a prevalência do capital sobre os direitos humanos, advogar uma sociedade onde haja, estruturalmente, partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano. Portanto, a teoria se conhece pela práxis, diz o marxismo. A práxis, isto é, o que nós fazemos na prática com a teoria que verbalizamos ou lemos, é que nos define se somos de esquerda, ou não. A árvore, pelos frutos, diz uma parábola antiga, e plenamente atual. Que acham
sexta-feira, 18 de abril de 2014
DO SAQUE COLONIAL, DAS VEIAS ABERTAS E SANGRANDO, A GRANDE PÁTRIA LATINO AMERICANA SE LEVANTA!
DO SAQUE COLONIAL, DAS VEIAS ABERTAS E SANGRANDO, A GRANDE PÁTRIA LATINO AMERICANA SE LEVANTA! (Helder Molina)
Esta semana o Rio foi presenteado com a visita alvissareira de Eduardo Galeano,em contra partida, perdemos Gabo. Dois latino americanos que nos fazem pensar sobre esta parte do mundo, a nossa parte. A primeira década do século XXI trouxe para os holofotes a mudança de prioridades no governo da Bolívia, que nacionalizou os hidrocarbonetos. As mudanças do governo de Evo Morales, o primeiro indígena eleito para a presidência do país, tiveram paralelo, em menor grau, no Equador, com Rafael Correa, na Venezuela, com Hugo Chávez e com a eleição de Fernando Lugo, do Paraguai.
Ao contrário do que a indústria jornalística afirma, esses governos não podem ser estudados sob a luz do populismo, mas devem ser entendidos a partir da leitura de As Veias Abertas da América Latinoa.
Nesta obra essencial é possível entender um processo comum em todos os países latino-americanos: apesar de a origem do colonizador ser espanhola, portuguesa, holandesa, francesa ou inglesa, de haver maior ou menor presença indígena ou negra na população, é que em todas as nações se edificaram sociedades constituídas para servir de alimento, em primeiro lugar, para a acumulação mercantil, depois para as fornalhas da Revolução Industrial Inglesa e agora para o imperialismo (ou neocolonialismo) norte-americano.
Os mais de quinhentos anos de história oficial da América Latina, desde que La Hispañola foi pisada pelas botas de Colombo e Vespúcio, reproduzem o incessante estupro das entranhas ricas, desde a exploração de recursos naturais e minerais (pau-brasil, ouro, prata, estanho) até o consumo das vidas, dos corações e das mentes dos trabalhadores. Nesse cruel e sangrento processo de exploração, levado a cabo com prodígio desde a etapa do saque das riquezas até as variadas formas de apropriação da produção mercantil, formou-se classes dominantes nativas da pior espécie: dominantes para dentro, dominadas para fora. Eduardo Galeano, ao analisar o histórico processo de subalternização da classe dominante latino-americana, diz que “Para os que concebem a História como uma disputa, o atraso e a miséria da América Latina são o resultado de seu fracasso. Perdemos, outros ganharam. Mas acontece que aqueles que ganharam, ganharam graças ao que nós perdemos: a história do subdesenvolvimento da América Latina integra, como já se disse, a história do desenvolvimento do capitalismo mundial. Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória alheia, nossa riqueza gerou sempre a nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros: os impérios e seus agentes nativos. Na alquimia colonial e neo-colonial, o ouro se transformou em sucata e os alimentos se convertem em veneno. Potosí, Zacatecas e Ouro Preto caíram de ponta do cimo dos esplendores dos metais preciosos no fundo buraco dos filões vazios, e a ruína foi o destino do pampa chileno do salitre e da selva amazônica da borracha; o nordeste açucareiro do Brasil, as matas argentinas de quebrachos ou alguns povoados petrolíferos de Maracaibo têm dolorosas razões para crer na mortalidade das fortunas que a natureza outorga e o imperialismo usurpa. A chuva que irriga os centros do poder imperialista afoga os vastos subúrbios do sistema. Do mesmo modo, e simetricamente, o bem-estar de nossas classes dominantes – dominantes para dentro, dominados para fora – é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de bestas de carga"
Esta semana o Rio foi presenteado com a visita alvissareira de Eduardo Galeano,em contra partida, perdemos Gabo. Dois latino americanos que nos fazem pensar sobre esta parte do mundo, a nossa parte. A primeira década do século XXI trouxe para os holofotes a mudança de prioridades no governo da Bolívia, que nacionalizou os hidrocarbonetos. As mudanças do governo de Evo Morales, o primeiro indígena eleito para a presidência do país, tiveram paralelo, em menor grau, no Equador, com Rafael Correa, na Venezuela, com Hugo Chávez e com a eleição de Fernando Lugo, do Paraguai.
