sábado, 25 de junho de 2011

Negociação como arte, e como guerra: Conflito, mediação e confronto como processo. Ou a dialética do espelho invertido

Negociação como arte, e como guerra:
Conflito, mediação e confronto como processo.
Ou a dialética do espelho invertido

Helder Molina

(Historiador (UFF), mestre em Educação (UFF), Doutorando em Políticas Públicas e Formação Humana (UERJ), professor da UERJ, pesquisador e educador sindical, assessor de formação da CUTRJ)

A negociação e conquista dos direitos dos trabalhadores contra o capital e os governos, a luta de classes, a permanente batalha das idéias, o confronto cotidiano entre patrões e empregados negociação, as táticas e estratégias que os trabalhadores constroem para atuarem nos cenários da ação sindical, como atores políticos e sociais, são exemplos concretos do que chamamos de A Arte da Guerra.
O terreno da luta de classes, os cenários, verdadeiros campos de batalhas, a análise da correlação de forças, a definição clara de quem são adversários e aliados nesses processos, ver a força e a disposição de luta de seu “exército”, e o deles, eis as condições fundamentais para se encaminhar para uma negociação, mobilização, greve, enfim. Guardadas as devidas proporções, a arte de negociar é uma arte de guerrear.
O capital e o Estado capitalista desenvolve armas potentes para a guerra de classes, entre eles, e contra nós. Márcio Mirando é um consultor empresarial, realiza “treinamentos” aos empresários, técnicos em recursos humanos e relações trabalhistas, o “expertise” da negociação dos patrões contra os trabalhadores, nas questões de direitos trabalhistas e salariais, e nas batalhas dos negócios entre as empresas. Vamos inverter a linguagem, os papéis, os atores, os cenários. Como num espelho invertido, da luta dos trabalhadores e dos sindicatos, contra o capital e seu sistema econômico e social, o capitalismo.
Miranda diz que
“essa relação é tão verdadeira que se estudarmos as principais guerras que aconteceram no passado, a grande maioria delas começou depois de uma negociação em que as partes envolvidas não conseguiram chegar a um acordo. O desentendimento sobre a posse de um determinado objeto de poder tiraram a decisão da mão dos negociadores, levando-a para as mãos dos guerreiros. Essa era a tendência do procedimento — da mesa de negociação para o campo de batalha” (2011)

Sun Tzu, em “A arte da guerra” diz que : “A guerra tem importância crucial para o Estado. É o reino da vida e da morte. Dela depende a conservação ou a ruína do império”.
Aqui substituímos a palavra “guerra” ´por luta de classes, campanha salarial, confronto patrões X empregados. A luta dos trabalhadores (enquanto classe) contra os patrões (Empresas) e governos (Estados).
Sun Tzu diz ainda: “Se quisermos que a glória e o sucesso acompanhem nossas armas, jamais devemos perder de vista os seguintes fatores: a doutrina, o tempo, o espaço, o comando e a disciplina.
Instigante o quadro explicativo construído por Marcio Miranda, que utilizarei literalmente, mas na dialética do espelho invertido, para construir a metodologia deste Curso de Formação em Negociação Coletiva, tomando a metáfora concreta da linguagem militar, para compor o cenário de uma negociação coletiva e conflito de classes. Há que se utilizar os sentidos conotativos e denotativos das palavras e seus significados, para melhor desenvolver os exercícios do curso.
Bom trabalho para nós.
Helder Molina – Janeiro de 2011

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