sábado, 9 de junho de 2012

As greves dos servidores federais no governo Lula

CUT fez quase o dobro de greves no serviço público federal nos anos Lula do que na era FHC O Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG) do Dieese demonstra que entre 1995 e 2002 foram realizadas 133 greves na esfera pública federal, o que inclui funcionalismo e empresas estatais. Já entre 2003 e 2010, durante os dois mandatos presidenciais de Lula, o número de greves atingiu 248. Como a CUT representa aproximadamente 90% dos trabalhadores públicos federais e dos trabalhadores de estatais, pode-se concluir que a imensa maioria desses movimentos grevistas foi realizada por entidades cutistas. Os números desmentem de vez a tese de que a mobilização da CUT teria arrefecido durante os mandatos de Lula, como tantas vezes as oposições sindicais e parte da imprensa insinuaram. “Sempre afirmamos que o ímpeto mobilizador e reivindicador da CUT estava presente. Sempre soubemos separar o papel que cabe à Central, que é o de pressionar, cobrar e negociar em nome dos interesses da classe trabalhadora, e os papéis de governo e partido”, comenta o presidente da CUT, Artur Henrique. “Porém, com esses números consolidados, acabamos com as especulações de uma vez”, completa. O maior número de greves no setor público federal no período Lula também se explica pelo fato de o País ter vivido um momento de crescimento econômico e de geração de empregos, inclusive no funcionalismo federal, com a abertura de concursos públicos. Num ambiente de crescimento, normalmente os trabalhadores e trabalhadoras organizados aumentam seu poder de negociação. Na era FHC, por outro lado, houve forte retração econômica e o governo tucano utilizou-se de diferentes ferramentas para promover demissões de grevistas e para sufocar mobilizações. Ao mesmo tempo, fechou-se às negociações e promoveu uma onda de terceirizações no serviço público, enquanto as privatizações eliminaram postos de trabalho. “Esse ambiente de arrocho e repressão colocou os trabalhadores numa espécie de trincheira, numa luta de resistência contra o desmonte do mercado e do emprego”, lembra Artur.