Ao contrário do que a indústria jornalística afirma, esses governos não podem ser estudados sob a luz do populismo, mas devem ser entendidos a partir da leitura de As Veias Abertas da América Latinoa.
Nesta obra essencial é possível entender um processo comum em todos os países latino-americanos: apesar de a origem do colonizador ser espanhola, portuguesa, holandesa, francesa ou inglesa, de haver maior ou menor presença indígena ou negra na população, é que em todas as nações se edificaram sociedades constituídas para servir de alimento, em primeiro lugar, para a acumulação mercantil, depois para as fornalhas da Revolução Industrial Inglesa e agora para o imperialismo (ou neocolonialismo) norte-americano.
Os mais de quinhentos anos de história oficial da América Latina, desde que La Hispañola foi pisada pelas botas de Colombo e Vespúcio, reproduzem o incessante estupro das entranhas ricas, desde a exploração de recursos naturais e minerais (pau-brasil, ouro, prata, estanho) até o consumo das vidas, dos corações e das mentes dos trabalhadores. Nesse cruel e sangrento processo de exploração, levado a cabo com prodígio desde a etapa do saque das riquezas até as variadas formas de apropriação da produção mercantil, formou-se classes dominantes nativas da pior espécie: dominantes para dentro, dominadas para fora. Eduardo Galeano, ao analisar o histórico processo de subalternização da classe dominante latino-americana, diz que “Para os que concebem a História como uma disputa, o atraso e a miséria da América Latina são o resultado de seu fracasso. Perdemos, outros ganharam. Mas acontece que aqueles que ganharam, ganharam graças ao que nós perdemos: a história do subdesenvolvimento da América Latina integra, como já se disse, a história do desenvolvimento do capitalismo mundial. Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória alheia, nossa riqueza gerou sempre a nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros: os impérios e seus agentes nativos. Na alquimia colonial e neo-colonial, o ouro se transformou em sucata e os alimentos se convertem em veneno. Potosí, Zacatecas e Ouro Preto caíram de ponta do cimo dos esplendores dos metais preciosos no fundo buraco dos filões vazios, e a ruína foi o destino do pampa chileno do salitre e da selva amazônica da borracha; o nordeste açucareiro do Brasil, as matas argentinas de quebrachos ou alguns povoados petrolíferos de Maracaibo têm dolorosas razões para crer na mortalidade das fortunas que a natureza outorga e o imperialismo usurpa. A chuva que irriga os centros do poder imperialista afoga os vastos subúrbios do sistema. Do mesmo modo, e simetricamente, o bem-estar de nossas classes dominantes – dominantes para dentro, dominados para fora – é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de bestas de carga"
CARTA DE DESPEDIDA DE GABRIEL GARCIA MARQUEZ (GABO)
CARTA DE DESPEDIDA DE GABRIEL GARCIA MARQUEZ (GABO)
O QUE APRENDI, ANTES DE MORRER...
"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente pensaria tudo o que digo.
...Daria valor às coisas, não pelo o que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e disfrutaria de um bom gelado de chocolate.
...Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida vestiria simplesmente, jorgar-me-ia de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como também a minha alma. Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saisse.
...Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo das suas pétalas.
...Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida!... Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas: amo-te, amo-te. Convenceria cada mulher e cada homem de que são os meus favoritos e viveria apaixonado pelo amor.
...Aos homens, provar-lhes-ia como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
...Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que todos querem viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a rampa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta, com sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do pai, tem-no prisioneiro para sempre. ...Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
...São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, a mim não poderão servir muito, porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer.
Gabriel Garcia Marquez, 06 de Outubro de 2013
O QUE APRENDI, ANTES DE MORRER...
"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente pensaria tudo o que digo.
...Daria valor às coisas, não pelo o que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e disfrutaria de um bom gelado de chocolate.
...Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida vestiria simplesmente, jorgar-me-ia de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como também a minha alma. Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saisse.
...Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo das suas pétalas.
...Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida!... Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas: amo-te, amo-te. Convenceria cada mulher e cada homem de que são os meus favoritos e viveria apaixonado pelo amor.
...Aos homens, provar-lhes-ia como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
...Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que todos querem viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a rampa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta, com sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do pai, tem-no prisioneiro para sempre. ...Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
...São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, a mim não poderão servir muito, porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer.
Gabriel Garcia Marquez, 06 de Outubro de 2013
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