domingo, 21 de abril de 2013

Formação política como ferramenta para construir consciência de classe e fortalecer a luta dos trabalhadores

Formação política como ferramenta para construir

consciência de classe e fortalecer a luta dos trabalhadores



Helder Molina

(Professor da Faculdade de Educação da UERJ, e assessor de formação do SINPAF)



Um dos compromissos da atual diretoria do SINPAF foi desenvolver uma programa nacional de formação, que está sendo implementado em todas as regiões do Brasil, formando dirigentes das seções sindicais, militantes e trabalhadores de base.



Com esse curso nacional, buscamos fortalecer a ação sindical nos locais de trabalho, seções sindicais, regionais, e nas diversas áreas de atuação política e sindical, para a disputa de hegemonia na sociedade, na defesa dos direitos dos (as) trabalhadores (as).



Com isso, resgatar e conhecer a história de lutas de nossa classe e de nosso movimento, como instrumento necessário para a identidade e consciência de classe. Discutir e atualizar o debate sobre as concepções e estruturas sindicais da CUT, para compreender o mundo, a realidade social, a luta de classes e busca de uma sociedade democrática e justa. Fortalecer os vínculos orgânicos do SINPAF, com a concepção e princípios sindicais do sindicalismo combativo, autônomo, independente dos patrões, dos governos e dos partidos políticos.



E construir e consolidar os Coletivos Regionais de Formação do SINPAF, como fórum e instrumento de elaboração, gestão e execução da Política de Formação do SINPAF. Possibilitar a construção de espaços de troca e socialização das experiências, desenvolvimento de relações solidárias e fraternas, na construção de um ser humano emancipado, autônomo e sujeito político coletivo.



Utilizamos diversas linguagens, com recursos lúdicos e interativos, como aulas expositivas, estudos de textos básicos sobre os temas, com produção de sínteses e debate, exibições/debates de filmes curtos e documentários políticos e sindicais vinculados aos temas, com recursos fotografias, documentos históricos, músicas, crônicas e poesias, dinâmicas teatrais, como esquetes e encenações, atividades de sociabilização e jogos de integração,



O curso está sendo desenvolvido em formato de módulos, com carga horária de 20 horas/aulas por módulos, sendo 16 horas presenciais, e 4 horas de pesquisa e atividade intermodular, total de 100 horas. Em todas as cinco regiões do pais, módulos articulados, formação continuada, isto é, em sequência, com o mesmo grupo.



Nas regiões norte e sul já completamos o segundo módulo, com participação de cerca de 25 participantes. Na região centro oeste vamos realizar o segundo módulo, e iniciaremos o curso nas regiões nordeste e sudeste ainda neste semestre.



No módulo I o conteúdo aborda a História das Sociedades e dos Modos de Produção, Modo de produção capitalista: as origens históricas e sociais do Capitalismo, As lógicas da propriedade privada, da acumulação, exploração e lucro. A mercadoria. O preço. A mais-valia. As classes sociais. Ideologia e Consciência de Classe e o Tema Transversal: Comunicação.

No módulo II os temas são a CUT: História, Concepções, Princípios e Projeto Sindical, a Liberdade, independência e autonomia sindical, Sinpaf: História, organograma, conquistas e bandeiras de lutaTema Transversal: Saúde do Trabalhador,



Nos módulo 3 e 4 estudaremos as Concepção de Sociedade, Estado e Desenvolvimento, Relação entre Sindicatos, Movimentos Sociais, Governos /Partidos, e o tema Transversal: Saude do Trabalhador, Gestão, Administração e Planejamento Sindical



O SINPAF compreende que a consciência de classe e a participação política dos trabalhadores se constroem nas lutas coletivas, de forma processual, que se afirma em cada greve, cada mobilização, cada combate, nas vitórias e nas derrotas.O sindicato deve lutar pela defesa dos direitos dos trabalhadores. O papel fundamental dos sindicatos é a luta e a negociação, na busca e garantia dos direitos sindicais, políticos, sociais e trabalhistas.



O sindicato deve priorizar a organização nos locais de trabalho, estar sempre junto dos trabalhadores, ouvindo suas reivindicações, escutando suas propostas, buscando politizá-lo, trazer para a luta coletiva. Sozinho ninguém conquista nada. O dirigente e militante sindical deve ser paciente, tolerante, ter argumentos, precisa estudar, conhecer a realidade, discutir conjuntura, entender de economia e de política, pois ele é um formador de opinião, um exemplo para os trabalhadores. A luta prática educa os trabalhadores, no cotidiano dos enfrentamentos com os patrões e os governos, mas precisa estudar, conhecer teoria, aprofundar os conhecimentos, enfim.



Desde o surgimento do capitalismo os trabalhadores lutam para garantir seus direitos. O capitalismo, e o capitalista, vive da exploração dos trabalhadores, a produção dos lucros vem do trabalho não pago aos trabalhadores. O trabalho do trabalhador é que produz as mercadorias, as riquezas, transforma a natureza, mas o nosso trabalho é apropriado, expropriado pelos capitalistas, pelos patrões, e nisso se assenta a exploração, a exclusão social, a miséria. A concentração de renda, a acumulação dos lucros advem dessa exploração e exclusão. Lutamos contra o capitalismo, e buscamos uma economia, Estado e sociedade em que o trabalho humano, e suas riquezas, sejam distribuidos de forma justa e equilibrada, entre os trabalhadores.



A discussão acerca da autonomia e independência sindical; o resgate da credibilidade da base junto a suas lideranças e ferramentas de luta; o exercício do sindicalismo plural; a democratização dos processos de discussão e tomada de decisão; a formação política de nossas lideranças e da própria base e a participação das mulheres na luta sindical constituem-se hoje em pontos importantes para o avanço da nossa prática.



As ameaças e ataques recentes aos direitos trabalhistas e à liberdade sindical, associadas a um crescente processo de cooptação das organizações dos trabalhadores e suas lideranças, são sintomas que justificam claramente a necessidade do debate dessas questões em nosso meio.



A articulação reflexiva sobre nossa prática social e corporativa, juntamente com a análise das políticas públicas para pesquisa e desenvolvimento agropecuário, é um exercício necessário e oportuno para melhor definição de nosso posicionamento político frente às demandas apresentadas ao SINPAF por nossa base e por diversos atores sociais.



Temos sempre como referência as palavras do sociólogo Florestan Fernandes, ao afirmar que a "a luta, por mais justa que seja, sem a presença do estudo crítico da realidade, da reflexão teórica, perde substância, esvazia-se de conteúdo. Sem a formação continuada e permanente, sem a disciplina de nos tornamos intelectuais de nossa classe, caimos num praticismo, num administrativismo, num burocratismo perigoso, acrítico, apolitizado, e nos tornamos escravos do cotidiano. O sindicato se reduz ao um conjunto de tarefas imediatas, pragmáticas, sem sentido estratégico, transformador e sem ruptura com o status quo."





Helder Molina

(Professor da Faculdade de Educação da UERJ, e assessor de formação do SINPAF)

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